Uns, Brasileiros, nem saberão bem o significado da palavra nervosismo, pois por cultura e predisposição irão festejar e sambar antes, durante e depois dos jogos do “Escrete”. O resultado e a exibição da sua equipa virão sempre depois.
Outros, Alemães, estão-se a borrifar para a praga de lesões que afastou do torneio quase metade da equipa que vinha sendo titular (Ballack incluído!), pois por mentalidade e responsabilidade sabem que SÃO a Alemanha, e é impossível não os considerar.
Os Espanhóis vão, por uma vez, com uma fé na vitória condizente com o estatuto de favoritos com que durante tantas décadas se auto-atribuíram (fosse realista ou não). Têm jogadores de Top Mundial em todas as linhas e um modelo de jogo elogiado e consolidado, sobrando apenas uma dúvida: Como vão lidar com o (real) estatuto de favoritos?
Os Argentinos, pese todas as dúvidas (legítimas) em torno do seu Seleccionador, possuem no sector atacante um arsenal sem paralelo em qualquer outra Selecção. E depois há Messi…e eles sabem-no.
E Portugal? Sinceramente, apesar do Ranking da FIFA nos colocar terceiros, creio que quase ninguém conta connosco. Ronaldo? Pois, aí é que reside a diferença: O mundo olha para Ronaldo, não para Portugal, e isso só pode jogar a nosso favor. Deco está esquecido; Nani e Bosingwa - bem conhecidos pelas suas actuações na Premier League - estão ausentes; jogadores como Liedson e Danny são praticamente desconhecidos do grande público.
Ronaldo merece uma análise mais profunda e cuidada. Reduzi-la ao já clássico “..ele joga que se farta nos clubes e na Selecção é o que se vê..” é pura preguiça mental e demonstra um completo desinteresse em perceber as causas. Ronaldo nunca teve na Selecção uma “entourage” como a que possuía no Manchester e possui agora no Real Madrid (Quiçá no Euro2004, mas aí os líderes eram outros, e ele próprio (ainda) não era o jogador que é hoje). À semelhança do que acontece com Messi (quando passa do Barcelona para a sua Selecção), os automatismos são outros, a qualidade de (alguns) dos jogadores que tem ao seu lado é inferior, e a própria mentalidade com que se aborda um jogo é diferente. Manchester, Barcelona e Real Madrid pertencem ao clube restrito de clubes que ocupam o patamar máximo na modalidade. Existe um ou outro ao mesmo nível, mas seguramente ninguém acima deles, e isso pesa (de uma forma positiva) nos seus atletas.
Já Portugal situa-se no segundo patamar, abaixo de Selecções Históricas como Brasil, Itália ou Argentina. São camisolas carregadas com o peso da história e quem pensar que isso não conta vive iludido. Reparem na Alemanha, que apesar de nos últimos torneios ter apresentado equipas sem brilho e sem um único jogador de nível superlativo (Oliver Kahn terá sido o último, mas já no ocaso da carreira) conseguiram chegar a uma final de Mundial e a outra de Europeu.
Na sua longa História, Portugal, além de ter dado novos mundos ao mundo, também deu ao Futebol equipas talentosas e alguns dos seus melhores intérpretes. Que tal metermos uma lança em África?
2 comentários:
Caro Mito
O meu amigo não é "só um adepto", é um excelente comentador e analisa muito bem a situação.
Oxalá entremos com o tal pé direito.
Abraço
Caro José Lima, antes de mais um agradecimento pelo seu comentário.
Penso que a nossa Selecção tem realmente reunidas as condições para fazer uma boa prova, pese embora o "espectro" de apanharmos os Espanhóis nos Oitavos.
Há uma outra Selecção da qual poucos falam mas que eu vejo com uma capacidade tremenda....a Inglaterra, e todos sabemos como Fabio Capello não brinca em serviço.
Mas que seja o nosso Mundial!
Saudações Desportivas
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