sexta-feira, 13 de março de 2015

As Contas são como Pescadinhas de Rabo na Boca

Podem dar-lhes as voltas que quiserem mas as Contas dos Clubes de Futebol, sejam eles formatados à velha portuguesa com uns empresários locais porreiraços que entram para lá com umas massarocas ou as modernas e pomposas “Sociedades Anónimas Desportivas”, demonstram que o atual sistema de gestão não tem ponta por onde se lhe pegue.
Começa tudo com os Orçamentos. Numa folhinha A4 os pobres coitados (leia-se: os diretores/administradores/gestores) alinham os Proveitos que julgam realizar (quotizações, bilheteira, TV’s, patrocínios, prémios etc.) e do outro os Custos (salários, fornecimentos e serviços externos, amortizações e provisões etc.) que pensam vir a ter.
 
Noutra folhinha colocam os jogadores que querem (gostariam de) vender e do outro os atletas que precisam contratar para o lugar dos que vão sair. Uma espécie de dança das cadeiras, tão a ver? Isto tudo a olho, claro! Por exemplo o clube da treta transferiu Coentrão e anda há 4 anos atrás de um substituto. Diz quem sabe que já entraram uns 17 (cada qual o melhor). Tive conhecimento que compraram mais um desconhecido que por enquanto está congelado para não desmoralizar o barrigudo que lá está agora.
E como é que um clube ou Sad funciona financeiramente, isto é, onde arranja aquilo com que se compram os melões? Muito facilmente. Como as receitas (sem compras ou vendas de jogadores) são pequenas tenta equilibrar o barco. É claro que com as receitas ditas normais, não tem possibilidade sequer de comprar a cal de marcar o campo (vd. Benfica no tempo pós Vale e Azevedo) e tem que cravar uma das 3 entidades que ainda vão na canção do bandido. Os Bancos (cada vez mais falidos e menos disponíveis); os Empresários (um ou dois que andam por aí), ou os Fundos (sanguessugas em vias de extinção).
Com este sistema os clubes vão falindo alegremente e a prova disso é o aumento dos Passivos (repare-se nas colunas vermelhas). A passagem dos estádios para a SAD apenas faz subir artificialmente os Ativos. São apenas meros números contabilísticos. Toda a gente percebe que em caso de crise “estes” Ativos não são vendáveis. Desde 2002, a SAD do FC Porto aumentou o Passivo de 83M€ para 224M€. O Sporting aumentou de 69M€ para 262,7M€. O Benfica de 84M€ para 429,2M€.
 
É um beco aparentemente sem saída. Se não compram jogadores não ganham provas. Se não ganham provas não ganham dinheiro. Se não ganham dinheiro não podem pagar aos credores. Pelo menos teriam que vender, cada época, SEMPRE mais caro do que compraram. O senhor Vieira que durante os seus mandatos comprou mais de 300 jogadores sabe isso muito bem. Nos tais Orçamentos não se veem medidas que diminuam “efetivamente” o Passivo. Pelo contrário continuam com o método da pescadinha de rabo na boca.
 
Até à próxima

5 comentários:

Luís Miguel disse...

A melhoria da situação financeira depende dos jogadores não irem às selecções e concentrarem-se no Porto que é a sua entidade patronal.

Os jogadores desvalorizam-se nas selecções.

Pedro Silva disse...

@ Luís Miguel

Posso não ter percebido o seu ponto de vista mas se o FC Porto tiver uma má época (como a do tempo de Paulo Fonseca por exemplo), os passes dos Jogadores também desvalorizam.

JOSE LIMA disse...

Assim é, Pedro. Também faz parte da "pescadinha de rabo na boca"
Senºão estiverem "na montra" quem é que lhes pega!
Abraço para os dois

Anónimo disse...

Não podes comparar passivos pré 2009 com pós 2009.
Entraram em vigor novas normas contabilísticas, que neste caso obrigaram a consolidar contas segundo métodos integral e por equivalência patrimonial.
Depois é engenharia financeira detendo mais ou menos capital das associadas.

JOSE LIMA disse...

Sim, sim, caro anónimo. Por acaso sou contabilista mas, para estas comparações, tem que se ir buscar um ponto-de-partida.
Os Resultados (neste caso, prejuízos, não vão sempre para "resultados transitados"?
Bem sei que "alguns" reavaliam o património para fingirem que tem grandes ativos. Connosco ainda não foi necessário.
Obrigado por ter comentado.