Sempre adorei Simbolismos, fosse qual fosse a sua proveniência. O ser humano tem inculcado em si um vício irreprimível de conotar as coisas, associa-las e posteriormente representa-las de algum modo. Uma das representações mais populares no mundo ocidental prende-se com os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, que simbolizariam a Guerra, a Fome, a Peste e, finalmente, a Morte. Temas tão universais que passíveis de serem enquadrados de mil maneiras, até mesmo num desporto como o Futebol. Senão vejamos:
- Fome é o fiel retrato do sentimento que invade um clube quando este deixa de ganhar e a consequência natural dos “anos de seca” - o período durante o qual não se ganham campeonatos. Todos (os que perdem) ralham e ninguém tem razão e basta provarem um pouco do sabor a vitórias para querer mais e mais. Senão repare-se no Benfica, que tivesse ganho ontem em Braga e a onda de entusiasmo que tem crescido desde o início da temporada seria de tal modo ampliada (tal é a fome..) que o Benfica poderia muito bem tentar aproveitar a oportunidade para dizer “adeus” aos rivais. Ganhou o Braga e isolou-se com mérito, mas creio que neste caso é só um “até já”. Não acredito que tenha estômago para mais.
- Peste talvez seja um termo muito forte, mas não há como negar a Praga de lesões que tem assolado o plantel Azul e Branco esta temporada. É irónico que na época em que temos o plantel mais compensado dos últimos anos (e como tal possibilitando a poupança dos melhores jogadores a sobrecargas desnecessárias) seja o ano em que mais nos deparamos com problemas físicos de toda a espécie. Daqui advêm todos os problemas com que o Porto se tem deparado, sendo o principal a impossibilidade de consolidar o melhor Onze (coisa que o Benfica conseguiu fazer desde o primeiro jogo, e os resultados fizeram-se notar). Tivesse Rodriguez (sobretudo este) estado apto desde o início da época e estou certo que não só a adaptação de Falcao teria sido (ainda) melhor como o nosso meio-campo já teria estabilizado à muito. Remendar a equipa de jogo para jogo implica também recomeçar quase tudo de novo, e o maior ou menor atraso em relação aos rivais também se mede pela qualidade da consolidação de processos de jogo.
- Por último, temos a Morte, com a qual, queiramos ou não, convivemos todos os dias da nossa vida. No desporto, porque os seus praticantes são por regra jovens, reveste-se com uma particular aura de tragédia. É terrível como numa era em que as ciências, Medicina incluída, estão tão avançadas, continue a haver no nosso Coração uma espécie de “zona obscura” impossível de examinar. Muitos atletas de alta competição nunca o deveriam ser e ignoram-no por completo.
Para terminar, duas notas:
- Bruno Alves: O Capitão do Porto é o espelho vivo do momento que a equipa atravessa: Mais nervoso (os últimos cartões amarelos comprovam-no) e com a sorte de costas voltadas. O fabuloso cabeceamento que efectuou no final do jogo, tal como o remate de Raul Meireles ao cair do pano, foram jogadas que mereciam outro desfecho. Que eles tenham sido castigados por quererem rematar colocado (ou seja, por quererem fazer as coisas de modo perfeito) tem de ser uma injustiça lesa-futebol.
- Farías: Tem a aura daqueles jogadores que são como eternos mal-amados para os adeptos dos clubes que representam. Injustamente, acho. Chegou ao Porto como o segundo maior goleador Argentino em actividade e olhando para os seus números vemos que ele marca um golo por cada 45m(!) que joga. O problema não será portanto uma questão de eficácia. Mas existe mesmo um problema quando falamos de Farías ou não? Existe…neste Porto de Jesualdo Ferreira. Fora da área, sufoca como um peixe fora de água, emperrando muitas vezes os mecanismos da sua equipa, mas dentro daquele rectângulo é um verdadeiro demónio, capaz de marcar golos de todas as cores. No Porto, ao contrário do que acontece em todos os clubes Argentinos (e mesmo na maioria dos clubes Europeus) ele joga completamente só na frente, obrigando-o a desgastar-se e a passar a maior parte do jogo em zonas recuadas (o que é negar-lhe o seu próprio futebol). Sempre que Falcao entra para se posicionar nas suas costas a música é logo outra. É como se, simultaneamente com o Colombiano, entrasse um novo Farías em Campo…
- O futebol é uma Guerra. Qualquer pessoa minimamente conhecedora do fenómeno desportivo acede que naqueles 90 minutos (mínimo) que dura um jogo assiste-se a uma autêntica batalha Estratégica, Física e Mental que opõe ferozmente dois lados, duas cores, duas crenças que carregam toda a esperança de um povo (massa adepta) que está por detrás, e os Portistas conhecem esta realidade melhor que muitos clubes.
- Fome é o fiel retrato do sentimento que invade um clube quando este deixa de ganhar e a consequência natural dos “anos de seca” - o período durante o qual não se ganham campeonatos. Todos (os que perdem) ralham e ninguém tem razão e basta provarem um pouco do sabor a vitórias para querer mais e mais. Senão repare-se no Benfica, que tivesse ganho ontem em Braga e a onda de entusiasmo que tem crescido desde o início da temporada seria de tal modo ampliada (tal é a fome..) que o Benfica poderia muito bem tentar aproveitar a oportunidade para dizer “adeus” aos rivais. Ganhou o Braga e isolou-se com mérito, mas creio que neste caso é só um “até já”. Não acredito que tenha estômago para mais.
- Peste talvez seja um termo muito forte, mas não há como negar a Praga de lesões que tem assolado o plantel Azul e Branco esta temporada. É irónico que na época em que temos o plantel mais compensado dos últimos anos (e como tal possibilitando a poupança dos melhores jogadores a sobrecargas desnecessárias) seja o ano em que mais nos deparamos com problemas físicos de toda a espécie. Daqui advêm todos os problemas com que o Porto se tem deparado, sendo o principal a impossibilidade de consolidar o melhor Onze (coisa que o Benfica conseguiu fazer desde o primeiro jogo, e os resultados fizeram-se notar). Tivesse Rodriguez (sobretudo este) estado apto desde o início da época e estou certo que não só a adaptação de Falcao teria sido (ainda) melhor como o nosso meio-campo já teria estabilizado à muito. Remendar a equipa de jogo para jogo implica também recomeçar quase tudo de novo, e o maior ou menor atraso em relação aos rivais também se mede pela qualidade da consolidação de processos de jogo.
- Por último, temos a Morte, com a qual, queiramos ou não, convivemos todos os dias da nossa vida. No desporto, porque os seus praticantes são por regra jovens, reveste-se com uma particular aura de tragédia. É terrível como numa era em que as ciências, Medicina incluída, estão tão avançadas, continue a haver no nosso Coração uma espécie de “zona obscura” impossível de examinar. Muitos atletas de alta competição nunca o deveriam ser e ignoram-no por completo.
Para terminar, duas notas:
- Bruno Alves: O Capitão do Porto é o espelho vivo do momento que a equipa atravessa: Mais nervoso (os últimos cartões amarelos comprovam-no) e com a sorte de costas voltadas. O fabuloso cabeceamento que efectuou no final do jogo, tal como o remate de Raul Meireles ao cair do pano, foram jogadas que mereciam outro desfecho. Que eles tenham sido castigados por quererem rematar colocado (ou seja, por quererem fazer as coisas de modo perfeito) tem de ser uma injustiça lesa-futebol.
- Farías: Tem a aura daqueles jogadores que são como eternos mal-amados para os adeptos dos clubes que representam. Injustamente, acho. Chegou ao Porto como o segundo maior goleador Argentino em actividade e olhando para os seus números vemos que ele marca um golo por cada 45m(!) que joga. O problema não será portanto uma questão de eficácia. Mas existe mesmo um problema quando falamos de Farías ou não? Existe…neste Porto de Jesualdo Ferreira. Fora da área, sufoca como um peixe fora de água, emperrando muitas vezes os mecanismos da sua equipa, mas dentro daquele rectângulo é um verdadeiro demónio, capaz de marcar golos de todas as cores. No Porto, ao contrário do que acontece em todos os clubes Argentinos (e mesmo na maioria dos clubes Europeus) ele joga completamente só na frente, obrigando-o a desgastar-se e a passar a maior parte do jogo em zonas recuadas (o que é negar-lhe o seu próprio futebol). Sempre que Falcao entra para se posicionar nas suas costas a música é logo outra. É como se, simultaneamente com o Colombiano, entrasse um novo Farías em Campo…
4 comentários:
Concordo plenamente com o que dizes acerca do rodriguez e junto o meireles que estando em campo está muito abaixo do que vale, estes 2 jogadores tem emperrado o nosso jogo, a nossa defesa tem estado bem tal como o ataque, faltam esses 2 jogadores a jogar a 100% que também vão ajudar a libertar o beluschi.
Quanto a farias , acho que é um profissional impecável daqueles que não se pode apontar nada não reclama não amua, e quando é chamado entra para dar o seu melhor. Confesso que não gosto daquele tipo de avançado gosto mais de avançados com mobilidade e criem mais jogo e não se limitem a finalizar, mas o eu não gostar não tem importancia, o problema é que a nossa equipa não está feita para jogar com um avançado como ele, por isso acho que é um jogador muito bom para entrar em jogos onde estejamos a perder e que a equipa jogue muitas bolas para a area onde ele acaba sempre por agarrar alguma para marcar, mas para começar de inicio só em casos muito específicos e acho impensável entrar com ele para jogar num jogo da champions salvo raras excepções.
Artigo engraçado que foca o que é para mim o maior cancro do Porto neste momento ou seja, as lesões.
O Porto não têm preparador físico, o Jesualdo têm acomulado essa função e os resultados têm sido trágicos ora vejamos :
Varela, a sensação de início de campeonado assim como Beluchi, jogadores que se tornaram rapidamente fundamentais lesionaram-se em TREINO, repito TREINO ! Recuperar Cebola e Meireles para níveis físicos óptimos é mentira, Sapunaru demorou uma eternidade a estar apto e Fucile oscila entre a boa e a má forma. Se reparares são todos jogadores titulares ou com clara possibilidade de o ser. O Porto anda a jogar "remendado" e tudo por preparação física deficiente pois a época aínda agora "começou" e já temos meia equipa no estaleiro.
O impressionante é que são lesões em treino e com uma recuperação deficiente, tudo pela mão do "preparador físico" Jesualdo Ferreira; digo eu, será isto normal ?
O Farias é claramente um jogador de 4x4x2, o que faz com que ocasionalmente encaixe no plantel. Ele é bom a fazer o papel de "abre latas" como fazia o Quaresma só que em vez de partir com a bola em progressão é um ponta de lança fixo. Faz-me lembrar o Cardozo na época passada, só entrava para aumentar a capacidade de finalização. Para jogar Farias tinha-mos que ter um Deco, ou então o Beluchi tinha de evoluír muito. A solução do Jesualdo é meter o Cebola a 10, mas com isso perdemos um "médio ala" esquerdo muito bom.
Se o Farias se resignar com o estatuto de supelente penso que terá sempre lugar na equipa, já sei que é cruel para um jogador daquele nível mas como Falcao é mais polivalente, no esquema de jogo do Porto, o Falcao deve ser titular !
Estou de acordo com a visão do Sir Mister no que concerne aos farias e ás fracas prestações do nosso meio campo.
Começo a achar que se calhar seria melhor mudar o sistema de Jogo e dar mais músculo ao Meio campo como sugeriu o André num outro comentário a outro Post.
Caro Bicho, é um facto que as malditas lesões tem sido uma praga no nosso FC Porto. Se Varela estivesse bem, se calhar os jogos do APOEL até ao do Belenenses teriam outro resultado, uma vez que este moço traz garra á equipa e puxa pelo ataque.
Confesso que não sabia deste pormenor da falta de Preparador Físico. Isto a meu ver é grabe e se não se resolver a tempo não sei como terminará.
Forte abraço a ambos e saudações Portistas!!!
Enviar um comentário