segunda-feira, 25 de junho de 2018

Se der para (con)vencer, tanto melhor

Um empate basta, e até se pode dizer que o novo sistema cardiovascular português ganhou resistência acrescida para apuramentos à rasquinha com estes últimos anos, mas um campeão europeu, e inegavelmente uma equipa repleta de jogadores talentosos - sim, um acima de todos os outros - não pode jogar para empatar.

É altura de não depender de um só homem, porque não foi com um só homem que o caminho se fez até ao troféu de Paris, e até Cristiano Ronaldo tem direito a ter, eventualmente, um dia menos conseguido. Contra uma equipa bem montada por Carlos Queiroz, em particular no setor defensivo, será necessária imprevisibilidade para encontrar espaços na defesa adversária.

A dinâmica da partida não pode ser analisada já de véspera, mas olhando aos jogos anteriores e às armas ao dispôr dos dois técnicos parece inevitável que o Irão assuma uma posição expectante, procurando resistir o máximo de tempo possível para surpreender num lance em velocidade, num lance fortuito, num momento de desequilíbrio defensivo português... o futebol faz-se de golos, e estes não surgem apenas com talento superior.
 
Sorte para quem não a teve?

A estrelinha que tem acompanhado Portugal faltou à equipa de Carlos Queiroz no duelo com a poderosa seleção espanhola. Foi contra Marrocos que o Irão conseguiu um resultado que mantém a equipa a sonhar com os oitavos, mas foi contra Espanha que mostrou que tem reais argumentos para aspirar a isso.
 
Mesmo perdendo, a dinâmica iraniana foi interessante, consciente do tipo de partida que esperava a equipa asiática, e Queiroz não deverá mudar muito na abordagem a esta partida, mesmo sabendo que a vitória é o resultado que interessa.

Alireza, uma das figuras do ataque iraniano, está em dúvida - já se viu obrigado a ser suplente contra a Espanha -, o defesa Cheshmi deverá falhar o jogo, mas isto são apenas detalhes, porque é como equipa que o Irão tem enfrentado as dificuldades neste Mundial.
 
Perder o medo à bola

«Inexplicável». Fernando Santos não escondeu o desagrado apesar da vitória contra Marrocos, criticando a circulação da bola. Num jogo em que a deverá ter em boa parte do tempo, é preciso saber o que lhe fazer, quando fazer, onde fazer.
 
A eventual abordagem defensiva iraniana poderá acabar por ajudar a isso: contra uma pressão mais baixa, menos agressiva numa primeira fase, poderá haver algum tempo para pensar, mas é preciso que os melhores executantes estejam em campo e num dia sim.

Será altura de mudar a equipa? A nossa aposta é a indicada abaixo, pelo histórico algo conservador de Fernando Santos nas alterações, mas logo na frente de ataque se vê uma mudança, que poderá ou não acontecer. Gonçalo Guedes tem desiludido, e num jogo em que as transições ofensivas - que o avançado de 21 anos tem como uma das principais valias - poderão ser mais importantes numa fase mais adiantada da partida, André Silva poderá ser por fim aposta.

Nas laterais, as dúvidas são também muitas, talvez até superiores: Raphael Guerreiro tem tido dificuldades físicas, e demonstra não estar ao seu melhor nível, e Cédric não tem os mesmos argumentos ofensivos que apresenta Ricardo Pereira. Pelo conservadorismo do técnico, poderá repetir-se a aposta nos homens do costume, mas Mário Rui e Ricardo espreitam oportunidades.

Um empate basta, mas lutar pela vitória é obrigatório. É obrigatório para evitar sobressaltos e porque o primeiro lugar é objetivo realista e poderá valer um caminho menos assustador nas fases a eliminar. E se pudermos ser ainda mais picuinhas: ver futebol de qualidade seria melhor ainda
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Argo publicado no site zerozero

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