Os mind games com Rui Vitória antes da Super Taça fizeram ricochete e acertaram-lhe em cheio nas ventas. Interessante foi a discussão do problema semântico subjacente que pretende analisar a dicotomia entre o mérito do catedrático que treinou durante 6 anos o clube da treta e a “superestrutura”. Por agora a “instituição” deu-lhe resposta adequada. Segundo anunciou um dos papagaios de serviço o Benfica quer que o seu ex-treinador pague a cláusula indemnizatória correspondente e que estava estipulada no contrato.” Ou seja, “sete milhões e meio” de euros.
Tudo porque o sapateiro resolveu passar a colar as meias-solas no portal em frente e levou os esqueletos que tinha guardados nos armários mais as malas cheias de truques. Insultos aos próprios jogadores e árbitros, gestos e tropelias para os treinadores adversários, enfim a peixeirada habitual, durante 6 anos, mas que lançou um caos inesperado no circo de onde fugiu. A guerra-fria está a aquecer com as suas provocações. Cospe no prato onde comeu. Este tipo é muito mais rasca do que aquilo que pensávamos.
Certo, certo, é que o mestre da tática para conseguir o 3º lugar terá que puxar muito pelo caco para pagar os tais sete milhões e meio que o clube da treta precisa para abater ao Passivo. Embora seja uma gota de água nos cerca de 500M€ entre Clube e SAD, torna-se evidente, que apenas pretendem represálias sobre JJ. Resumidamente vamos ver como tudo se passou.
1 – A “instituição” não tendo dinheiro para pagar o vencimento principesco de JJ tentou arranjar-lhe um clube no estrangeiro para ir treinar, sugestão que recusou.
2 – Percebendo as intenções do patrão em não renovar o contrato procurou emprego. Os jornais começaram a explorar o “salto” que viria a ser confirmado pelos Calimeros no início de Junho em comunicado à CMVM.
3 – Passados mais de dois meses e meio os advogados do clube da treta resolvem chatear o homem “inventando” uma rescisão sem justa causa que nunca existiu, e a consequente compensação indemnizatória. Se existiu mostrem (como diria o outro), é apenas um “suponhamos”, JJ não rescindiu. Simplesmente perante o facto de ter sido impedido de entrar no seu local de trabalho (essa sim é uma questão que poderá ainda suscitar) foi parar a outro lado. Não é por aí que o Dr. João Correia (advogado do Benfica) vai lá chegar. Tinha outro meio mas é preciso provar.
4 – Refiro-me a uma eventual quebra no “Acordo de Confidencialidade” a fim de evitar “perda de dedicação exclusiva e sigilo à entidade empregadora”, que normalmente se utiliza nos contratos de Trabalho, e que possa (possa repito) ter existido.
É assim pouco mais ou menos (cito de cor)
CLÁUSULA … (Número)
(Exclusividade. Pacto de não Concorrência)
1 – O Segundo Contraente (JJ) exercerá as suas funções em regime de dedicação exclusiva à Primeira Contraente (clube da treta).
2 – O Segundo Contraente obriga-se a não exercer ou coordenar, total ou parcialmente, por si ou por interposta pessoa ou entidade, atividade comercial que seja concorrente à da Primeira Contraente, pois face à especial função que exerce tal acarretaria elevados prejuízos para a sociedade.
3- Mais se obriga, compensado que será por formação e Know-How que lhe será ministrado ao longo do seu percurso profissional nesta empresa, a manter a obrigação descrita no número anterior até …….. (número de anos) após a cessação do vínculo laboral entre ambos.
CLÁUSULA … (número)
(Confidencialidade e Know-How)
O Segundo Contraente obriga-se a não divulgar, durante o período de vigência do presente contrato de trabalho bem como após a sua cessação, quaisquer informações de natureza confidencial relativas à empregadora, designadamente informações referentes à sua organização, de que tenha conhecimento no decurso da sua atividade ao serviço da Primeira Contraente.
CLÁUSULA … (número)
(Incumprimento)
No caso de incumprimento de alguma das cláusulas aqui previstas, o Segundo Outorgante, (o trabalhador) pagará à Primeira Outorgante (o empregador), a título de cláusula penal, a quantia de € ................. (................. euros), num prazo de ................. dias após deteção do ato, sem prejuízo da responsabilidade criminal a que possa haver lugar.
Tão a ver? Para receberem a massa precisavam provar que JJ levou informação ao novo patrão. Qual? A marcação de cantos para o segundo poste? Os bloqueios ao defender livres? O plano de alimentação dos atletas? As discussões com os árbitros? Ou como conseguiram durante anos o benefício das arbitragens, incluindo a última época, o colinho? Esse segredo é que eles não querem que passe para o outro lado da Circular como já aconteceu no lançamento da linha lateral com a patola direita de João Pereira dentro do campo. Que vão fazê-lo “andar no arame” lá isso vão. Mas que não vão conseguir a indemnização também não tenho a menor dúvida. Afinal “eles” é que o mandaram de vela!
Resumindo e concluindo. O clube da treta enxotou o treinador, este foi esperto e arranjou emprego rapidamente no Circo em frente. Até pode ir dormir a casa e tudo. Chamar a isso “denúncia unilateral do contrato”, eu vou ali e já venho. Como diria o meu Avô: “agora assobiem-lhe às botas”!
Até à próxima.
4 comentários:
Brilhante, brilhante, brilhante... como o cabelo do messias!
Fantástico!
Mas permita-me um breve complemento dando, vá, um subtexto para esta crónica.
Vieira chamou o JJ para uma reunião e disse-lhe a verdade. Não há dinheiro para planteis malucos. Perguntou-lhe onde estava o progresso na "xempiens". Jesus ficou passado e, de vingança, aceitou o sporting.
Este último, com a miragem de títulos - campeonatos, entenda-se! - aceitou todas as condições do predestinado, mandou a espinha dorsal do clube às urtigas e empurra com a barriga tudo o que é promessa contratual que rasga e ordenado milionário com o que se compromete.
Então o predestinado resolve vingar-se de ser corrido - que no fundo foi - malhando nos mind games antes da supertaça, essa, que já ganhamos 20 vezes.
Só há uma equipa da qual ele tem respeitinho em Portugal - a nossa. Veremos isso dia 2 de Janeiro.
A nossa não é quebrada pelos jogos de um azeiteiro inculto e ignorante com a mania que é o maior.
Essa é a verdade dos factos.
Abraço Azul e Branco,
Jorge Vassalo | Porto Universal
@ Lima
A seu pedido eis que teço aqui o meu comentário se bem que o tema em debate "dá pano para mangas" porque sabe-se muito pouco sobre o que realmente se passou.
O Dto de Trabalho no Mundo do Desporto segue a Lei Geral de Trabalho mas também tem normas próprias, pelo que é um tudo ou nada complicado perceber onde quer realmente o Benfica chegar... O mais provável é querer chatear o JJ, mas nem por aí me parece que a "Instituição" venha a ter sucesso porque o Homem, de tão inchado que é, não vai sentir-se acossado seja pelo que for.
Já a questão da cláusula de não concorrência de que o meu amigo fala no texto, bem... Por norma este tipo de cláusulas surgem nos contratos de trabalho dos Cabeleireiros (por exemplo) mas costumam cingir-se `za obrigatoriedade de não abrir um estabelecimento de igual índole a x ou y metros do antigo local de trabalho. Já sobre o know how é algo de mais complicado se bem que no Mundo do Desporto é possível colocar nos Contratos de Trabalho dos Agentes Desportivos clausulas que os impeçam de trabalhar em Portugal para que o know how seja salvaguardado internamente.
Mas como já disse no início do meu comentário, este é um tema que tem muito "pano para manga"... Para poder opinar com segurança precisava de saber mais, muito mais sobre o que realmente se passou entre JJ e o Benfica. O que não me impede de dizer, mais uma vez, que, à primeira vista, o que o Benfica quer é chatear.
Aquele abraço!!!
Ao anónimo, e ao Jorge Vassalo obrigado pelos elogios.
Ao Pedro (que percebe de direito) o meu obrigadíssimo. Sabe sempre bem ouvir os pareceres de quem sabe.
Abraço para todos.
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