O Império contra ataca

Um destes dias o Rascord trazia uma entrevista com o senhor Vítor Pereira que como TODOS sabemos foi o responsável pelo colinho com que a “instituição” venceu o último campeonato. Senão vejamos. O referido senhor faz parte dos Órgãos Sociais da FPF e foi eleito numa engraçada troca de favores com LFV que deu “o voto” a Fernando Gomes na condição do senhor Vítor Pereira continuar à frente da Arbitragem. Eles lá sabiam porquê.

O Presidente do Conselho de Arbitragem integra um Órgão Autónomo, o que quer dizer que não tem que prestar contas da sua atividade a nenhum dos restantes órgãos sociais. Podemos começar por analisar, lendo os Estatutos, quais as suas competências.

a) Definir as orientações em matéria de arbitragem e coordenar, planear e administrar a respetiva atividade;

b) Estabelecer os critérios de nomeação e classificação dos árbitros;

c) Propor à Direção da FPF e à Direção da LPFP, respetivamente, as normas reguladoras da arbitragem nacional não profissional e profissional e ainda o seu regimento;

d) Estabelecer os parâmetros de formação do sistema nacional da arbitragem;

e) Propor à Direção os candidatos a indicar à FIFA para nomeação como árbitros internacionais;

f) Interpretar e implementar as Leis do Jogo;

g) Nomear, através da Secção profissional e da Secção não profissional, os árbitros dos jogos das competições nacionais e para outros, sempre que para tal solicitado pela Direção;

h) Nomear uma Comissão de Apoio Técnico para assessoria no exercício das respetivas competências;

i) Estabelecer os critérios de observação e de nomeação dos observadores de árbitros;

j) Tutelar e nomear, através da Secção de classificações, os observadores de árbitros;

k) Proceder, através da Secção de classificações, à classificação técnica e final dos árbitros e observadores de árbitros de todas as categorias nacionais;

l) Apresentar à Direção propostas em matéria da arbitragem.

Resumidamente compete-lhe formar, propor, nomear, tutelar e classificar. Assim sendo, não pode vir agora dizer que “não era só ele a nomear os árbitros e observadores”, ou que “desconhecia as classificações que lhes eram atribuídas”. O homem não tem um pingo de vergonha na cara e estas entrevistas de favor só demonstram o pânico em que ficaram os cãezinhos amestrados que lhe aparam o jogo (leia-se: os árbitros e os observadores), bem como o clube da treta que como todos sabemos, ao longo dos anos, beneficia desta aldrabice.

Sobre as suas competências estamos conversados. Perante o cartão vermelho que lhe foi mostrado pelos clubes profissionais, a Liga só tinha um caminho a seguir que foi solicitar à FPF uma Assembleia Geral a realizar no próximo dia 25 de Julho para substituir o sistema de nomeações (corrupto) por um sorteio, ainda que condicionado, em moldes a definir.

Apesar de concordar que o sistema do sorteio não será o melhor, considero que os clubes pretendem que não voltem a acontecer as barbaridades da época passada e, no futuro voltar (com outro responsável) às nomeações. No entanto o contra-ataque não se fez esperar. O Conselho de Arbitragem, ou seja, o iluminado senhor Vítor Pereira e as suas 3 secções (nomeadas por ele) reunidos de urgência em Rio Maior emitiu o seguinte comunicado:

1 – Manifestar opinião discordante pela introdução do sorteio, qualquer que seja a sua forma, e defender a manutenção do sistema de nomeação por designação direta de árbitros. Árbitros assistentes e observadores, por ser este o que melhor defende os interesses das competições, da arbitragem e dos árbitros:

2 – Considerar inconcebível a proposta de os Clubes poderem interferir diretamente na classificação dos árbitros, em resultado da denúncia das suas atuações, por isso representar uma intolerável forma de pressão sobre os árbitros, com consequências prejudiciais para a verdade desportiva;

3 – Considerar que essa proposta traduz uma desconfiança relativamente aos árbitros e à arbitragem;

4 – Repudiar as ofensas públicas e infundadas à honorabilidade dos membros deste Conselho de Arbitragem;

5 – O Conselho de Arbitragem alerta para a possibilidade de a proposta não estar de acordo com a legislação aplicável em vigor.

Esta estratégia leva-me a crer que aquela cambada vai usar de todos os expedientes dilatórios, eventualmente metendo o Governo na discussão, para evitar que a vontade dos clubes seja cumprida. Agora são horas de contar espingardas. A Assembleia-geral da FPF é composta por 84 delegados que vão votar sobre a proposta dos clubes. São eles:

As 22 Associações Distritais;

i. Associação Nacional dos Treinadores de Futebol (ANTF);

ii. Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF);

iii. Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF).

i. Associação Nacional dos Dirigentes de Futebol (ANDIF);

ii. Associação Nacional dos Enfermeiros Desportivos e Massagistas de Futebol (ANEDAF);

iii. Associação Nacional dos Médicos de Futebol (AMEF).

NOTA - As Associações acima representam

a) Os Clubes ou sociedades desportivas filiados nas respetivas Associações distritais ou regionais;

b) Os jogadores inscritos na FPF, na LPFP ou nas respetivas Associações distritais ou regionais;

c) Os treinadores inscritos na FPF, na LPFP ou nas respetivas Associações distritais ou regionais;

d) Os árbitros que integram os quadros de árbitros da FPF e das respetivas Associações distritais ou regionais.

Recordo daqui aos Clubes o Art.º 39º c) que refere uma das suas competências: “eleger e destituir os titulares dos órgãos sociais (no presente caso o senhor Vítor Pereira e os seus cãezinhos amestrados das 3 secções). Se for preciso e embora já não vá a tempo para esta época podem requerer uma nova Assembleia-geral com este ponto único. Afinal o futebol é (devia ser) dos Clubes.

Até à próxima