segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Abuso de poder?

Sir Alex Ferguson
É interessante ver como na, para muitos, melhor liga de futebol do Mundo, também existe um jogo de influências. Mais curiosamente, clara e publicamente executado por um dos melhores treinadores do momento. Estou a falar de Sir Alex Ferguson.

Primeiro há que dar mérito ao homem, à personalidade incontornável do futebol moderno. Vai para 26 anos no comando do Manchester United e já ganhou tudo o que havia para ganhar. Mais que isso, ao longo de tantos anos foi sempre 'crescendo' ao mesmo ritmo que a modalidade, foi-se adaptando aos novos tempos e continuara a criar equipas ganhadores.

Mas, tal como em muitos outros lugares, a idade é um posto e ele também se faz valer disso. Em atitudes pouco elegantes de pressionar em frente de tudo e de todos os árbitros por forma a condicionar a sua actuação. É notoriamente, e ele sabe-o bem, uma figura intimidatória face a tudo que até agora conseguiu na Premier League.

A mim parece-me totalmente deselegante que um homem de 71 anos, com o currículo que tem, com o prestígio que conquistou, se envolva em desaguisados com equipas de arbitragem, algo que classifico de de muito sério, e mesmo outros treinadores. Sir Alex Ferguson não sabe e não gosta de perder, mas não é por aí que eu o condeno.

A última acção estranha do técnico escocês prende-se com a contratação por parte do Tottenham de Zeki Fryers. Um jovem jogador inglês que pertencia aos quadros jovens do United e que os Spurs queriam contratar.

Em traços rápidos, o jogador estava em final de contrato, foi à experiência para o Tottenham e agradou. Contudo, o clube de André Villas-Boas, que ao contrário do seu homólogo dos Red Devils não controla as entradas e saídas, apenas opina, disse que não podia pagar a verba pretendida pela equipa de Manchester.

O jogador queria sair e acabou por fazê-lo para o Standard Liège, por um valor consideravelmente inferior aquele que o Tottenham teria que pagar. De notar que, em Inglaterra, os jogadores com menos de 23 anos que recusem renovar, terão que indemnizar o clube onde se encontram caso ingressem num outro clube inglês.

Em caso de falta de acordo entre as partes é o tribunal que decide o valor e o Manchester United estava a contar receber seis milhões de libras, cerca de 7.4 milhões de euros. Contudo tal não se aplica a outros países e Fryers saiu para a Bélgica por um valor consideravelmente inferior, no verão passado.

Acto continuo, o jovem alegou saudades do seu país, a chegada de um novo treinador ao clube tê-lo-á colocado de parte e o Tottenham contratou-o agora por três milhões de libras, cerca de 3.7 milhões de euros.

OK, isto até cheira a marosca, mas quem veio pedir uma investigação foi Alex Ferguson e não o Manchester United. Agora eu pergunto, qual é o papel de um treinador? Será legítimo que ele se envolva em casos de teor legal, que tente influenciar os organismos que regulam a modalidade? Porque podem ter a certeza que a sua palavra pesa muito e as decisões por vezes parecem cair para o seu lado.

Deixo-vos com estas perguntas na mente para reflectirem. Não é só no nosso país que dirigentes e, neste caso específico, treinadores tentam influenciar os meios à sua volta para levarem a melhor. E por vezes fazem-no a qualquer custo.

Última nota, Roberto Mancini, treinador do Manchester City, já tinha chamado à atenção na época passada para os privilégios que Ferguson parece ter que mais nenhum outro treinador em Inglaterra tem.

Sem comentários: