O real problema do Dragão

Depois da derrota que o Futebol Clube do Porto obteve em casa contra o Sport Lisboa e Benfica que quase o afasta da Final da Taça de Portugal, muitos Portistas parecem ter acordado para uma realidade que não queriam aceitar mas para a qual já muitos tinham avisado. Desde a paragem de Inverno, e durante o todo o mês de Janeiro, que o Dragão está a praticar um Futebol muito fraco, mas como sempre alcançou vitórias que permitiram a este manter a distância pontual para o 2º Classificado da Liga e como á Taça da Liga ninguém dá valor, não se podia acusar o Treinador Villas-Boas de nada… Inclusive este até reagiu de uma forma bastante agressiva quando um Jornalista lhe colocou a questão de ganhar a jogar mal/muito mal…

Sucede que após a justa vitória do Benfica no Dragão a contar para a Taça de Portugal instalou-se no meio da Comunidade Portista um mau estar tão grande que faz com que os Adeptos comecem a levantar imensas dúvidas sobre as últimas opções do Treinador Azul e Branco e no que aos onzes iniciais/bancos dizem respeito. È caso para se dizer que Villas-Boas passou de imediato de bestial a besta, mas não é isto que está aqui em análise.

Uma das mais ferozes críticas às opções do jovem Técnico dos Dragões, e que tem motivado muitas e diferentes reflexões por parte dos Adeptos e dos Comentadores da nossa Praça “Avermelhada” e não só, prende-se com o facto de André Villas-Boas não convocar o Brasileiro Walter e de colocar Hulk na posição de Ponta de Lança.

Segundo este prisma, que tem muitas versões e diferentes analises, o Futebol Clube do Porto perdeu o jogo da 1ª Mão das Meias-finais da Taça de Portugal em casa porque o Treinador não quis ter mais opções de ataque no banco dado que o Colombiano Falcao estava lesionado (e ainda está) e porque resolveu “cismar” com o Walter. Segundo ainda estes mesmos críticos e analistas, é um tremendo disparate o Treinador Portista levar para o Banco só Extremos para opção de Ataque e é um crime deixar o Walter de fora porque este custou 5 Milhões de € (salvo erro).

Não posso estar em mais desacordo com esta linha de pensamento que tem servido para que a tal Praça de Analistas Avermelhados tenha feito uma novela impressionante no sentido de destabilizar o grupo de trabalho Azul e Branco. E porque afirmo isto? Muito simples, porque quem anda no Futebol há já algum tempo como eu sabe muito bem que não é com muitos Avançados/Extremos/Pontas de Lança que se marcam golos e também sabe que não é pelo facto de o Treinador meter tudo o que é Avançado/Extremo/Ponta de Lança em campo que se vai dar a volta a um resultado negativo (seja qual for o resultado). E para dar a facada mortal a este tese do Walter fazer falta no onze Portista, temos o facto de que mesmo sem o Falcao jogar o Dragão marcou sempre golos… A única vez em que tal não sucedeu foi na derrota contra o Benfica que já aqui fiz referência.

Portanto, o problema do actual Futebol Clube do Porto não está no seu Ataque. O problema não está também no Meio Campo Azul e Branco porque se o Ataque Portista tem sido concretizador é porque os Centro Campistas criam oportunidades de Golo que são aproveitadas por quem está na linha da frente. Ora, parafraseando André Villas-Boas, qual é o problema?

Para eu ter obtido a resposta a esta pertinente pergunta tive de estar muito atento ao que se passou na última partida no Dragão. O que eu vi, e com muito desagrado e preocupação diga-se de passagem, foi uma Defesa Portista onde todos mandam e ninguém obedece e onde não existem rotinas de jogo. Não estou aqui a por em causa a qualidade dos Jogadores que habitualmente constituem a Defesa do FC Porto, o que eu estou a realçar é o facto de não haver uma mínima coordenação entre os Centrais/Laterais e até mesmo entre os Centrais.

A Defesa é das zonas mais delicadas do Futebol e exige que o Treinador estabeleça nos treinos rotinas entre os Jogadores que a compõem. Melhor ainda é quando um Treinador toma conta de uma Equipa onde já existiam estas rotinas como era o caso da Linha Defensiva Sapunaru/Rolando/Maicon/A. Pereira. Enquanto o Dragão entrou em campo com esta Linha de Defesas era uma Equipa dominadora e massacrava os Adversários com uma Pressão impressionante uma vez que a Defesa dava a confiança necessária para que o Meio Campo subisse e apoiasse de mais perto o Ataque. De vez em quando AVB fazia uma ou outra mudança na Defesa dado que pelo meio havia os jogos da Liga Europa, mas rapidamente voltava á forma inicial.

Tudo correu bem até ao famoso Sporting CP x FC Porto onde o Brasileiro Maicon comete um erro crasso que custou os 3 pontos ao FC Porto. Surgem de imediato os nervosos Adeptos Portistas a exigir a cabeça do Brasileiro e a colocação do Argentino Otamendi que tinha sido contratado por um valor muito elevado, vinha rotulado de Vedeta, de sucessor de Bruno Alves e é Internacional Argentino. O Treinador Portista, talvez por ser ainda muito jovem, cede a esta pressão e resolve formar uma nova Dupla de Centrais que não tinha rotina nenhuma de jogo e “mata” de uma vez por todas as rotinas de jogo que tinham sido criadas entre Rolando e Maicon (que eram poucas mas que iam dando para se ganhar os Jogos com segurança). As coisas foram andando mais ou menos porque o Porto ia ganhando os seus jogos até que o infortúnio bateu à porta e o Dragão ficou sem nenhum Defesa Lateral Esquerdo devido às lesões de A. Pereira e de Rafa. Para resolver este complicado problema AVB recorre ao Defesa Central Sereno que passa a jogar adaptado a Defesa Esquerdo.

Resultado: Desde o jogo com o Sporting que o FC Porto tem apresentado uma Defesa que não está habituada a jogar junta, sem uma linha de comando e que não transmite confiança nenhuma a quem está á sua frente. Fernando & Companhia têm de recuar para ajudar a Defesa e depois transportar a bola para o Ataque e isto cria um enorme buraco entre as linhas, daí que seja natural que estes depois tenham imensas dificuldades em fazer um passe para a frente, desaparecendo a tal pressão a que o Porto tanto nos habituou na primeira parte da actual Temporada e acontecem asneiras como, por exemplo, aquela do Fernando que deu origem ao segundo golo dos Benfiquistas.

Para concluir dado que isto já vai muito longo; a telenovela que se tem criado á volta do Walter não passa mesmo disto e tem sido lenha que os Adversários do Dragão têm aproveitado para cozer em lume brando o bem-estar do Plantel Portista. O principal problema está, pura e simplesmente, na Defesa Portista porque o Treinador cedeu às exigências dos Adeptos que só sabem avaliar um Jogador não pelo que ele faz e fez em campo mas sim pelo seu Estatuto e Preço a que foi adquirido o seu Passe. A minha esperança é que André Villas-Boas pare de fazer alterações na Defesa e aposte de uma vez por todas numa Linha Defensiva (seja com Maicon/Rolando, Otamendi/Rolando ou Otamendi/Maicon desde que não a mude mais) para que se criem rapidamente rotinas/voz de comando que evitem a desgraça que se viu no jogo da Taça de Portugal e na partida contra o Rio Ave. E quanto aos Adeptos Portistas, estes que se calem e aproveitem para meter uma rolha na boca porque a maioria das vezes só dizem, fazem e escrevem asneiras que prejudicam a Equipa.