Na Europa as competições internacionais de clubes, nomeadamente a Champions e a UEFA League, regem-se por um princípio semelhante: até ás chamadas Fases de Grupos os direitos pertencem aos clubes participantes quando disputem os jogos no seu terreno mas, daí para a frente, quem deles beneficia é a UEFA que depois “redistribui” os lucros através de prémios de presença e passagem da fase, consoante os resultados conseguidos.
Vem tudo isto a propósito de, no nosso País, se estar a estudar a melhor forma de rentabilizar as transmissões dos jogos: venda colectiva de direitos, por exemplo através da LIGA, ou negociação individual. Interessante questão é, desde logo saber, se é legal a “imposição” aos maiores clubes de partilharem o bolo com os restantes. A propósito, aconselho um interessante trabalho do Mestre em Direito, Dr. Pedro António Maia Oliveira “A NEGOCIAÇÃO CENTRALIZADA DE DIREITOS TELEVISIVOS NA ÓPTICA DO DIREITO À CONCORRÊNCIA” (1) que, pela sua complexidade, não cabe analisar nesta crónica.
Na maioria das principais Ligas europeias, nomeadamente na Inglesa, Italiana, França e Alemã, os direitos já são vendidos em conjunto, sendo a distribuição dos lucros, negociada em função das audiências, número de sócios, e/ou da performance desportiva. Excepção apenas para Portugal e Espanha onde os principais clubes: Barcelona, Real de Madrid, Benfica, Sporting e Porto, preferem a negociação directa. O Regulamento da Liga estipula no seu Capítulo VIII, Artigo 44º nº2: “Os clubes detêm individualmente a titularidade dos direitos de transmissão televisiva dos jogos e resumos”. Quanto aos valores praticados, existe um enorme fosso entre as ligas “milionárias” e os países mais modestos. Enquanto que, na Premier League, os valores são da ordem dos 1.550M€, na Liga portuguesa, não chegam aos 25M€. Os 3 grandes recebem entre
Compreende-se que não queiram repartir o bolo. Ele já vem todo esfrangalhado, até sonhei com um relato virtual: “a Controlinveste apanha a bola no meio-campo, dá ao lado para a Sportinvest, prossegue a jogada… lança a Olivedesportos detentora dos direitos, entrega à SportTv e falta! Livre à entrada da área. Os operadores formam a barreira, a RTP fica sozinha no meio-campo contrário. Quim Oliveira recua 7 passos, abre as pernas, põe as mãos nos quadris (onde é que eu já ouvi isto?) corre para a bola… chuta… e goolooo! GOOLLO! Vai buscar TVI! Vai buscar no fuuundo… do barbante! Quim consegue um hat-trick, que grande chapelada… Frango da PRISA! Vai transmitir as “sobras”, os joguinhos em sinal aberto!”
Acordo, abro os olhos, vejo no meu televisor um Grande Plano de João Gabriel!? Anuncia os jogos para a época 2013/2014 na BENFICATV. O monitor fica negro. Como os túneis e os Passivos. Aparece uma legenda: Pedimos desculpa por esta interrupção à qual somos alheios.
Até para a semana
(1) Edição da Verbo Jurídio http://www.verbojuridico.pt/ analisando o facto de diversas entidades desportivas delegarem numa estrutura comum a transacção dos respectivos direitos televisivos, cuja titularidade lhes pertence.
2 comentários:
Caro José Lima,
que grande 'post' ;)
brilhante interpretação da realidade em nada virtual e soberbo relato idílico - a fazer lembrar os do 'Quadrante Norte', «o som global» ;)
assim se vê como, até nestas questões de primaz importância, somos "pequeninos" e comezinhos - e não me refiro só aos valores envolvidos.
saudações PENTACAMPEÃS!
O post realmente estava brilhante até ao parágrafo final. Aí borrou a pintura! São verdes, não prestam. Mas lá chegarão, se conseguirem.
Saudações.
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