quarta-feira, 26 de maio de 2010

O Campeonato dos Túneis

C’est fini la contredanse(1). A época acabou. Do fundo das minhas memórias, eu que acompanhei a minha equipa durante mais de 60 anos, não me lembro de nada assim. Preciso mesmo recuar muito no tempo. Para mim, tudo começou nos anos 50. Jogávamos por empréstimo no Campo do Lima, na Rua Costa Cabral no Porto, em instalações pertencentes à Santa Casa da Misericórdia que as tinha arrendado ao Académico Futebol Clube. O velhinho Campo da Constituição era demasiado pequeno para o número de sócios que se começava a interessar pelo clube com o nome da cidade. Foi Cesário Bonito quem sonhou construir um estádio. O local escolhido onde começamos a adquirir os terrenos era num local conhecido por Antas freguesia de Campanhã. Da primeira vez que visitei as obras, recordo-me de ver as “cestas” do transporte de carvão provenientes das minas de S. Pedro da Cova, passarem mesmo por cima do local onde ficaria situada a bancada principal.

Após alguns anos atribulados conseguimos vencer em 1956 o almejado Campeonato e Taça de Portugal e na época de 1958/59, sob a presidência do meu amigo Dr. Paulo Pombo, aquele que ficaria conhecido como o Campeonato Calabote. Tudo aquilo que se conta foi mesmo verdade. Eu estava lá! Depois foram necessários mais 19 anos para que em 1977 voltássemos a vencer um título. De 1984 para cá, foi sempre a aviar: 16 campeonatos nacionais, 10 Taças de Portugal, 13 Supertaças, 2 Ligas dos Campeões, 1 Taça UEFA, 1 Supertaça Europeia e 2 Taças Intercontinental. Alguns “incidentes” sem importância de maior alternaram com os anos dos nossos êxitos desportivos. Recordo o campeonato de 2004 onde a LIGA do regime comandada por um conhecido adepto Benfiquista, Cunha Leal, desviou para o Algarve um encontro a disputar com o Estoril Praia, provavelmente motivado por qualquer fenómeno vulcânico que estivesse a agravar o habitual ar poluído da Capital do Reino. José Veiga era então accionista de referência das duas Sad’s, circunstância impeditiva pelos regulamentos mas que, foi como sempre, escondida no fundo de uma qualquer gaveta

Mais tarde, no dealbar deste Século, uma bizarra história contada a meias por uma prostituta e uma jornalista (?!), deram aos amantes da “verdade desportiva” um inesperado trunfo naquele que viria a ser conhecido como Apito Dourado. Os nossos inimigos agarraram a oportunidade com as duas mãos. Os especialistas na interpretação das Leis, devidamente “confortados” pela tutela, moveram processo atrás de processo ao nosso clube e presidente. Como é conhecido, levaram dos Tribunais, os verdadeiros, os que sabem interpretar as leis, uma derrota de todo o tamanho. Já este ano, infelizmente para nós Portistas, outro “incidente” não nos permitiu conseguir o almejado Penta-2. Um “desígnio de âmbito nacional” na prossecução duma operação de salvação de Portugal, meticulosamente preparado com rigor e precisão militares (até temos árbitros na tropa) fez-nos sofrer uma inesperada derrota. O enredo deste golpe que manchará para todo o sempre a Liga 2009/2010 ficará conhecido como: O CAMPEONATO DOS TÚNEIS do qual apresento, para memória futura, alguns dos seus intérpretes.

(1) Contradanse é uma dança de origem francesa do séc. XVII onde, em duas filas, homens e mulheres frente a frente apresentam figuras de bailado, uma das quais chamada quadrilha. Adaptando a designação à nossa LIGA, uma das filas, poderia muito bem ser a nossa equipa e a outra, todo o manancial de “bailarinas adeptas da verdade desportiva” que se pavoneiam pelos pasquins, tv’s e organismos autónomos, da nossa realidade desportiva.

Não queria terminar esta crónica sem homenagear o treinador Quique Flores pela sua brilhante vitória na UEFA LEAGUE. Afinal, no ano passado, só lhe faltou o apoio dos Amigos dos Túneis.

Até para a semana

1 comentário:

leportista disse...

leportista
Ao lado do platini falta o rui bosta, quanto a mim é de longe o inimigo n°1.