Os ignorantes dirão pela enésima vez que tudo se resume a uma necessidade “endémica” que o Porto tem de se fazer de vítima, professando que o mundo conspira contra si e que, “contra tudo e contra todos, sairá vencedor”. Já os que se prestarem verdadeiramente a escutar e observar (o que no Futebol chega a ser um esforço hercúleo) saberão que a verdadeira necessidade histórica deste clube (de resto, tal como a cidade) não é o Martírio. É o Combate; e quando paira no ar o cheiro da afronta ou da falta de respeito é seguro que todos levarão a devida resposta. Quem tiver dúvidas sobre o que acabei de dizer, dirija-se aos jogadores do Sporting Braga e pergunte se depois da Nortada que levaram este Domingo passado algum deles achou em momento algum que o Porto entrou em campo armado em vítima…
Nas últimas épocas, o combate que a equipa travou foi o de dignificar Portugal nas competições Europeias e reconstruir-se (sem deixar de vencer, e isto não é um pormenor) após as sucessivas sangrias que o plantel sofreu com a saída dos seus jogadores mais cotados; adversário interno nem vê-lo, e esse foi o toque de novidade que surgiu este ano na nossa Liga. Para mais, veio em dose dupla, não surgindo um, mas dois adversários directos. Embrulhado em mais uma reconstrução, o Porto demorou a reagir (atraso que pode revelar-se fatal), e o irónico é que foi necessário perder o seu jogador mais desequilibrante para se decidir a lutar pelo Penta até ás últimas consequências.
Contudo, seria um erro reduzir a mudança operada na equipa a uma plano meramente mental, para mais quando há vários talentos ali à solta: Como não falar de Varela? No início sabíamos que ele era forte e rápido, depois descobrimos que sabia driblar, depois que sabia finalizar, e agora descobrimos que faz cruzamentos milimétricos com o pior pé (o facto de também jogar sempre de cabeça levantada certamente que ajuda). A única certeza que já temos é a de que cresce de jogo para jogo.
Como não falar de Álvaro Pereira e de Falcão? Quando o primeiro combina cada vez melhor com os companheiros e parece uma gazela ao percorrer aquele corredor esquerdo e o Colombiano não se cansa de relembrar a todos que um goleador não tem que ser rápido, alto ou forte; basta chegar primeiro à bola e mete-la no fundo da baliza. Só isso. E só por isso é um Craque! Falcão consegue ser isso tudo e ainda lhe sobra tempo de ser um magnífico jogador de equipa.
E como não falar de Ruben Michael?, que possui o dom raro de desatar todos os nós do meio campo através dos processos mais simples. Ao seu lado, Meireles respira incomparavelmente melhor, pois sabe que junto de si um jogador que, tal como ele, opta pelo passe em detrimento do drible, e num meio-campo a 3 como o do Porto é mesmo isso que se pede. A Selecção aguarda-o com impaciência!
Serão estes jogadores suficientes para lutar pela revalidação do título? É difícil dizer. O Benfica está forte (e a jogar muito bem, devemos reconhecê-lo) e o Braga não irá desarmar. Creio que tudo dependerá da capacidade do Porto em recuperar os avançados que tem lesionados (em especial Rodriguez e Farías), pois será impossível a Varela e Falcão manter este ritmo se jogarem sempre os 90m.
Outro detalhe que será decisivo é a gestão que Jesualdo e Jorge Jesus terão de fazer dos plantéis devido aos compromissos Europeus. A Jesualdo espera-lhe um jogo terrível em Londres e terá de puxar pela imaginação se quiser quebrar a tradição das eliminatórias contra as equipas Inglesas. É que se houve ilação a retirar do jogo da 1ª mão (aparte de que a sorte, a eficácia e a inteligência competitiva já não são exclusivo dos clubes estrangeiros), foi que entregar de bandeja a posse de bola ao Arsenal constituiu um risco enorme. Em Londres, é suicídio certo. Jesualdo sabe-o, e não me admirava que o 4-4-2 com que o Porto terminou o jogo com o Braga tenha alguma coisa a ver com isso… mas aguardemos.
Jorge Jesus pode dizer as vezes que quiser que o campeonato é a sua prioridade (e é, ninguém duvida disso), mas não acredito que se atire borda fora da Liga Europa. O Benfica tem pergaminhos a defender e quer recuperar a sua imagem também no exterior. O Marselha de Lucho Gonzalez será um adversário bem mais complexo que o Herta, e Jesus terá de jogar os seus trunfos em 2 tabuleiros diferentes. Será tudo isto complicado de conciliar, sabendo que não pode perder o campeonato de vista? Claro que é! Mas não é o Benfica que quer correr atrás do tempo perdido? Então verão como isso custa. O Porto é obrigado (obriga-se) a fazer isto todos os anos já desde há muito tempo!
1 comentário:
Caro Mito, eu vou comentar a última parte do teu texto, porque como Portista já sei que o nosso FC Porto é um Clube Lutador e que faz muitas vezes das Tripas Coração para ser o Melhor Clube Português e aquele que mais longe leva o nome de Portugal na Europa e no Mundo.
É precisamente aqui que quero bater na tecla, pois acho triste que os Dirigentes do Benfica tenham vindo a público afirmar que a Liga Europa é secundária...
Como querem estes Srs. que nós digamos que o Benfica é um dos Grandes de Portugal se tem este pensamento á Pequeno?
Será que esta afirmação de por a boa imagem de Portugal na Liga Europa para segundo plano é o reflexo do péssimo estado em que as Contas Benfiquistas se encontram? Será o sinal de que afinal nada está bem apesar de o Benfica estar a jogar bem?
Depois o nosso Porto é que é o mau da fita e o Papão.
Um grande abraço e saudações Portistas!!!
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