segunda-feira, 19 de maio de 2014

Pausa para Pensar

Tenho seguido com particular atenção nos blogues da chamada Bluegosfera as críticas apontadas à Administração da SAD numa das piores épocas da era Pinto da Costa. Não vou aqui reproduzi-las, conhecidas que são de todos, nem sequer comentá-las. Importa mais fazer uma espécie de “balanço” às possibilidades da SAD para se meter nas aventuras desejadas pela maioria dos sócios e adeptos. Podemos começar pelo último resultado conhecido das Contas, o relativo ao 1º semestre (1 de Julho a 31 de Dezembro de 2013), ou se preferirem, a primeira metade da época que agora terminou.
 
Claro que, mesmo para aqueles (poucos) portistas, sócios ou adeptos, que conhecem os resultados, relativizam-nos. Falam de milhões como falam de trocos no restaurante. Para a maioria são simples números irrelevantes. Não fazem a mínima ideia como se gere um negócio, uma sociedade que é do que estamos a falar, nem lhes importa saber. Vitórias precisam-se a qualquer custo, não importa se temos meios para pagar, ou se ficamos a dever. O exemplo da SAD do clube da treta, completamente falida, não os preocupa (e ainda bem), mas também não imaginam que um dia destes poderemos estar próximos daquela situação. Ainda há dias anunciámos mais um Empréstimo Obrigacionista, desta vez, de 15 milhões.
Bem sei que vivem das memórias passadas “quando a escola era risonha e franca” dos 30 anos passados, das centenas de títulos, troféus, taças, campeonatos, ligas, champions, eu sei lá, a que o nosso presidente nos habituou. Os exemplos que vêm “lá-de-baixo” passam incólumes. Dois circos vizinhos, falidos até ao tutano, levados ao colo por uma imensa procissão de bajuladores que se ergue todos os anos, têm servido como estímulo para os “parolos-cá-de-cima”. Brincadeiras geográficas à parte queria eu dizer neste meu arrazoado que “este ano não correu mesmo nada bem” e não creio que o próximo possa ser melhor.
Entrando no tema dos milhões só gostaria de vos relembrar que neste “tal” 1º semestre ficaram “apenas” 29 milhões a arder! Não sei se fazem ideia que altura ocupariam 29 milhões em notas de 10 euros com a espessura de 0,005mm empilhadas? É só fazer as contas, como diria o outro. Se preferirem, por quanto nos ficou cada penalty falhado por Jackson, ou bolas perdidas que deram golo da dupla Maicon/Mangala.
 
Continuamos a gastar mais do que recebemos. Os Resultados Operacionais (aqueles que se verificaram durante 6 meses de exercício) foram negativos em 22.2M€. O Passivo já vai nos 213M€ e o Capital Próprio (diferença entre o Ativo e o Passivo) continua negativo em 22.3M€ o que tecnicamente configura uma situação de falência. Não foi por acaso que ainda há poucos dias a SAD anunciou mais um Empréstimo Obrigacionista de 15 milhões de euros.
E os sócios e adeptos preocupam-se com quê? “Quem é este treinador? Quantos e quais são os jogadores que vamos comprar? Oxalá ninguém queira o Fernando nem o Jackson”! Pensam tudo ao contrário. Tal e qual como a Administração faz nos orçamentos: Pega numa folhinha A4 e primeiro “imagina/palpita” quanto vai ter de “ganhos” (Proveitos). Depois, do outro lado da folhinha quanto pensa “gastar” (Custos). Resultado: sai asneira! Como os ganhos são inferiores ao que pensavam, lá vão pedir mais algum emprestado. Os Custos sobem por causa dos juros que vão pagar aos investidores mais as despesas da colocação da operação no terreno (emissão, comissões, taxas, etc.
 
Quando as Contas anuais saírem (finais de Setembro) oxalá não tenhamos uma grande surpresa. Com a crise que anda nos clubes europeus para nos comprarem jogadores, o papão do fair-play financeiro para controlar, a falta de jogadores verdadeiramente apetecíveis para comprar a valores suportáveis, a quotização e a bilheteira a baixar, prevejo um fim-de-ano económico/desportivo muito atribulado.
 
Felizmente que há ainda alguns portistas que se juntam, numa qualquer porta 19, para uma verdadeira reflexão portista onde esteja viva a mística azul e branca. Pode mesmo estar neles a última força de reserva para não deixar cair o clube num trajeto descendente inevitável.
Vamos ao III Encontro da Bluegosfera no Auditório da Biblioteca Municipal de Espinho no próximo dia 7 de Junho, fazer uma pausa para pensar! (*)
 
Até à próxima
 
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