segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Pensamentos de um Mito (III) – Pequenos Grandes Pormenores

Um dos motivos que fazem do Futebol um jogo tão especial são as emoções que ele desperta. Mais do que um determinado resultado, somos muito mais susceptíveis de reter na nossa memória futebolística uma jogada fantástica, uma entrada nos limites da violência, ou aquela sensação de vertigem que é inerente aos grandes confrontos Europeus ou com os principais rivais cá do burgo. Quando presenciamos isto ao vivo, recebemos tudo em versão ampliada, pois à nossa volta estão milhares de pessoas, também elas sintonizadas para o que se passa no relvado. É destes momentos que se faz uma existência de adepto e nos fazem voltar ao estádio.

Neste início de temporada tenho procurado ver o máximo de jogos possível (depois das férias, a fome de bola ainda é muita..), e se há algo que se ganha em seguir os jogos por transmissão televisiva é que, sendo o desafio imediatamente seguido das declarações de Jogadores e Treinadores, permite-nos fazer o cruzamento imediato das sensações que nós retirámos com as dos protagonistas. Eis aqui as sensações retiradas deste fim-de-semana futebolístico:

Linguagem de Gestão - Poderá ter passado despercebido à maioria, mas Jesualdo, na Flash Interview, não se referiu a Farías pelo seu nome próprio, mas usando a alcunha deste ( “Tecla” ). É normal que os adeptos (sobretudo entre si) se refiram aos jogadores pelos seu Nome de Guerra - seja este Mágico, Ninja, Licha, Comandante, Tigre (no caso de Falcao, e aos poucos já começamos a perceber porquê..) ou até Cebola (um regresso muito saudado)… .Já ouvi-lo da boca do seu Treinador é algo de tão raro que a acontecer nunca será por acaso - Perdida a titularidade, o Argentino respondeu com uma excelente acção no terceiro golo do Porto.

Na relação Treinador-Jogador isto não são pormenores. É Psicologia de Gestão. Jesualdo conta com Farías e este sabe-o.

Fucille & Fernando – Durante muito tempo pensei que nunca iria ver jogar Jorge Fucille na sua posição de origem. As excelentes credenciais que trazia quando chegou ao Porto, como um lateral direito cheio de soluções atacantes nunca puderam ser confirmadas: Fosse pela presença de José Bosingwa, ou pela incapacidade do clube em encontrar um lateral esquerdo de garantias (ou por ambas..), a verdade é que este Uruguaio viu-se desterrado, épocas a fio, na lateral esquerda, já que mesmo com um pé a menos fazia melhor que todos os outros. Cissoko (primeiro) e Álvaro Pereira devolveram-no à sua posição de origem, e é fantástica a desenvoltura e confiança com que o vemos subir no terreno, numa sucessão de sprints, dribles e cruzamentos (já não precisa de puxar a bola para o outro pé..) que são um regalo para a vista. Defensivamente, raramente conseguem levar-lhe a melhor porque recupera facilmente a posição, fecha bem ao meio e continua tão raçudo como sempre. É um prazer finalmente conhecê-lo, Señor Fucille!


Sobre Fernando, após a enésima demonstração de sobriedade e eficácia só posso dizer (ou alertar os mais distraídos) que infelizmente não ficará aqui por muito tempo. É o melhor elogio que lhe posso fazer. Parabéns a Jesualdo Ferreira pela forma como processou o crescimento deste excelente jogador.

Diferença de Mentalidades - Flávio Meireles, Capitão do Vitória de Guimarães, cometeu um erro grave que provocou um penalti contra a sua equipa e lhe valeu o segundo amarelo e consequente explulsão. O resultado ainda era de 0-0 e o Guimarães não estava a jogar para empatar. Em vez de se tentar desculpar junto do árbitro com a ajuda dos colegas, assumiu o seu erro (houve nítida falta de concentração no lance, e quando esboçou uma reacção fê-lo da pior maneira) e antes mesmo do árbitro mostrar-lhe o segundo Amarelo já ele tinha tirado a braçadeira de Capitão para passa-la a um colega. Porque o jogo não acabava naquele lance (e não acabou mesmo) e havia que continuar a lutar. Excelente atitude de Flávio Meireles, e excelente réplica do Vitória de Guimaraes que, a jogar com menos um, por pouco não ofereceu uma vitória ao seu Capitão.

Manuel Machado, na sua análise ao Porto-Nacional da Madeira, afirmou com contundência que “hoje, viram-se dois jogos”- em alusão ao facto de ter havido um jogo antes do Penalti e expulsão contra o Nacional e outro completamente diferente depois.

Estou inteiramente de acordo consigo Sr. Manuel Machado!, eu ontem também vi dois jogos, e em ambos os jogos houve um lance que ditou penalti e expulsão. Já a diferença na atitude com que as equipas do Guimarães e do Nacional reagiram a esse mesmo lance é que deveria merecer profunda reflexão da sua parte…

A misteriosa (¿) inércia do Sporting – Como Português, agradou-me a exibição que a equipa Leonina havia produzido no confronto com a Fiorentina. Em vários momentos (mas nunca em simultâneo…) vimos um Sporting capaz de produzir bom futebol e inclusive ultrapassar a adversidade de jogar com menos um jogador. Sábado, no jogo com o Braga, viu-se um Sporting a viver, mais que uma crise de forma (e o que não falta naquela equipa são jogadores – alguns deles nucleares - fora de forma…), uma autêntica crise existencial. Como é possível que uma equipa que manteve nos últimos anos o mesmo núcleo de jogadores dê durante largos períodos a sensação que estão a jogar juntos pela primeira vez? Seja qual for a zona do relvado quase não se vê desmarcações, e já não há como esconder a falta de concorrência existente - Há um núcleo de jogadores que não sente o seu lugar em risco (olha para o banco e não tem razões para isso..) e isso reflecte-se no rendimento global da equipa nas últimas temporadas, onde em vez de se verificar uma evolução e crescimento sustentado da equipa (como tanto apregoaram os seus dirigentes, motivado pela permanência no plantel de jogadores-chave) e da qualidade de jogo por esta produzido, vemos a queda numa inércia que os rivais não deixam de agradecer.

1 comentário:

Pedro Silva disse...

Sempre atento ao que se passa no Mundo da Bola este Mito...

Confesso que não reparei no pormenor do Tecla, mas do que vi nos Estádio e não só já me tinha apercebido que Farias faz parte dos planos de Jesualdo. Ficando só a pergunta: Para quê Kleber ou qualquer outra porcaria? Lixo já temos que chegue.

Quanto ao Fucile e Fernando, estes são exemplos dos bons e velhos Tempos em que o nosso FC Porto comprava barato e de boa qualidade. Agora nem vale a pena falar...

Flávio Meireles e o Prof. Manuel Machado são o exemplo de bons profissionais de futebol, se bem que há sempre uma enorme quantidade de Chicos Espertos que deturpam estas declarações para defenderem a sua Dama avermelhada que ainda vai morrer de cansaço perto do Natal.

Quanto ao Sporting, acho que a imagem diz tudo e o teu texto completa.

Saudações Portistas!!!