Pensemos na gestão financeira das nossas casas. O truque é não gastar mais do que se ganha. “Mas então, quando não tivermos dinheiro, não podemos adquirir bens”, perguntam os meus amigos. Claro que podem, com recurso ao instrumento CRÉDITO que consiste em negociar com uma entidade financeira, um empréstimo pretendido e, em contra-partida, prometer liquidar num prazo pré-estabelecido, o referido montante acrescido dum JURO. Enquanto na nossa casa não precisamos de ESCRITURAR esta transacção, já numa Empresa ou Sociedade, temos que LANÇAR este movimento na CONTABILIDADE. No caso desta hipotética Empresa ou Sociedade ser COTADA EM BOLSA, os seus RELATÓRIOS E CONTAS são obrigatoriamente publicitados através da CMVM, (Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários) um organismo que, para defesa dos INVESTIDORES (pessoas ou entidades que adquirem ACÇÕES dessas empresas), regula e fiscaliza, estas sociedades para que não produzam informações falsas.
No caso do futebol, a simples contratação dum jogador de topo, ou uma boa performance desportiva, podem fazer subir as acções da SAD. Quando não há expectativa de LUCRO, logicamente os investidores não adquirem ACÇÕES (participações no capital da sociedade) porque não arriscam perder dinheiro. É o que tem acontecido com as nossas SAD’s, fenómeno não muito diferente do que se passa, por exemplo, nos principais Clubes Europeus. Agora vamos ver como é que estes e outros movimentos devem ser apresentados no BALANÇO (“fotografia” da situação patrimonial duma empresa num determinado tempo, normalmente trimestre, semestre, ou ano). É aqui que entram os nossos já conhecidos termos: ACTIVO e PASSIVO. Voltando ao exemplo da nossa casa, o ACTIVO é tudo aquilo que possuímos (casa, bens, dinheiro) e ainda dívidas que tenhamos a receber de terceiros, por exemplo dinheiro que “emprestamos” a um familiar ou amigo para a compra de qualquer bem. O PASSIVO é aquilo que devemos a terceiros (o empréstimo bancário para a casa, bens do recheio adquiridos a crédito, dívidas ao Estado como multas, impostos, etc.). A nossa SITUAÇÃO LIQUIDA (onde consta o CAPITAL com que “entramos” para constituir o nosso lar) é então a DIFERENÇA entre o que temos e o que devemos.
Num BALANÇO, para melhor análise dos valores, estes são classificados por CONTAS. Assim vemos que normalmente, e em linhas gerais, os ACTIVOS fazem referência ao IMOBILIZADO (tudo aquilo que está imóvel, como os terrenos), e CIRCULANTE (mercadorias, equipamentos, dívidas de terceiros, títulos negociáveis, e depósitos bancários). Os CAPITAIS PRÓPRIOS são constituídos pelo Capital, por Reservas Legais, e pelos Resultados Transitados (aqueles que vem do ano anterior). O PASSIVO é constituído pelas Provisões (dinheiro que temos paralisado, sem lhe podermos mexer, para fazer face aos compromissos, Dívidas a Terceiros (que devem ser subdivididas em Médio e Longo Prazo, normalmente com prazos de pagamento a mais de 1 ano, e Curto Prazo que são dívidas a liquidar durante o exercício corrente). Naturalmente que quando os valores em débito são exigíveis a curto prazo, as sociedades ficam sem liquidez, isto é, as receitas correntes, sendo menores do que as dívidas, não são suficientes para solver (liquidar) os compromissos. Foi o que aconteceu há pouco tempo ao Sporting, e obrigou o clube a renegociar a dívida “esticando” o prazo de pagamento para mais tarde. É que o problema das SAD’s, não está no valor do PASSIVO, mas sim, na impossibilidade de aumentar as RECEITAS. O conceito fundamental é: PROVEITOS – CUSTOS = RESULTADOS. “Mas como é que estes Proveitos e Custos podem ser previamente quantificados?”
Muito simplesmente noutro instrumento fundamental para o equilíbrio das sociedades: o ORÇAMENTO que deverá ser apresentado antes do inicio do ano a que se reporta e que deve ser objecto dum aturado estudo económico, aferindo das possibilidades de obter receitas e custos comportáveis para sustentabilidade da gestão da sociedade. Depois, durante o ano, é necessário observar os desvios, naquilo a que se chama Controlo ORÇAMENTAL e, se necessário, proceder a correcções. O nosso clube tem tido o saber e a sorte de conseguir sempre RECEITAS EXTRAORDINÁRIAS, ou seja, aquelas que não são directamente recorrentes da normal actividade da SAD (transferir jogadores) e andar sempre dentro dos limites do Orçamento.
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Outro instrumento que faz parte do Relatório e Contas e ilustra a situação patrimonial duma empresa durante um período de tempo, normalmente 1 ano. Eu gosto de lhe chamar: Exercício do Ano Corrente. Isto porque quando a situação já vem deteriorada de trás, é difícil analisar com um relance de olhos de onde vem o prejuízo, naturalmente no caso de os resultados serem desfavoráveis. Nesta Demonstração de Resultados, são mencionadas as diversas actividades que a Sociedade possui, nomeadamente as Contas das Empresas que fazem parte da SAD: PORTO COMERCIAL; PORTO ESTÁDIO; PORTO MULTIMÉDIA; e PORTO SEGURO, a fim de se ter uma análise correcta de cada uma delas. Em cada uma, devemos mencionar como PROVEITOS as prestações do serviço e como CUSTOS todos os gastos (materiais, honorários dos médicos e pessoal auxiliar, encargos sobre as remunerações, limpeza, etc.). A diferença entre os Proveitos e os Custos é o Resultado Liquido (lucro ou prejuízo). Estas empresas aparecem obrigatoriamente no RC da SAD dado que esta tem nos seus Capitais, pelo menos 50% de participação. É por isso que se classificam as presentes Contas como CONSOLIDADAS.
A FC Porto, futebol SAD fechou o primeiro semestre da época 2009/10 com um resultado líquido positivo de 19,6 milhões de euros, subiu os capitais próprios para os 41,1 milhões de euros, deixando de estar ao abrigo do artigo 35 do código das sociedades comerciais. O Passivo da sociedade é agora de 148,7, tendo diminuído 12,1 milhões de euros em relação ao período homólogo, enquanto o Activo cresceu para os 191,1 milhões de euros, basicamente à custa do valor do plantel. Para aqueles que quiserem entreter-se a ver os tais “números”, podem consultá-los em http://web3.cmvm.pt/sdi2004/emitentes/docs/PCS27126.pdf
Até para a semana
2 comentários:
Belo blog amigo
Dá uma olhada no meu sobre o Inter, do Brasil (prasempreinter1909.blogspot.com) e dá sua opinião tambem.
boa sorte na liga
abs
Caros amigos e amigas Portistas, atentem nesta notícia:
FC Porto ataca Comissão Disciplinar no recurso
O jornal Record adianta que os dragões foram muito críticos no recurso enviado ao Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol pelos castigos a Hulk e Sapunaru, na sequência dos incidentes no túnel da Luz a 20 de Dezembro.
O documento critica sobretudo a rigidez excessiva da sanção decretada pela Comissão Disciplinar da Liga, liderada por Ricardo Costa, e a interpretação feita dos 'stewards' como "intervenientes no jogo".
A moldura penal de seis meses a três anos é considerada "uma restrição excessiva da liberdade de exercício da profissão dos jogadores e do próprio direito ao desporto", sublinhando-se ainda o "rigor punitivo chocante".
O enquadramento dos 'stewars no artigo 115.º do Regulamento Disciplinar é o outro foco contestado pelo FC Porto. "Isso equivaleria a passar um atestado de total irracionalidade ao legislador", frisa o recurso dos dragões, criticando Ricardo Costa por "baixar os braços" perante a "falta de proporcionalidade" da moldura penal.
In : SAPO Desporto
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