quarta-feira, 31 de março de 2010

Ratings e Project Finances

A Agência de crédito Riskdisk suspendeu ratings (classificações) de risco de crédito de 14 dos 20 clubes da Premier League, incluindo o Liverpool e o perseguidor do título, Chelsea, segundo uma reportagem do jornal londrino Times.

As agências que negoceiam com estes clubes, são aconselhadas a suspender as condições de crédito mas, esta classificação, só leva em linha de conta os resultados financeiros dos clubes cotados e as suas empresas, não as holdings. Embora não analisem a possibilidade dum investidor lá colocar mais dinheiro, não deixam de fora esta hipótese.

Em Janeiro, outra empresa de crédito a Experian, colocou na lista negra 8 clubes com 5 em “estado crítico” e sugeriu que Manchester United, Arsenal e Blackburn Rovers representam um “risco moderado” para potenciais financiadores. A notícia surge na semana em que os clubes envolvidos nas provas da Uefa revelam que as suas políticas visam limitar as dívidas a longo prazo e protegerem-se da influência de investidores novos-ricos. Como já foi referido, a UEFA reserva-se o direito de excluir das competições europeias, clubes, que não tenham a sua situação financeira sob controlo. De acordo com as suas observações, 15 clubes da Premier League, estão a operar com prejuízo.

Os inspectores da UEFA vão começar a investigar clubes cujos Salários excedam 70% dos Proveitos ou quando a dívida é superior à facturação anual de forma a verificarem a sustentabilidade da gestão. Aos clubes não será permitido um excesso de endividamento, a menos que, seja para efectuar projectos de infra-estruturas ou aplicações na formação jovem.

Vem tudo isto a propósito dum recente comunicado da Sporting SAD, adiando a conclusão das negociações de mais um Project Finance para o próximo mês de Setembro. Como é conhecido, esta operação hoje em dia muito em voga em certas Sociedades Desportivas estabelece não só, uma relação de cumplicidade com a entidade financiadora, mas também, no acompanhamento do projecto durante a modelização e estruturação do financiamento bem como durante todo o seu ciclo de vida, constituindo-se como o interlocutor privilegiado entre a empresa e o Grupo de Financiadores”.

Nos últimos anos, a Sporting SAD teve vários sobressaltos na sua estrutura financeira que nunca conseguiu ultrapassar pese embora, o voluntarismo dos seus dirigentes, a máxima contenção de custos sobretudo na política de aquisições, bem como uma “atenção” permanente da entidade financiadora. Os últimos indicadores conhecidos não são muito optimistas. Os Resultados de Exploração Corrente estão equilibrados (Proveitos 19.6M€ e Custos 20.1M€) mas, o Resultado Liquido do Exercício, cifrou-se nos 7.8M€ negativos. O Activo Total é de 119M€, o Passivo corrente é reduzido (32.4M€) mas já o não corrente atinge números mais elevados (110.5M€). Situação mais preocupante é o valor do Capital Próprio (-23.811M€).

Resumindo: Se, por um lado, o adiamento do Project Finance pode denunciar preocupações na concretização das inevitáveis garantias que a Sociedade obrigatoriamente tem que oferecer ao Banco, por outro, podemos admitir que algum desafogo financeiro devido aos compromissos relativamente baixos a curto-prazo cria, por mais alguns meses, uma expectativa para a reformulação do plantel da nova época. Como não se vê onde o clube vá conseguir angariar mais receitas, só uma boa prestação desportiva e o consequente aumento da bilheteira parecem poder alterar a situação. No fundo, tudo se resume aquela frase do António Oliveira: “isto o que interessa é a bolinha entrar ou não, o resto é paisagem”.

Até para a semana

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