Bettencourt Herói ou Vilão?

Mais do que falar em nomes e pessoas para as futuras Direcções Sportinguistas (Clube e Sad), importa analisar o momento do clube de Alvalade em duas vertentes essenciais: a desportiva e a financeira. Desde o advento da SAD leonina em 1997 sob a presidência do Dr. José Roquette que serviu para levantar a moral das tropas com um projecto megalómano completamente inadequado para um clube desportivo, nunca se viveram momentos fáceis. Não admira que a Sad tivesse dado prejuízos, basta olhar para o vizinho do outro lado da circular que em 8 anos aumentou o Passivo de 80 para mais de 500 milhões de euros, para perceber quão efémero é o sucesso relativo de qualquer emissão de acções e/ou Empréstimos obrigacionistas que, mais não são do que balões de oxigénio, prontos a rebentar à primeira dificuldade. Nesse já longínquo ano de 1997 e, com um Capital Social de 35M€, Capital Próprio de 28 M€, Activos de 55 M€ e um “modesto” Passivo de 28 M€ a Sporting/Sad vivia, digamos, uma situação perfeitamente sustentada.

Paralelamente, o clube atravessou uma década onde em 1999/00 e 2001/2002 conseguiu vencer o Campeonato Nacional, ficou 4 vezes no segundo Lugar em 2005/06, 2006/07, 2007/08, 2008/09 e ganhou 4 Super Taças em 1999/2000, 2001/2002, 2006/2007, 2007/2008. Naturalmente que a pressão motivada pelo seu rival da “instituição” que mora em frente e que obviamente não serve como exemplo para ninguém, “obrigou” a Sad a hipotecar receitas e património com resultados no último exercício anual conhecido (época 2009/2010) muito fracos, com um Capital Social de 42M€, Capital Próprio negativo de -42M€, e Activos de apenas 130M€ para um Passivo de 173M€.

Contudo, nos últimos tempos, a situação inverteu-se graças ao projecto financeiro iniciado no consulado de Filipe Soares Franco que José Eduardo Bettencourt soube continuar, com encaixes significativos onde, como sabemos, negociou o prolongamento do contrato para as transmissões televisivas com Joaquim Oliveira até 2018, “vendeu” cerca de 5 milhões de euros de acções à SGPS, aumentou o Capital Social para 39M€, passou a Academia para a tutela da SAD, tendo ainda conseguido na última semana, num passe de mágica, “obrigado” a Banca a comprar 50 milhões de VMOC que não são mais do que títulos a converter em acções num prazo de 5 anos… e ainda (como dizia o Herman), negociar um Fundo de jogadores no valor de 15 milhões.

O grande perigo destas “trocas e baldrocas”, muito provavelmente aconselhadas pela falida sociedade vizinha é que, daqui por 2 anos, o BES e o BCP podem ter a maioria do Capital Social da SAD nas mãos. A ideia que presidiu à sua criação pode ter sido muito apetecível mas é como o submarino do Portas: o Zportém até aqui ainda flutuava. Daqui para a frente, ou não mergulha ou, se submergir, nunca mais sobe.

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Grafismo de JOSE LIMA

Até para a semana