Lembram-se do ramalhete de cenouras da sua candidatura à Liga que viria a ser apoiada pelos clubes mais modestos, e a quem os 2 circos falidos da Segunda Circular emprestaram o seu aval? Vamos recordar o que prometeu o conhecido Coveiro da Liga.
Primeira cenoura. Aumentar o número de equipas participantes na Liga para 18, com a ideia mirabolante de que com 34 jogos (em vez de 30, ou seja, mais 2 encontros em casa e 2 encontros fora), o valor a arrecadar com “proveitos de bilheteira, publicidade, e aumento das verbas pagas pela SportTv face ao bolo anterior” subiria exponencialmente.
Puro engano. Se no caso dos chamados 3 grandes que conseguem assistências médias da ordem das 25 ou 30 mil (com tendência para baixar), poderia existir um pequeno aumento global, nos clubes que habitualmente tem uns poucos milhares a assistir aos encontros o efeito seria nulo, ou o mais provável, perderiam dinheiro com deslocações e despesas inerentes a mais jogos.
Segunda cenoura. Uma “redistribuição” das receitas (tirar aos grandes e dar aos pequenos) no caso dos Direitos Televisivos ficarem “concentrados” na Liga. O grande argumento utilizado, como se subentende, é que a Liga conseguiria “distribuir mais”! Mais como? Só se fosse comprando os direitos aos seus legítimos proprietários, que são os clubes, por melhor preço. Então comprem! Quem vos impede? Depois arranjem operador para transmitir os jogos que pague um valor mais alto do que o custo e “redistribuam” os lucros!
Com uma regra de 3 simples, e o aumento da receita a ser “dividido proporcionalmente” pelos participantes, o argumento cai pela base. Os “grandes” receberiam sempre mais. Para os pequeninos ficavam, outra vez, as migalhas. A história do monopólio da SportTv é para embalar criancinhas. Oliveira só tem comprado porque mais ninguém compra. Monopólio é, por exemplo, o que tem Santana Lopes na exploração dos jogos da Santa Casa, e ninguém vai fazer queixas à Assembleia da Republica. Estou à espera que me provem que houve outros eventuais interessados nos Direitos a oferecer um valor maior do que o Oliveira, e ele por qualquer passe de mágica, mesmo assim, ganhou o concurso. Ainda há pouco tempo o clube da treta comprou uns joguinhos de 3 Ligas. Alguém se atravessou no seu caminho?
Terceira cenoura. A entrada das “equipas B” na Segunda Liga que “traria proveitos financeiros para os participantes”, com mais jogos a serem transmitidos pelas televisões, aumento de publicidade, blá, blá, blá, e a “formação de atletas para subirem á equipa principal”.
Outra falácia. Além dos estádios onde se realizaram os jogos ficarem vazios, e as televisões a quem conseguiu vender os jogos pagarem uma côdea, mais uma vez as despesas inerentes não compensaram a sua participação. A única vantagem foi ter resolvido o problema de pôr a jogar os Caroles, os Migueis Victores, alguns dos mais de 60 charutos do clube da treta com contracto, que se arrastavam pelo galinheiro do Seixal.
Quarta cenoura. “Lutar pelo fair play financeiro”. Que lindo que era. Os clubes não terem dívidas nem ao fisco nem à segurança social. O valor do plantel ser inferior a 70% dos Proveitos. No fundo “os clubes terem as suas contas equilibradas”. Mas é a Liga quem trata disso? Compete-lhe resolver o descalabro económico do clube da treta ou dos Calimeros? Não me digam que é senhor Figueiredo quem coloca lá as Administrações…
Mais um falhanço. O homem já arrepiou caminho. Disse há dias numa entrevista: “Se a Liga adoptasse as regras de fair play financeiro que vigoram em sede de UEFA haveria uma sangria em matéria de competições profissionais”. Viu-se mesmo donde partiu o recado. Do clube da verdade desportiva que por acaso tem de Passivo entre Clube e SAD mais de 500 milhões de euros e não lhe convém muito espantar a caça. É melhor o senhor Figueiredo ficar calado.
Quinta cenoura. A Taça da Liga. Inicialmente prevista para a “ocupação de tempos mortos” e “distribuição de rendimentos provenientes das transmissões televisivas”, esta Taça acabou por se tornar um enorme flop. O homem dá uma no cravo e outra na ferradura. Os clubes vão ser confrontados com a proposta de acabar com este troféu que, aparentemente, apenas serviu para o clube da treta dizer que ganhou qualquer coisinha nos últimos 3 anos.
Agora, a Liga, parece querer imitar a SportTv. Comprar (ele chama-lhe “centralizar”) os Direitos Televisivos aos clubes e depois vendê-los “a quem der mais”. Mas isso é o que a SportTV sempre fez. Onde está o crime? O clube da treta não “quer para si” os 15 jogos em casa? E não comprou mais uns jogos da Premier League e da Liga Grega a ver se consegue impingir um pacote aos laparotos que ainda “acarditam” naquilo? Prognóstico: vai ser muito difícil arranjar 200 mil sócios a 9 euros/mês (o mínimo possível para pagar os Custos). Como não tem a quem vender os jogos, vai transmiti-los na benficaTv, Se os quiser vender aos 2 possíveis operadores (a ZON ou a MEO), como a SportTv é sócia de ambos, terá que negociar com ela. Queria rir-me se nenhum destes operadores pegasse naquilo! Tinha que ensopar os joguinhos como fez o Pais do Amaral. No meu entendimento só uma televisão que possua um canal pago e com mais de 500 mil assinantes terá rentabilidade para adquirir os jogos, angariar bons anunciantes para depois os poder transmitir. No caso presente, se for mesmo o clube da treta a realizar as emissões lá vamos ter que aturar aqueles 2 palermas sentados à frente dum televisor a relatar os jogos como no tempo do rádio a válvulas. Olhem! Pensem em contratar o Fernando Correia à televisão das sopeiras. Ou muito me engano ou o presidente da Liga, sem querer, “ajudou” o Quim Oliveira a dar-lhes mais um nó cego.
ULTIMA HORA – “AS CENOURAS ATACAM DE NOVO”. Mário Figueiredo quer mudar o formato competitivo da Liga. Num dos projectos para a “nova Liga” os “maiores” jogam mais vezes entre si, menos vezes com os mais “pequenos” e por vezes nem sequer chegam a jogar com alguns deles! Cá para mim “isto” é para evitar que o clube da treta jogue com o Estoril…
Mas vamos ver o que saiu da cabeça de Pieter Nieweunhulf, “conceituado” perito Holandês. Primeira ideia: abandonar o projecto de jogarem “todos contra todos”, apostando numa competição de 18 clubes na época 2014/15 já com o Boavista integrado. Dentro da Liga Sagres criam-se duas sub-ligas. A Outono e a Primavera. Quem participa e como, nestas Ligas? Vamos ver o gráfico (como diria o Medina Carreira).
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A Liga Outono (do lado esquerdo) divide-se em dois grupos: os “ricos” e os “pobres”. Os 8 primeiros do Grupo dos Ricos (O1 a 08) serão os 8 primeiros classificados da época 2013/14 que farão entre si14 jogos. Os restantes 10 clubes do Grupo dos Pobres (09 a 018) que tiverem ficado nos lugares entre o 10º e 16º, mais os dois que sobem, disputarão entre si 18 jogos.
Depois acedem à Liga Primavera os seguintes clubes: Os primeiros 4 classificados da Liga Outono (setas pretas P1 a P4). As equipas dos “pobres” que tiverem ficado entre o 9º e o 12º lugar (setas azuis ocupam as posições P5 a P8). As equipas dos “ricos” que tiverem ficado classificados entre o 5º e o 8º lugar integram o grupo dos “pobres” da Liga Primavera (setas vermelhas onde vão ocupar as posições P9 a P12). Os mais pobres dos pobres (O13 a O18) serão também trasladados para esta Liga Primavera (vão ocupar as posições P13 a P18).
Esta sub-Liga Primavera disputa-se nos mesmos moldes da anterior sub-Liga Outono, ou seja: Os “ricos” continuam a jogar entre si, e os “pobres” e os “mais pobres” também a jogarem uns com os outros. Como é bom de ver, há clubes “pobres” que nunca jogam com clubes “ricos”. Lá vão as roulottes de cachorros-quentes e as barracas de farturas ficar às moscas…
O bouquet final desta sub-Liga será atribuir o 1º lugar da Liga ZON/Sagres, num jogo onde se defrontam em duas mãos o campeão do Outono com o campeão da Primavera (O1-P1), também o segundo lugar (O2-P2), o terceiro lugar (O3-P3), ou seja, os 3 lugares da UEFA. Finalmente (O18-P17) para decidir quem desce e quem sobe. Simples não é?
Vamos ver agora uma proposta mais complicada. Liga ZON/Sagres com 16 clubes e Play-Offs.
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Queriam que eu explicasse? Não posso. Acabou-se-me o Benuron. Fica para outra vez…
Até à próxima
2 comentários:
Brilhante texto caro José Lima. Bastante esclarecedor acerca dos temas quentes da reunião de hoje que decidia muito do futuro do futebol português.
Curiosa a forma como o Mario Figueiredo achava que conseguia chamar para liga os direitos de transmissão sem que os clubes dessem conta.
Os quadros competitivos propostos pela tal empresa holandesa são uma catástrofe. Uma confusão que mataria o interesse pela competição, ainda mais.
É cada iluminado que aparece...Gostava de saber quanto pagaram a essa empresa holandesa para fazer aquelas propostas estapafúrdias.
Um abraço
Obrigado Ricardo.
Parece que pagaram 20 mil euros.
Mas o erro maior deste Figueiredo foi ter "convencido" o clube da treta a não aceitar os 22 milhões/ano que a SportTv lhe oferecia.
Agora não sabem o que hão-de fazer aos jogos...
Abraço
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