A Liga Morreu. Viva a Liga!

Segunda-feira dia 7 de Junho de 2010 terminou o pesadelo. Não é demais referir a enorme banhada que se abateu em final de mandato sobre a defunta Liga que, procuradores amadores, conselheiros vendidos, secretários de estado ausentes, fretes amarais requisitados, pasquins desportivos avermelhados, comentadeiros da verdade desportiva, paineleiros de serviço nas nossas queridas televisões, batistas, manhas, searas, cervans, e outros seres estranhos enalteceram.

Escuso-me recordá-los ao pormenor tão evidentes e abundantes tem sido e que perdurarão na memória dos nossos vindouros por muitos e muitos anos quando se referirem ao campeonato 2009/2010 como a "Liga dos Túneis". Assim, uma espécie de Caso Calabote que passados 50 anos ainda está fresco na nossa memória. SIM. PORQUE EU ESTAVA LÁ E ASSISTI A TUDO.

A propósito gostava de agradecer a João Queiroz a publicação em livro saído há semanas, daquele que foi porventura o maior escândalo do futebol em Portugal, tendo conseguido através duma vasta recolha de depoimentos, comentários, e recortes da época, contar toda a história num texto cheio de pormenores pitorescos e, desmontar para todo o sempre, as tentativas que o clube do regime tem feito ao longo de meio século para branquear este triste episódio. Com a devida vénia ao autor, permito-me acrescentar um pormenor ao que no livro se encontra relatado.

Com mais 5 amigos, saí do Porto pela manhã num velhinho Studbaker, daqueles com estribos de fora, rumo a Torres Vedras onde chegamos cerca das 12 horas já com uma grande mancha de adeptos Portistas presentes. Fomos para um restaurante perto do Campo das Covas onde, para surpresa nossa, quando nos sentamos à mesa, o empregado dirigindo-se a nós e reparando nas bandeiras que trazíamos nos disse: “meus amigos, eu sou do Porto mas vamos ser comidos. Esta semana estiveram cá dirigentes do Benfica e o treinador estrangeiro (nota: Valdivieso) deu o treino de conjunto na 4ª feira”. Ficamos naturalmente na dúvida se o senhor estava a gozar connosco e fomos para o campo.

Para abreviar a história, mais tarde ficamos a saber por outras fontes, que era mesmo verdade. Valdivieso não só tinha estado a treinar o Torriense como ofereceu dinheiro em caso de vitória, sentou-se do banco dos suplentes, deu instruções para dentro do campo etc. factos estes referidos no livro de João Queiroz. Estes “pequenos” pormenores dizem bem do que esta gente é capaz.

Basta recordar nesta época, o exemplo da “visita” dum Treinador do clube do regime ao estágio dos Bracarenses, para “entregar” uma mala a um jogador da casa. Para a CD da Liga tudo normal. Nada de grave que mereça a abertura dum inquérito. Uma “cachaçada” a um árbitro assistente também não. Importante sim, foi a História da Carochinha que uma rameira contou à Pinhoa. Mas, como dizia o meu Avô, felizmente “saiu-lhes o gado mosqueiro” *. Um Tribunal verdadeiro mandou aquele lixo para a “cesta” Secção. A LIGA morreu! Viva a LIGA!.

*gado mosqueiro: Enganar-se nos cálculos “…Dahí a nove dias, outro aviso do mesmo cunho, que declara aos Senhores desta Capital, que elle tem a honra de lhes dizer, (e nós a parvoíce de o aturar) que a sua partida fora adiada para acudirem com o Bálsamo do seu frasquinho a muitos de seus ilustres assignantes, que se achavão não de dente, mas de queixo cahido, por lhes haver saído o Gado mosqueiro e assustadiço com estalos de madrugada e que, - nem por muito madrugar amanhece mais cedo…” In O DESENGANO periódico político, e moral de José António de Macedo 1831 Salus Populi suprema Lex esto - “O bem-estar do Povo deve ser lei suprema”.

Até para a semana