sábado, 31 de julho de 2010

Pensamentos de um Mito (XXIV) – As Verdades Simples (e não ditas); Da Selecção ao F.C.Porto

Há verdades muito simples, mas por haver também muita gente a passar por cima delas, é necessário que alguém as escreva.

Hugo Almeida é um bom exemplo. Criou-se um terramoto a nível nacional depois de Queiroz o ter substituído frente à Espanha, pois ele estava a ser “decisivo”, e bastou ele sair para Portugal “recuar e sofrer o golo que ditou a nossa derrota”. Primeiro: Hugo Almeida é um bom jogador, e que em determinados momentos do jogo pode ser bastante útil, mas que de decisivo tem (muito) pouco. Lá porque ele realizou uma excelente jogada que por pouco não redundava em (auto)golo não altera o facto de ele ter passado o jogo (em particular a segunda parte) a perder todas as bolas que lhe chegavam. Sim, foi um momento de inspiração e Portugal não teve muitos, mas dizer-se que o futebol de Hugo Almeida é aquilo (arranques e dribles) é pura mentira, e acreditar que Puyol e Piqué o voltariam a permitir só mesmo para crentes. Segundo: Dizer que a saída de Hugo Almeida virou o jogo a favor da Espanha é escamotear o facto de à mesma hora ter entrado o jogador (ele sim) que mexeu com o ataque Espanhol – Fernando Llorente. Com Torres desaparecido, as investidas adversárias resumiam-se ás arrancadas de David Villa (ainda assim bem coberto por Ricardo Costa). Com Llorente, a Espanha ganhou a referência na área que lhe faltava, e mal entrou foi vê-lo ganhar todos os lances à dupla de centrais Portuguesa….até surgir o golo.

De Queiroz eu disse antes do Mundial que, apesar de todas as críticas, ele chegava em boa posição para mudar as opiniões acerca da sua real valia como Seleccionador Nacional. No momento presente (escrevo estas linhas na tarde em que o seu futuro está a ser discutido na FPF), em que basta abrir o jornal para nos apercebermos que a Federação quer fazer-lhe a cama a qualquer custo, creio que, mais importante do que nós especularmos sobre se faz sentido ele continuar no cargo, é o próprio Queiroz reflecti-lo. Um líder, quando deixa de se sentir protegido pelos seus superiores, só faz sentido se tiver o apoio dos seus subordinados (neste caso, os Jogadores). Queiroz saberá melhor que ninguém se possui ou não esse apoio.

Da minha parte, mantenho a ideia que aqui discuti vai para um ano: para estruturar, orientar e dirigir as camadas jovens do Futebol Português até ao escalão dos Sub-21 não há nem nunca houve ninguém melhor do que ele. No comando técnico da Selecção Principal, ele seria um perfeito nº 2, mas como Seleccionador ele nunca passará de uma solução razoável. A questão é que, dos 3 ou 4 nomes que seriam mais indicados para o cargo, nenhum está de momento disponível (a menos que alguma mente iluminada da Federação considere Paulo Bento…).

Vergonhosa a imagem passada pela entidade Sporting Clube Portugal na gestão da saída de João Moutinho para o F.C.Porto. Está à vista de todos que todas as partes lucraram com o negócio, pelo que mais valia assumi-lo aos seus sócios e dizer-lhes que para o Sporting se abria verdadeiramente uma nova era e que a mudança era necessária…ao invés de tomá-los por lorpas.

Como Portista, irei observar João Moutinho com particular atenção. Já sei que é um profissional exemplar e um exemplo de esforço e dedicação para colegas e adversários. Como futebolista também sei que está acima da média…resta saber é quanto, pois creio que a sua evolução como jogador estancou desde há 3 anos para cá. Agora, inserido numa nova equipa e numa nova dinâmica, o pequeno Leão (agora Dragão) tem reunidas as condições para levantar voo e assumir-se como atleta de eleição.

André Villas boas também terá muito a provar a muita gente. A si mesmo, aos adeptos Portistas (que ele tão bem conhece por se tratar ele próprio de um deles) e sobretudo àqueles que ainda o olham como o Aprendiz de Feiticeiro (entenda-se Mourinho); e ele deve fazê-lo com toda o empenho, alegria e naturalidade. Desde sempre, e em qualquer arte, o aprendiz é obrigado a conviver com a sombra do Mestre…até ao momento em que triunfa pelo seu próprio talento. Assim, só os títulos darão a Villas Boas a independência de espírito e ideias. Aqui estaremos para o apoiar.

Saudações Azuis e Brancas

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