sexta-feira, 8 de junho de 2012

Acabou-se a brincadeira (2ª parte)

Muitas questões e muitas hipóteses para as seguintes opções:

A) A passagem de Pepe para trinco.

Alguns defendem esta adaptação que foi tentada com Queiroz na selecção e algumas vezes repetida por Mourinho em jogos com elevado grau de dificuldade. Pepe dá um poder de choque notável ao meio campo português. É certo que quando joga a meio campo também se coloca mais a jeito de ser sancionado disciplinarmente e de exagerar na dureza que emprega aos lances. Poderia ser uma solução colocar Pepe para assim libertar mais Meireles e Moutinho para se aproximarem mais à área contrária. Por outro lado seria uma forma de bloquear lançamentos longos para Mario Gomez, podendo Pepe baixar e fazer quase como de 3º central.

Não me parece boa opção, principalmente porque significaria mexer na defesa. Se com Ricardo Carvalho tal poderia não ser tão notado, sem ele, a verdade é que a selecção sem Pepe fica muito fragilizada. Rolando ainda para mais não vem de um grande final de época. Precisamos do melhor Pepe a liderar a defesa.

B) Entrada de Custódio no onze.

Esta era a solução que me parecia ser a mais óbvia quando ouvi a lista de convocados de P. Bento. Faltava um trinco de raíz à selecção. Um trinco mais posicional, capaz de servir de tampão. Um trinco que faça aquillo a que Scolari chamava o “feijão com arroz”. Ou seja, não complicar. Ao invés de um Miguel Veloso preocupado em sair a construit desde trás, teríamos um trinco mais capaz de servir de tampão no meio campo, porventura de até encostar em Ozil tentando limitar-lhe o raio de acção. Ao mesmo tempo é o único jogador do meio campo que tem características de pivô defensivo numa táctica de 3 médios.

M. Veloso é que não pode ser solução. Assim sendo, a escolha por Custódio representaria uma selecção competitiva e a tentar um equílibrio de forças a meio campo e a tentar buscar mais os equilíbrios a meio campo, mais propriamento do que grandes desiquilibrios. Deixando essas acções mais para os 3 da frente.

C) Raul Meireles recuar para a posição 6 e H. Viana entrar no onze.

Devo confessar que esta seria a minha escolha. Seria entre esta e a opção por Custódio. Opção por Custódio, mais conservadora, esta opção mais ambiciosa e talvez mais surpreendente para aquilo que os alemães esperam encontrar. É um facto que M. Veloso como trnco não oferece poder de choque, não recupera muitas bolas e tem pouca intensidade competitiva. Para colocar um jogador a trinco só com a ideia de que ele paute o jogo da equipa desde trás, então por esse prisma, esse trinco construtivo até pode ser H. Viana. Não oferece velocidade nem poder de choque tal como M. Veloso mas é o médio que tem o melhor passe longo no futebol português e o que mais capacidade tem para pautar o jogo da equipa.

Não espero que H. Viana seja colocado a trinco obviamente. O que se poderia recriar era um bocado o cenário que H. Viana conhece no Braga, daí que a sua adaptação ao estilo de jogo da selecção seria possível. R. Meireles desceria para uma posição que lhe é mais do que familiar. Seria um trinco, mas a selecção jogaria com um falso duplo pivô ofensivo. Invertendo assim o seu 1x2 para um 2x1 no meio campo.

Meireles lê muito bem o jogo, sabe-se posicionar bem e cortar muitas linhas de passe. É um facto que a trinco não pode aproveitar a sua boa meia distância nem chegar tão perto da área. Mas verdae seja dita, Meireles faz mais falta na posição 6 à selecção. Não precisamoa tanto de quem crie desequilíbrios à frente, precisamos acima de tudo de equilíbrios atrás para que quem joga no ataque possa arriscar sabendo que tem ali um meio campo que o protege. Meireles jogaria com H. Viana muito próximo dele, para ser o jogador que receberia a bola logo após a recuperação e caberia a H. Viana fazer aquelas aberturs que ele faz tão bem, passes teleguiados de 30 e 40 metros para o espaço, onde se espera que apareçam CR7 e Nani para resolverem.

Portugal poderia assim baixar as linhas, ter um bloco médio baixo, deixar os alemães sentirem que têm o controlo do jogo, mas tendo dois jogadores inteligentes tacticamente como o são Meireles, Moutinho ou H. Viana, a equipa basculharia defensivamente, deixando a Alemanha trocar a bola mas impedindo que entrasse no último terço. Aí sim se pediria concentração total e aproveitar as falhas para que H. Viana fazer aquilo que no futebol americano se denomina de quarterback. O jogador que teria a equipa a protege-lo para que ele tivesse a liberdade, aqueles segundos necessários para levantar a cabeça e colocar a bola a longa distância no trio de ataque e assim semeando a desordem na defensiva alemã sempre que tivessem que reagir à perda da bola.

Será de assumir que a Alemanha venha jogar de peito feito e a querer envolver vários jogadores nas acções ofensivas. Não me parece que eles estejam a contar com um jogador com as características de H. Viana e isso acabaria por confundir os alemães, esse factor surpresa. Esperam um meio campo leve e de toque, e depois encontraria um bloco mais baixo e um jogador capaz de fazer uma transição ofensiva em segundos. Basta-lhe um bom passe para CR7 para poder colocar os alemães em muito maus lençois. Em termos defensivos não seria problema. Lembro que o Braga joga em transições e até com um meio campo mais ofensivo que o da selecção. H. Viana joga próximo do trinco, no final da época Custódio, mas depois tinha um típico 10 com Mossoró que jogava com muito mais liberdade do que jogará Moutinho. Moutinho seria o 3º elemento do meio campo. O jogador capaz de dar aquela raça ao meio campo na disputa da bola, de ganhar faltas a meio campo através da sua capacidade de segurar o jogo e ao mesmo tempo ser o primeiro jogador a sair na pressão ofensiva na primeira fase de construção alemã.

H. Viana daria outra mais valia. As bolas paradas. De todo o grupo é o jogador que melhor marca cantos. Actualmente essa tarefa tem-se dividido entre Moutinho e Meireles. Com H. Viana em campo ele traria outra dificuldade à defesa alemã nas bolas paradas. Para além disso, ele tem também a capacidade de paulitinamente subir no terreno e desferir o seu forte pontapé. Por outro lado trata-se de um esquerdino, o que seria uma alternativa aos Tomahawkes de CR7 sempre que a bola caísse em demasia para o lado direito. Se H. Viana com Lima e Alan na frente fazia com a sua capacidade de passe os estragos que fez esta época, imaginem com jogadores com a velocidade e capacidade técnica de CR7 e Nani…

- Finalmente o ponta de lança.

Outro motivo de preocupação. H. Almeida deu todas as indicações de não ser ponta de lança para ser titular desta equipa. A sua estatura engana um pouco. Cria a falsa ideia de um jogador bom no jogo aéreo, mas na verdade H. Almeida não é um bom cabeceador. Nem sempre a altura significa que um jogador seja bom no jogo aéreo. H. Almeida é algo trapalhão e não define bem. João Pinto por exemplo, era um jogador baixo e no entanto era dos melhores cabeceadores que a selecção nacional já teve. Não é uma questão de altura, é uma questão de qualidade.

A selecção tal como não precisa de um 10 para ter sucesso também não precisa de um ponta de lança goleador. Para os golos temos CR7 e até Nani. Portugal precisa de um ponta de lança que não seja um corpo estranho para a equipa. Quer Nani quer CR7 estão habituados nos seus clubes a pontas de lança que sabem sair da área, vir buscar jogo e que fazem tabelinhas e permitem a entrada de CR7 e de Nani em zonas de finalização. Nani em Manchester tem Rooney para isso, CR7 tem Benzema e Higuain em Madrid.

Na selecção não temos jogadores dessa qualidade. Por isso temos que optar pelo jogador que nos oferece características semelhantes. Das 3 opções o que dá mais garantias é Helder Postiga que ainda por cima fez uma boa época no Saragoça. Postiga pode ter problemas de concentração competitiva em largos momentos do jogo, mas também verdade seja dita é capaz de em momentos de elevada pressão de surpreender tudo e todos. É o ponta de lança que temos que melhor joga de costas voltadas para a baliza e com maior capacidade de vir buscar jogo e de tabelhar com os médios e abrir espaços para a entrada dos extremos em zonas de finalização. H. Almeida seria a pior das soluções. Até o repentismo, irreverência e a capacidade de explosão nas diagonais do jovem Nelson Oliveira seria mais útil.

Outra opção de recurso poderia passar pela passagem de CR7 para o centro do ataque abrindo assim vaga para Quaresma ou Varela numa faixa. Quaresma, CR7 e Nani juntos poderia dar origem a um ataque demasiado anárquico com egos muito inflamados e algo individualista. Tanto poderia resultar num ataque infernal, como num ataque muito macio por cada um tentar resolver o jogo sozinho. Neste contexto a opção por Varela seria mais equilibrada. Um jogador mais capaz de segurar a bola, que tacticamente é mais colectivo nas suas acções e que poderia até, inclusive ser um apoio importante nas missões defensivas. Ainda assim creio que seria pouco benéfico entregar CR7 à marcação e perdermos o nosso melhor jogador, retirando-o do seu habitat natural. Acho que essa opção apenas faria sentido numa situação de vantagem de Portugal e em que queríamos guardar a vantagem e por isso ficaria CR7 mais isolado na frente apenas para colocar a defesa alemã em sentido.

Após esta reflexão táctica do que deveria em meu entender ser a abordagem de Portugal para o jogo com a Alemanha, fica a minha preocupação. Não senti que P. Bento tivesse preparado nenhuma destas opções de forma séria. H. Viana e Custódio por exemplo, pouco jogaram nos dois jogos de preparação. P. Bento ia com a ideia fixa de M. Veloso a trinco e deu a ideia de nem sequer pretender treinar seriamente uma alternativa mesmo vendo que M. Veloso não apresenta condições para ser titular, menos ainda num jogo com as características deste que se avizinha.

Isso sim, foi preocupante. Ver-se P. Bento também mais preocupado em entrar na festa e em deixar todos os jogadores jogar, e até mudar de guarda redes enquanto perdia o jogo de preparação… O 3º golo sofrido pouco ou nada me diz, porque foi após uma série de alterações desnecessárias na defesa com o único pretexto de jogarem todos. O que me preocupou no jogo com a Túrquia não foi o resultado. Foram os comportamentos e um certo reflexo do facilitismo que se promover durante o estágio em Óbido e a ideia de que P. Bento não preparou de facto a selecção para o que vai encontrar com a Alemanha. Só posso acreditar nisso, porque se acreditar que jogarão M. Veloso e H. Almeida então tenho que ficar ainda mais preocupado.

Ainda assim, tenho esperança que P. Bento tal como o Sargentão no seu tempo, tente ainda corrigir a tempo alguns erros. Pena é que não tenha preparado as soluções a esses erros com o tempo que teve disponível no estágio. Parece que foi um estágio para recepções e festas e que a preparação a sério só começa a partir do momento que aterrem na Polónia. Espero que não seja pouco tempo. No mais, é esperar que no campo os nossos jogadores deixem tudo. Que a equipa se una e que faça das fraquezas forças e que eleve bem alto o nome de Portugal e demonstre uma vez mais que é perante os grandes desafios que Portugal demonstra a sua resiliência e que somos capazes de derrubar mesmo gigantes como diz o anúncio.

Acabou-se a brincadeira. Agora é a sério. Vamos a eles! Força Portugal!!!

1 comentário:

Anónimo disse...

Video "Anda comigo ver os Campeões: http://www.youtube.com/watch?v=zvXzQT39pkc