terça-feira, 26 de março de 2013

Mais um Presidente

Nesta quadra de “defeso”, entremeada com a miserável prestação da nossa selecção, nada melhor do que um olhar distanciado sobre as eleições no “clube dos 3 milhões de adeptos”, ganhas como se esperava, pelo “candidato da rotura”, Bruno de Carvalho.
 
A tarefa do novel presidente não se afigura fácil, a avaliar pelos indicadores apresentados na última “auditoria externa”, melhor dizendo, análise financeira, dos Revisores Oficiais de Contas, Patrício, Moreira, Valente & Associados que tenho andado a ler.
Primeiro com Santana Lopes (21M€ negativos); depois o banqueiro José Roquette, (em 5 anos um prejuízo de 48M€ e o Passivo a subir); Dias da Cunha, o megalómano do Alvaláxia XXI, mais uma quantas estruturas comerciais (sociedades imobiliárias) que nada tinham a ver com o futebol, um resultado líquido negativo de 118M€ e o Passivo a disparar para os 277M€; Soares Franco a vender tudo o que era vendável, e a conseguir o único resultado positivo da década 6,5M€; José Bettencourt com resultados negativos de 38M€, os empréstimos a rondar os 280M€, e uma estranha emissão das chamadas VMOC’s que não são mais do que títulos obrigatoriamente convertíveis em acções, naturalmente não atractivas para os compradores, a menos que alguém quisesse tomar conta do clube. Com esta operação, a SAD viria a ficar com um capital social de 39M€, sendo o Sporting/Clube detentor de 89,31%, e o compromisso de as readquirir até 2016. Resta o mandato de Godinho Lopes, caracterizado pela dança da entrada e saída de jogadores e treinadores, cujo saldo ainda estará por apurar mas, a fazer fé no que afirmaram os candidatos durante o período eleitoral, o Passivo ultrapassará os 400M€.
 
Se juntarmos a este descalabro, os péssimos resultados desportivos, está explicada a necessidade de eleições antecipadas, em mais uma tentativa de evitar a insolvência anunciada. Com o início da subida do Passivo aquando da construção do estádio, mais o aumento dos Custos devido às políticas erradas na contratação de mais e mais jogadores, resultou num Passivo Financeiro cada vez mais elevado com o consequente fechar dum círculo vicioso. Não aparecendo as vitórias, o recurso a empréstimos da Banca ou Fundos de proveniência duvidosa, como se sabe nada do agrado das estruturas que mandam no futebol europeu, diminuiu a liquidez de Tesouraria, motivando empréstimos sobre empréstimos, nada mais do que aquilo que o circo do outro lado da Segunda Circular também faz há anos, sem que a querida comunicação social que os leva ao colo, lhe dê o devido relevo.
Resulta daqui que actualmente quem “manda” na SAD, e por tabela no Clube, é a Banca, consubstanciada num chamado Project Finance que já vem de 2005, “renegociado” por todos os presidentes, que é como quem diz, sempre a subir, num movimento uniformemente acelerado. Em consequência destes acordos, todo o património do Sporting ficou onerado ao serviço da dívida, a favor dos bancos credores (BCP e BES), com penhores e promessas de penhores de acções da SAD, SGPS, e SPM, a saber: Créditos do Grupo SCP; Direitos de Patrocínio; Direitos Desportivos; Contas bancárias; Equipamentos; Quotas; Passes dos Jogadores; Hipotecas sobre o Património Imobiliário e respectivos Direitos de Superfície.
 
Feitas umas contas rápidas, chega-se à conclusão que a SAD teve um prejuízo médio anual de 10M€, muito por via da construção do Estádio; das trocas e baldrocas com jogadores; dos juros bancários; da alienação do património imobiliário. Cabe então questionar como foi possível um clube com “3 milhões de adeptos”, ser gerido durante 12 anos por 6 analfabetos desportivos, não sendo possível encontrar um, pelo menos um, que percebesse qualquer coisinha de futebol, afinal o prato que a casa gasta.
 
Até à próxima

1 comentário:

Fernando Tavares disse...

Muito bem analisado Lima
Aliás como sempre o rigor dos dados apresentados nos seus artigos.
Parabéns
ft