Cantona tinha avisado: “Qualquer dia, em Inglaterra, os clubes não tem jogadores Ingleses”. Com efeito o Arsenal apenas tem 4 jogadores e o Chelsea 6 nas suas fileiras. Ficou célebre a equipa do Arsenal, na época passada, quando recebeu e venceu o Crystal Palace. Pela primeira vez uma equipa Inglesa apresentou-se em jogo sem qualquer britânico. Alinharam com 6 Franceses, 3 Espanhóis, 2 Holandeses, 1 Camaronês, 1 Marfinense, 1 Brasileiro e 1 Suiço.
Por cá o Braga corre o sério risco de não poder inscrever na Champions os 25 jogadores a que tem direito visto não cumprir a regra de terem, pelo menos, 8 jogadores com formação local. Como se sabe um “jogador formado localmente” é aquele que tenha sido inscrito na Federação Portuguesa de Futebol, pelo menos, durante 3 épocas desportivas entre os 15 e 21 anos de idade. Quanto a jogadores portugueses nos planteis, o Futebol Clube do Porto com 16 jogadores e Sporting com 18 são a excepção. O Benfica tem apenas 8. Já em Espanha, a campeã do Mundo, tem uma média de 20 jogadores espanhóis nas suas 3 principais equipas: Barcelona, Real, e Valência.
Toda esta problemática deriva da necessidade que a UEFA sentiu em proteger os clubes que tem escolas de jogadores onde os seus atletas dificilmente se impõe na formação principal sendo emprestados a equipas concorrentes de segundo plano sem capacidade financeira para importar vedetas. Veja-se que aos nossos 3 principais clubes, chegam todos os anos, carradas de jogadores com qualidade duvidosa e em fim de carreira que mais tarde tem que ser vendidos ao desbarato, quando não, despachados graciosamente. Os elevados salários mensais pesam, e de que maneira, nas frágeis finanças dos nossos clubes. O recurso a fontes de financiamento alternativo tais como as penhoras dos passes dos atletas à Banca ou aos Fundos, a renegociação dos contratos de Publicidade, Marketing, Naming e Tvs, a par da constante emissão de Empréstimos Obrigacionistas, são inevitáveis, assim como, o agravamento das Amortizações e o Passivo Financeiro. A primeira coisa que os clubes vão ser tentados a fazer num futuro próximo é acabar com a formação.
A quota de jogadores para a época 2009/10 é de 4+4. O não cumprimento destas medidas acarreta uma sanção que passará pela diminuição do número de jogadores a poder ser inscrito nas provas europeias no valor em falta; ou seja, a uma equipa que apresente em 2009/10 apenas 2 jogadores formados no clube e outros dois formados num clube da mesma federação, apenas será permitido a inscrição de 21 jogadores (os 25 previstos no regulamento menos os 4 em falta).
Para clarificar a situação, a UEFA define um jogador formado pelo clube como todo aquele que ali tenha passado pelo menos 3 épocas no período compreendido entre os 15 e os 21 anos, e um jogador formado na mesma federação é aquele que durante o mesmo período temporal tenha passado 3 épocas no mesmo clube ou, noutro clube, que faça parte da mesma federação. Neste contexto, como é possível que as entidades competentes – Federação Portuguesa de Futebol e Liga Portuguesa de Futebol – não acabem com este calvário e, tal qual a UEFA, imponham um coeficiente mínimo de atletas formados localmente para as competições internas?
Conhecendo-se que os empresários, e não só, auferem “comissões”, independentemente de o jogador – o tal “activo” que lhes permite ganhar o dinheirinho - receber ou não, fácil é adivinhar o porquê dos clubes preferirem entrar por negociatas no mínimo duvidosas, em vez de lutarem para impor a presença nas suas equipas dos atletas provenientes dos escalões de formação. Predigers, Caicedos e Robertos, só para nomear um de cada clube, são exemplos daquilo que não interessa. Afinal que futuro para os jogadores Portugueses?
Até para a semana
1 comentário:
PARABÉNS! pela pertinência do tema.
basicamente, espera-nos um futuro muito negro. o exemplo da Liga inglesa é bastante pertinente porque, sabendo-se do nosso "atraso" para com o resto do Mundo, considero que ainda vamos muito a tempo de emendar o que (lamentavelmente) está a ser feito ao nível da formação de jogadores em Portugal. o expoente máximo destes erros é a nossa Selecção que se encontra deficitária de jogadores nucleares para posições fulcrais no terreno de jogo: defesa-esquerdo, trinco, "10" e ponta-de-lança. mas, esta é a minha opinião.
saudações PENTACAMPEÃS!
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