segunda-feira, 16 de julho de 2012

Algo Vai Mal no Reino da Dinamarca


A “notícia” da última quinta-feira, anunciando a extinção (?) do Basquetebol no nosso Clube, deixou os Portistas à beira de um ataque de nervos. Vários amigos contactaram-me por mail solicitando informações ou comentários. Os nossos inimigos exultaram! Decidi deixá-los poisar. Para mim, a decisão não me surpreendeu por aí além. Quem está atento aos Relatórios, já suspeitava que andava qualquer coisa no ar, inclusive pela referência a “salários em atraso”, bem como, pelo aviso que o senhor Pinto da Costa tinha feito que "se o chateassem muito acabava com a modalidade" (isto a propósito da palhaçada com o Carlos Lisboa que a Federação ainda não resolveu). Muito menos me preocupava a modalidade em si, da qual nem era especial conhecedor. Mas lá decidi tentar esclarecer os sócios/adeptos da modalidade sobre o que realmente se passa.

Estamos a misturar tudo. Já se pergunta “pelas vendas do Futebol”, “onde está o dinheiro” e coisas parecidas. Vamos começar pelo princípio. O processo que levou à criação duma SAD para gerir o Basquetebol, seguiu o mesmo raciocínio de todas elas, nesta e em outras modalidades. Conferir uma autonomia técnica, administrativa e financeira que melhor agilizasse os fins para que foram criadas.

Em 1997, o Departamento de Futebol, deu um grande salto com a constituição de uma Sociedade Anónima Desportiva e passou a ser gerido pelo Conselho de Administração da Sociedade Desportiva FC Porto, Futebol SAD tendo como presidente o Senhor Pinto da Costa. Paralelamente o mesmo processo foi estendido ao Basquetebol, nascendo o FC Porto, Basquetebol SAD mas, com a particularidade de integrar apenas os escalões seniores. As equipas de formação pertencem ao FC Porto/Clube.

Assim temos que o Basquetebol se rege pelo regime de Sociedade Anónima Desportiva, ao contrário, por exemplo do Andebol que reveste a figura de Associação Desportiva em regime especial de gestão, ou o Hóquei em Patins como Associação Desportiva sem fins lucrativos. Não vou analisar as diferenças no enquadramento legal de cada uma destas 3 situações, somente recordar que, enquanto no Andebol e no Hóquei, estas modalidades estão “suportadas” exclusivamente pelo Clube, no caso do Basquetebol onde o FC Porto tem apenas uma cota de 40%, a Sociedade “reparte” com outros a responsabilidade da gestão. Acontece então, que pelo menos nos últimos 5 anos, o Capital Próprio, com a diminuição dos Proveitos (transmissões televisivas, bilheteira, publicidade) conjugada com o aumento dos Custos, nomeadamente da massa salarial dos atletas, teve resultados de exploração líquidos negativos atingindo neste momento, um considerável valor deficitário. Segundo o Código das Sociedades Comerciais, como se sabe, a situação não se poderá manter por muito mais tempo, razão pela qual, o nosso Presidente (simultaneamente da SAD, e do Clube) tem, não só a obrigação mas a responsabilidade, de inverter o modelo de gestão.

O enquadramento das modalidades, não é fácil do ponto de vista administrativo, bem como, a gestão de cada uma delas. A SAD e todas as sociedades que entram nas suas contas consolidadas já têm muito com que se entreter: PORTO COMERCIAL (que gere a Bilheteira e Dragon Seats, o Merchandising, a Loja do Associado, a marca FC Porto e os Eventos Não Desportivos); PORTO ESTÁDIO (que gere o Estádio do Dragão, o Dragão Caixa, o Centro de Treinos, o Vitalis Park, e o Lar de Futebol Juvenil); PORTO SEGUROS; e PORTO MULTIMÉDIA. As outras modalidades não profissionais encontram-se reflectidas uma a uma, nas Contas do Clube, e suportadas pelo seu Orçamento Anual, aprovado em Assembleia-Geral.

Uma das soluções será extinguir (apenas) a Sociedade, voltar a integrar a modalidade no Clube, e começar tudo do princípio. O processo, tecnicamente, é longo e complicado pois existem contratos e compromissos comerciais em vigor. Somente recordar que por força do Regulamento, a desistência, melhor dizendo “a não inscrição” dentro dos prazos, conduz a equipa à descida para os escalões secundários como se viu, por exemplo, com o Leiria no Futebol. Existe outra saída que, por agora, não vou aqui revelar. A actual conjuntura também não ajuda nada. Por favor não misturem as coisas. Há dias escrevi numa crónica que “qualquer dia os Bancos vão voltar a ser Cafés”, e “muitas SAD vão voltar a ser Clubes”. Quem não entender isto, não entende nada.

Até para a semana

2 comentários:

dragao vila pouca disse...

Bem analisado, é isso mesmo. Pena foi chegarmos aqui, os sinais eram claros e foi pena que muitos que agora estão incomodados, nunca tenham perguntado e reagido, perante os excessos de gorduras, usando uma frase que está na moda, bem visíveis em quem via os jogos.
Criar condições para a modalidade continuar e se possível participar no campeonato, é o desafio que hoje vai ser decidido.

Abraço

Pedro Silva disse...

@ Lima

Confesso que quando escrevi um curo texto sobre este assunto que aguardava ansiosamente por uma reflecção da sua parte.

E valeu a pena a espera. Elucidativo como sempre, o meu amigo coloca alguma água na fervura e num tom didático diz e muito bem "eu bem que avisei". Foi o Lima e eu que tantas vezes batemos nesta tecla do poupar para tempos difíceis... Agora é o que se vê...

Espero que o FC Porto corte nas Gorduras de que o Vila Pouca falou sem acabar com o Basquetebol.

Aquele abraço!