Vamos deter-nos naquela sociedade mais em foco, não só por gerir a modalidade futebol, mas porventura a que maior interesse desperta nos seus associados: a Benfica SAD. Os últimos resultados conhecidos (1 de Julho a 31 de Dezembro de 2009) já depois da chamada “reestruturação financeira” que, não foi mais do que uma troca de participações entre empresas do grupo, apresenta um resultado francamente negativo. A Sad no seu conjunto atinge um Passivo total de 340M€ e, das sociedades que a compõe, é de salientar pela negativa, o Passivo da Benfica Estádio: 168M€. O Sport Lisboa e Benfica/Clube encerra o semestre com um Passivo de 78M€ faltando conhecer, entre outras, as contas da SGPS; da Benfica Comercial; da SLB Comercial e da Parque Benfica.
O consultor especialista em assuntos económicos do desporto, Hélder Varandas, ao comparar as contas dos 3 grandes, considera que, no caso do Benfica, a SAD teve um aumento de capital de cerca de 75M€ para 115M€ mas em espécie, sem entrada de dinheiro fresco, que permita reduzir um passivo que já ultrapassa os 500 milhões de euros para a totalidade do grupo Benfica, segundo foi indicado na última assembleia-geral do clube.
Conhecidas que são as fontes de receita que compõe a rubrica Proveitos (Publicidade e Patrocínios; Transmissões televisivas; Quotizações; Bilheteira; Merchandising e Lugares Cativos) verificamos que, embora tenha havido um ligeiro aumento das Quotizações, dos anunciados 190.000 sócios, verifica-se que 60.000 são correspondentes, ou seja, pagam uma quota reduzida. As outras rubricas não tiverem acréscimos significativos até porque, no caso das transmissões TV, como se sabe os contratos estão feitos até 2013 e na Publicidade o recente contrato com a Sagres vai durar ainda uns largos anos. Ao contrário, foi mesmo salientado por exemplo, no recente prospecto de lançamento do Empréstimo Obrigacionista que, “os custos relativos ao conjunto de jogadores assumem um peso determinante nas contas de exploração da empresa”. A sociedade tem 57 atletas, dos quais 27 fazem parte do chamado plantel e mais 30 estão emprestados”.
Resulta daqui que a Benfica SAD depende da performance nas competições desportivas, da manutenção dos direitos de participação nas provas da UEFA, na cedência dos direitos de transmissão televisivos, dos contratos publicitários e, na eventual venda dos seus efectivos. No Benfica, a reestruturação financeira não teve como objectivo a redução do financiamento mas apenas reforçar a SAD para esta sair da situação de falência técnica. Faria mais sentido uma reestruturação financeira para reduzir o endividamento, que é elevado, e não passar apenas uma série de coisas de um lado para o outro. O Grupo Benfica terá de disponibilizar entre 20 a 25 milhões de euros por ano só para pagamento dos juros da sua dívida e recordo que as taxas de juro poderão começar a subir gradualmente em meados de 2010.
Aparece assim como única solução o recurso à venda dalgum jogador, porventura Di Maria, o mais badalado na Comunicação Social. Curiosamente se formos analisar a produtividade real deste atleta verificamos que nos quase 3 anos que conta ao serviço do Benfica, apenas marcou 14 golos. Claro que, o critério para a avaliação dum jogador, não é apenas o de marcar ou não, muitos golos. Mesmo assim, não acho provável que alguém dê os anunciados 40 milhões por ele. Recordo outros atletas do nosso campeonato que fizeram carreira no estrangeiro na posição de médio/ala, sem atingirem grande notoriedade: Dominguez, Simão Sabrosa, Quaresma, Dani, Sérgio Conceição. Excepções só mesmo para Paulo Futre, Fernando Chalana, Luis Figo, e Cristiano Ronaldo. Comparar Di Maria com algum destes, só mesmo por brincadeira.
Até para a semana
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