domingo, 27 de março de 2011

Pensamentos de um Mito (XXIX) – O Futuro é agora

Como todos os Portugueses, vivo por entre todas as dúvidas que o futuro (extremamente incerto por nublado) acarreta. No entanto, o futuro constrói-se sempre no presente; e se entendemos que algo deve mudar, devemos começar a traçar esse caminho no imediato. E há coisas que têm mesmo de mudar. O Futebol, amigos, é uma paixão. Uma paixão da qual não nos queremos livrar (até porque se quiséssemos talvez não conseguíssemos), mas apenas isso. É comum estabelecer paralelismos entre este desporto maravilhoso e a vida, e isto muitas vezes constitui um exercício de interesse e valor acrescidos, pois a vida é ela própria um jogo; ainda que com uma ressalva: jogar-se com ela é proibido.

Como Portista, fiquei absolutamente revoltado com a reacção do meu clube – pela voz do próprio Presidente – à notícia da agressão de que o Vice-Presidente de um clube rival foi alvo. A pessoa em questão nada me diz, mas atendendo a que por detrás de tudo esteve (tudo indica) uma mera questão clubista, exigia-se uma postura completamente oposta à demonstrada, deixando claro que nos desmarcamos de adeptos que, de tão embrutecidos (o que por sua vez é uma das derradeiras formas de degeneração social), deixaram de o ser. Ao não o fazer, não só passámos uma péssima imagem institucional, como ajudamos a fomentar esta ideia de desresponsabilização, onde “os fins (entenda-se, atacar os nossos rivais) justificam sempre os meios”. Resultado: Destruição do automóvel do Presidente do Sport Lisboa e Benfica, onde só por milagre não foi também o próprio homem. No dia seguinte a este incidente, estava eu num café a ler o jornal, e ouço a conversa entre um Benfiquista e um Portista: “Já viste o estado em que deixaram o automóvel do Vieira? E o susto que o gajo apanhou? O tipo ficou tão pálido que nem o reconhecia” ; “Sim, vi, mas lembra-te que ainda no outro dia vandalizaram uma casa do F.C.Porto…”. Chegados a este ponto da conversa, levantei-me, paguei o café e saí, pois já tinha ouvido que chegasse.

Não me revejo nesta forma de encarar a vida e o desporto; de insulto constante, de violência verbal que já se converteu em física; desta discussão aparentemente insanável, que dura há tanto tempo que nenhum dos lados se consegue recordar quem atirou a 1ª pedra (como se essa fosse a questão), e que já não conseguem viver de outro modo que não seja através do conflito, quais crianças que se pontapeiam mutuamente enquanto gritam em uníssono “Ele também me bateu”. Com 2 diferenças: o que está aqui em causa não é uma rixa entre crianças; e o Futebol apenas pode criar Rivais, nunca Inimigos. Coloquem os olhos no modo como o Real Madrid se solidarizou para com Éric Abidal e, daí sim, retirem exemplo a seguir no futuro.

Os adeptos Sportinguistas acorreram em peso às urnas para eleger o seu novo Presidente. Após tanta descredibilização e tantos passos em falso, espero que o Sporting reencontre o rumo certo e reassuma efectivamente o lugar que lhe corresponde junto de F.C.Porto e Benfica, pois as maiores conquistas serão sempre as que se conseguem junto dos maiores (e mais fortes) adversários, em lutas travadas até ao último suspiro e em que a linha divisória entre a vitória e a derrota é quase inexistente. Isto não é nenhum delírio de contornos literários ou uma visão romantizada do desporto; é um ideal e um princípio! O mesmo princípio que durante décadas norteou e fez a força do Futebol Espanhol, Inglês e Italiano (em particular este último, onde coexistiram Juventus, Milan, Inter, Roma, Lazio, Fiorentina e até o Nápoles de Maradona; equipas capazes de se baterem de igual para igual contra qualquer adversário interno e de tomarem de assalto a Europa do Futebol).

Nós Portugueses possuímos 3 Grandes Clubes, que o são pela enorme massa adepta e estruturas, e um quarto (Braga) que poderá vir a sê-lo…se não tiver pressa de o ser. Com todos estes Clubes na máxima força, a competitividade (e visibilidade) do Campeonato Português aumentaria exponencialmente. Todos teriam de ser mais e melhores, todas as jornadas. F.C.Porto e Benfica já estão neste patamar. Sporting, cá te esperamos!

Saudações Azuis e Brancas.

3 comentários:

Anónimo disse...

Considero muito boa a intenção pedagógica do texto, como paradigma do que deve ser a CULTURA do FCP. Nesse sentido direi que tenho saudades do FUTURO!
No entanto parece-me existir açúcar e mel a mais na estética usada no distintivo vermelhusco.Cuidado com a diabetes!

En Passant!

Pedro Silva disse...

Na minha opinião este é um dos teus melhores textos.

Curto, sucinto e muito claro.

No que diz respeito à questão da "agressão" do Vice Presidente do Benfica apenas deixo a minha estranheza pelo facto deste ter guardado a dita cuja no seu silêncio e ter ido fazer queixas ao Jornal A Bola e não ao Ministério Publico.

Naturalmente que eu repudio por completo qualquer acto violento seja de quem for... Se começarmos a fazer como em Inglaterra no que aos Adeptos violentos dizem respeito acredita que palhaçadas como as que fizeram em Coimbra e em Paços terminam de uma vez por todas.

E não esquecer que o Ministro da Administração Interna esteve muito mal no meio desta confusão toda.

Sobre o Sporting... Parece-me que os tipos nunca mais vão ao sítio. Pelo menos enquanto um tal de Eduardo Barroso continuar por lá a espalhar a confusão que espalhou nestas ultimas eleições que terminaram em pancadaria.

Grande abraço

I disse...

Concordo plenamente com esta mensagem pedagógica e humana.