É seguramente das expressões mais populares no vocabulário futebolístico Português. Várias gerações de adeptos Portistas habituaram-se a catalogar exibições autoritárias da sua equipa desta forma: “Hoje, jogámos à Porto”; e mesmo nos grandes confrontos Europeus, sempre que a equipa se prepara para enfrentar um adversário teoricamente mais forte (e esses são poucos), mais importante que a forma, importa manter a receita: “Joguem à Porto!”.
Qual o significado disto e quais as suas implicações?
Cada clube tem as suas referências culturais e a sua filosofia. Isto não nasce de geração espontânea nem pode ser introduzido como se fosse uma simples peça de um puzzle. É necesario toda uma vivência e habituação a costumes muito próprios, que com o tempo irão moldar aquilo que atribuirá a um clube dimensão que lhe corresponde: A Identidade.
Qual o significado disto e quais as suas implicações?
Cada clube tem as suas referências culturais e a sua filosofia. Isto não nasce de geração espontânea nem pode ser introduzido como se fosse uma simples peça de um puzzle. É necesario toda uma vivência e habituação a costumes muito próprios, que com o tempo irão moldar aquilo que atribuirá a um clube dimensão que lhe corresponde: A Identidade.
Na nossa vizinha Espanha existe um clube no qual muitos adeptos Portistas gostam de se rever: O F.C.Barcelona, explicando que se revêm na sua luta incessante contra o poder central , entronizado na figura do Real Madrid (em Espanha) e no S.L.Benfica.
Ora, devo dizer que eu, Portista ferrenho, também encontro muitas semelhanças entre o meu clube e do gigante da Catalunha, mas devo ressalvar que nenhuma delas está associada a uma qualquer batalha de índole ideológica ou política para com os poderes da capital.
No F.C.Porto, há claramente um antes e um depois da chegada de Jorge Nuno Pinto da Costa e de José Maria Pedroto; no Barcelona, há um antes e um depois de Johan Cruijff. Há diferenças substanciais nos legados que estas personalidades deixaram nos respectivos clubes, mas a sua importância para as ferações vindouras é incomensurável.
Quando em finais da década de 80 assumiu o cargo de Treinador principal do F.C.Barcelona, Cruijff - conhecedor como poucos da realidade do clube - sabia que este padecera sempre do mesmo mal: tendo sido a casa de muitos dos melhores futebolistas de sempre (de Kubala a Schuster, passando pelo próprio Cruijff e por Maradona), o Barcelona nunca havia sido um clube de constância ganhadora (era perfeitamente normal ser campeão 1 ou 2 vezes por década). Ao aplicar neste contexto os princípios do Futebol Total praticado pela Holanda nos anos 70 (e do qual ele foi o maior embaixador) - ou seja, um futebol de toque e de desmarcações constantes; paciente, estético e eficaz em doses iguais – Cruijff dotou o clube de algo que nunca havia tido até então: Uma ideia, um estilo; e criaram-se jogadores-tipo para o interpretarem (Guardiola foi o primeiro, Xavi e Iniesta são seus sucessores). Traçou um rumo a seguir, no qual podem mudar de ano para ano os intérpretes que o estilo permanecerá inalterável. O actual Barcelona Campeão-de-tudo, tal como a Espanha Campeã da Europa (com os pequenos magos Blaugrana ao comando) devem muito ao sábio Holandês.
Da mesma forma, a dupla Pinto da Costa/Pedroto consagrou-se quando o F.C.Porto se deparava com uma travessia do deserto que já durava à um quarto de século sem conseguir o desejado título de Campeão nacional. A equipa contou sempre com jogadores de distinção (Cubillas foi o expoente máximo), mas consta que ao atravessar a ponte a equipa já estava derrotada. Urgia portanto alterar, antes de mais, a mentalidade com que se encarava a competição, e foi precisamente isso que se propuseram a fazer: A verdadeira herança destes tempos revolucionários para o clube (e que acabariam eventualmente por ditar a mudança do eixo do domínio no Futebol Português para o Norte) foi a profissionalização de toda a estrutura do clube, a implementação de uma ética de trabalho exemplar, e a convicção de que só dependeria de si para ser melhor que os outros. Desde então, todos os que quizessem contrariar este domínio aperceberam-se que seria mais fácil fazê-lo fora do que dentro do terreno de jogo, onde o Dragão não dá treguas. Craques como Deco ou Derlei (como antes deles Pavão ou Fernando Gomes) consagraram-se como jogadores à Porto precisamente porque possuíam, para além de todo o seu talento, a mentalidade e espírito de sacrifício necessários para singrar na casa azul e branca.
Lamentava-se Jesualdo Ferreira no final do jogo com a Naval com a partida (para as respectivas selecções) de jogadores como Falcão, Álvaro Pereira e outros recém-chegados ao clube, pois teme que nestas semanas se “desabituem da realidade do que é o Futebol Clube do Porto”. Jesualdo saberá do que fala, pois a sua mentalidade como treinador e a ambição com que encara os jogos também não é a mesma que era quando chegou ao clube e tentava contecer os cantos à casa…
Basta ouvir as palavras de antigos jogadores para se perceber que há algo de diferente neste clube - décadas volvidas, pertencer ao F.C.Porto tornou-se como que um estado de alma. Bruno Alves é o último de uma (já) longa dinastia.
Deste modo, se jogar à Barcelona é fazê-lo usando um estilo de jogo muito próprio, então diria-se que jogar à Porto é jogar de forma autoritária, mostrando quem manda no terreno de jogo, independentemente do treinador que estiver no banco, do estilo de jogo empregue (nas últimas 3 décadas o F.C.Porto já jogou e ganhou de todas as maneiras) e do nome do adversário. Quem se recordar da final da Taça dos Campeões Europeus frente ao Bayern Munique e comparar a diferença de atitude na 2ª parte desse jogo, concordará que, neste clube, só assim é possível ganhar.
Os craques passam, treinadores e dirigentes também. O Clube fica, e a sua Identidade será sempre inegociável .
Da mesma forma, a dupla Pinto da Costa/Pedroto consagrou-se quando o F.C.Porto se deparava com uma travessia do deserto que já durava à um quarto de século sem conseguir o desejado título de Campeão nacional. A equipa contou sempre com jogadores de distinção (Cubillas foi o expoente máximo), mas consta que ao atravessar a ponte a equipa já estava derrotada. Urgia portanto alterar, antes de mais, a mentalidade com que se encarava a competição, e foi precisamente isso que se propuseram a fazer: A verdadeira herança destes tempos revolucionários para o clube (e que acabariam eventualmente por ditar a mudança do eixo do domínio no Futebol Português para o Norte) foi a profissionalização de toda a estrutura do clube, a implementação de uma ética de trabalho exemplar, e a convicção de que só dependeria de si para ser melhor que os outros. Desde então, todos os que quizessem contrariar este domínio aperceberam-se que seria mais fácil fazê-lo fora do que dentro do terreno de jogo, onde o Dragão não dá treguas. Craques como Deco ou Derlei (como antes deles Pavão ou Fernando Gomes) consagraram-se como jogadores à Porto precisamente porque possuíam, para além de todo o seu talento, a mentalidade e espírito de sacrifício necessários para singrar na casa azul e branca.
Lamentava-se Jesualdo Ferreira no final do jogo com a Naval com a partida (para as respectivas selecções) de jogadores como Falcão, Álvaro Pereira e outros recém-chegados ao clube, pois teme que nestas semanas se “desabituem da realidade do que é o Futebol Clube do Porto”. Jesualdo saberá do que fala, pois a sua mentalidade como treinador e a ambição com que encara os jogos também não é a mesma que era quando chegou ao clube e tentava contecer os cantos à casa…
Basta ouvir as palavras de antigos jogadores para se perceber que há algo de diferente neste clube - décadas volvidas, pertencer ao F.C.Porto tornou-se como que um estado de alma. Bruno Alves é o último de uma (já) longa dinastia.
Deste modo, se jogar à Barcelona é fazê-lo usando um estilo de jogo muito próprio, então diria-se que jogar à Porto é jogar de forma autoritária, mostrando quem manda no terreno de jogo, independentemente do treinador que estiver no banco, do estilo de jogo empregue (nas últimas 3 décadas o F.C.Porto já jogou e ganhou de todas as maneiras) e do nome do adversário. Quem se recordar da final da Taça dos Campeões Europeus frente ao Bayern Munique e comparar a diferença de atitude na 2ª parte desse jogo, concordará que, neste clube, só assim é possível ganhar.
Os craques passam, treinadores e dirigentes também. O Clube fica, e a sua Identidade será sempre inegociável .
4 comentários:
Este texto, apesar de curto, reflecte muito bem o que é ser Portista e o que é a Mística Azul e Branca.
Eu digo muitas vezes que os Jogadores passam e o Clube fica, mas não fica só o Clube, fica também uma relação muito especial que qualquer Jogador que passe pelo Dragão não encontra em mais lado nenhum. Isto è a chamada Mística.
A comparação com o Barcelona de Espanha é a mais correcta, pois se há Clube no Mundo que é mais parecido com o FC Porto na sua História e forma de estar no Mundo da Bola é este.
Contudo e pelas razões que tu conheces o Barcelona não é o meu Clube de eleição em Espanha. Mas isto são outras cantigas.
Saudações Portistas!!1
Um OFF Topic: que ninguém se atreva a dizer que o Azenha é melhor do que o Jesualdo... Que tristeza de Treinador que a andar assim vai por o Setúbal nas Distritais.
Mas é bem feito este Azelha do Azenha tenha levado a tareia que levou do Benfica para ver se deixa de se armar em bom.
Saudações Portistas!!!
Não acho que o Barcelona tenha algo a ver com o F. c. Porto a não ser a tal luta contra um clube da capital...
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Vivi em Madrid um ano e reforcei essa convicção. Os adeptos do Barça e a sua forma de pensar nada tem a ver com os portistas.
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Em Espanha também há maior igualdade e há autonomias e não um país centralizado como o nosso. Não há actualmente benefícios ao Real Madrid nem existe imprensa de um país inteiro a apoiá-los como cá.
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Em Espanha a imprensa é mais transparente...Não há records e correios da manhã. Lá a Marca e o As assumem-se pró- Madrid tal como o Sport e Mundo deportivo são pró Barça.
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Não se fazem de imparciais. Quem compra um sabe que verá páginas e ´páginas do Barça outros páginas e páginas do Real.
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E mesmo com uma rivalidade grande,existe mais fair play que em Portugal.Ao ponto do Barça ser campeão ou o Real Madrid ser campeão e terem o tal passillo entre os jogadores a aplaudir os campeões.
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A imprensa de Madrid assumiu a grande equipa do Barça e não tentou encontrar desculpas em árbitros etc...Nem os sistema judicial deles anda a perseguir presidentes.
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Nada a ver por isso.
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Os culés são separatistas.Dizem-se catalães e não espanhois.
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Os portistas não desprezam o seu país...Pelo contrário são até capazes de dizer que historicamente somos mais portugueses que os "mouros" de Lisboa...Isso é uma enorme diferença e que utilizava como exemplo em espanha para explicar diferenças óbvias entre Barça e Porto.
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Depois temos um presidente do Barça que é um político e que se aproveita de um clube para se promover politicamente e promover o separatismo como os gritos Visca Cataluña etc. Ele aproveita-se do clube pa carreira política.
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Ainda para mais quando na selecção espanhola jogam Xavi e Puyol dois catalães de origem e que até são das maiores figuras da selecção espanhola.
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Este ano tal como no ano passado torcerei pelo Real Madrid e não pelo Barcelona.
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A única semelhança entre Porto e Barcelona é de serem clubes de cidades que competem historicamente com o centralismo da capital.Com a diferença que nós não somos separatistas,e em espanha eles têm tudo menos razões de queixa de centralismo,com as autonomias que nós não temos.
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Nem se podem agarrar à idéia de perseguição judicial,policial ou da midia por apoio ao Real Madrid como aqui nos acontece em relação ao Benfica.
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Quanto a Cruyff digo o que lhe disse o Mourinho uma vez antes de um Barça x Chelsea em que como sempre o curyff se armou...
Há quanto tempo não treina o cruyff uma equipa?
Fala fala fala,mas seu dream team foi goleado pelo Milan de Fabio Capello e nunca ganhou uma champions como o Barça de Rijkard ou de Guardiola.
O Cruyff gosta de ter poder no Barça de decisão mas sem provar nada...Ele critica mas treinou para aí uns 3 anos e retirou-se.Também não é presidente,prefere que eles levem com as culpas e ele vai lá ficando a mandar bitaites.
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Aliás sabe-se que Mourinho era querido por grande parte da junta directiva para o Barça e só não foi porque o senhor Cruyff não gostou de ouvir umas verdades dele,e afirmou que se Mourinho fosse treinar o Barça ele ia embora...
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Estamos conversados quanto a Cruyff....Um jogador genial,tal como Platini,mas como dirigente,treinador,conselheiro etc...bem aí já não são tão geniais e deviam saber ficar calados às vezes.
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saduações portistas
Muitas das coisas que fazes referência no teu Comentário eu não sabia Ricardo...
E agora já percebi o porquê de Mourinho nunca ter ido treinar o Barcelona depois de ter sido ali um dos locais onde este aprendeu a ser o Melhor Treinador do Mundo.
Tal como tu, eu também vou torcer pelo Real Madrid... Mas ao contrário de ti o meu Amor pela Dama Branca já vem de longe.
Saudações Portistas!!!
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