quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Uma longa viagem para ficar mais perto

Cerca de 3700 quilómetros separam o Porto de Moscovo, quatro pontos separam o FC Porto do Lokomotiv. Grandes distâncias nos dois aspetos mas falamos de duas equipas que, se o FC Porto não potenciar os seus evidentes recursos, podem ficar bem próximas em campo... e na tabela. O objetivo dos dragões, porém, é lógico e legítimo: somar mais três pontos e dar mais um passo na direção dos oitavos.

Apesar de a viagem à Alemanha não ter dado em vitória, o arranque portista na prova tem de ser considerado positivo: sem ter ainda defrontado o atual último classificado, o FC Porto está em posição de acesso à próxima fase, em igualdade com o Schalke, que tem uma difícil deslocação a Istambul. Não será fácil, mas é também uma ocasião de ouro para o FC Porto se isolar no primeiro posto.

Do outro lado estão duas caras bem conhecidas: Manuel Fernandes, um dos grandes destaques da campanha vitoriosa de 2017/18 do Lokomotiv, que nesta época ainda não conseguiu mostrar tudo o que fez nesse passado recente, porventura devido aos problemas fora das quatro linhas (fim de contrato e desentendimentos com a direção); e Éder, herói nacional. O ponta-de-lança, que tenta aproveitar a ausência do lesionado Smolov, soma apenas um golo esta época, mas só por acaso é um daqueles golos que podem bem lutar pelo Puskás.
 
Que soluções?

É no centro do ataque que estão, nesta altura, as carências portistas na prova milionária. Aboubakar continua fora de combate - e assim continuará por muito tempo - e Tiquinho Soares não está na lista de inscritos. Sobra Marega, mas o maliano é um jogador que pede, pelas suas características, um colega de ataque. Abrem-se várias hipóteses para a linha ofensiva.
 
Sérgio Conceição poderá dar a Adrián o prémio pelo póquer na Taça de Portugal e juntar o espanhol a Marega, permitindo que o maliano descaia mais na faixa do que se estiver sozinho, poderá também colocar André Pereira, que tanto atua na direita como no centro... ou poderá fazer o que fez contra o Galatasaray, colocando Corona e Brahimi nas faixas e Marega a ponta-de-lança.

Quanto aos restantes setores, Otávio é a grande dúvida pela questão física: o brasileiro tem sido primeira opção, mas esteve por muito tempo condicionado e até à hora do jogo está em dúvida. O técnico poderá, assim, acabar por apostar num elemento como Sérgio Oliveira (se quiser mais contenção no meio-campo) ou Óliver (se quiser mais criatividade e passe vertical).
 
Busca da identidade campeã
 
O Lokomotiv chega a esta prova exibindo o estatuto de campeão russo, mas o arranque de época não tem sido equivalente ao que fez na época passada. A equipa de Yuriy Semin é quarta classificada no campeonato e para um candidato ao título não marca muitos golos (13 em 11 jogos). Também tem sofrido mais do que era desejável (11 em 11 jogos), apesar dos bons elementos no centro da defesa e no meio-campo defensivo.
 
As prestações defensivas dos laterais evidenciam uma fraqueza da equipa e os extremos portistas poderão bem conseguir explorar estes setores. Também a nível ofensivo parece haver mais qualidade na faixa central do que nos corredores (o esquema tático é enganador...), com Manuel Fernandes e os irmãos Miranchuk a serem ameaças na construção a meio-campo.

Mais atrás, Krychowiak pode ainda não ter demonstrado em Moscovo tudo aquilo de que é capaz, mas a classe é inegável e surgirá mais cedo ou mais tarde. Há jogadores de qualidade considerável, reforços recentes sonantes para o estatuto do clube, falta a coesão... e alguma imaginação.
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Artigo publicado no site zerozero

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