quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Do Céu caiu um Anjo

A reinvenção da escrita por um árbitro de futebol.

"O jogador da equipa visitada, Micolli, desmandou-se em velocidade tentando desobstruir-se no intuito de desfeitear o guarda-redes visitante. Um adversário à ilharga procurou desisolá-lo, desacelerando-o com auxílio à utilização indevida dos membros superiores, o que conseguiu. O jogador Micolli procurou destravar-se com recurso a movimentos tendentes à prosecução de uma situação de desaperto mas o adversário não o desagarrava. Quando finalmente atingiu o desimpedimento desenlargando-se, destemperou-se e tentou tirar desforço, amandando-lhe o membro superior direito à zona do externo, felizmente desacertando-lhe. Derivado a esta atitude, demonstrei-lhe a cartolina correspectiva." (1)

Vem isto a propósito duma entrevista (?) a Vítor Pereira no programa Contra-Ataque do dia 4 de Janeiro de 2011. O referido senhor, que parece andar a reboque do Benfica, como é seu hábito, não só não respondeu com exactidão às perguntas que lhe foram formuladas, como ainda, se deu ao luxo de fazer auto-elogios acerca das virtualidades da sua passagem, que se estima breve, pela condução da arbitragem na LIGA.

Depois da introdução que mais parecia o programa de candidatura à futura Comissão de Arbitragem da FPF que Vítor Pereira “gostaria imenso” de dirigir, respondeu às questões dos comentadores residentes. Rui Oliveira e Costa que, de futebol, percebe tanto como eu sobre o comportamento psíquico do escaravelho da batata na estratosfera, começou com a velha questão “da bola na mão ou na mão da bola”. Resposta fácil para o entrevistado: “cabe ao árbitro avaliar da intenção”. La Palisse, o nosso amigo sempre presente nestas grandes questões do futebol, não teria dito melhor. Nem era preciso haver árbitro, digo eu. Confiava-se na “honestidade” do prevaricador e ele, como nos jogos do recreio da Escola, acusava-se ou não da falta.

O cineasta entra mais a direito e, qual Calimero, corrobora as queixinhas de JJ tentando que, o Presidente do Conselho de Arbitragem, crucifique os árbitros intervenientes em 3 ou 4 lances com decisão erradas dos jogos da “instituição” com a Académica e o Vitória de Guimarães. Vítor Pereira qual ente superior diz que “não responde a treinadores”. Nem a eles nem a ninguém, digo eu. A única coisa que a Comissão de Arbitragem se digna fazer é enviar aos intervenientes dos clubes que apresentem razões de queixa, uma folhinha A4 com umas casotinhas preenchidas onde os árbitros explicam os motivos para as decisões.

Miguel Guedes coloca então a pergunta mais inteligente tentando perceber o critério das nomeações, bem como, a eterna questão de saber, afinal, como são avaliados os árbitros. O que o nosso amigo foi perguntar! Ficamos sem saber, não só, quem são esses ignotos e distantes cavalheiros, denominados “observadores” como, “helasse”, saber quem os escolhe, com que critério e, finalmente quem os fiscaliza. As nomeações, essas, são da exclusiva responsabilidade de Vítor Pereira que não conseguiu convencer minimamente os comentadores e, provavelmente o respeitável público televisionador de como é possível nomear para jogos complicados árbitros completamente impreparados e cujo bom senso aconselharia a resguardá-los numa qualquer jarra para ocasiões menos importantes.

Vítor Pereira escuda-se com a falta de profissionalização dos árbitros que lhes permitiria treinar mais e melhor se conseguissem um estatuto que lhes possibilitasse deixar os empregos. Ficou por explicar, quantos serão e, mais complicado, como seriam escolhidos. Todos sabemos que os nossos árbitros não passam uma semana em que não existam “casos” e aqueles que obtém melhores classificações, parece que o conseguem com alguma dose de sorte, passar nos intervalos da chuva. Resumindo e concluindo, tudo está bem na Paz do Senhor, podemos descansar que não é pelas nomeações deste “anjinho” que as coisas correm mal. Os sucessivos “desastres” semanais protagonizados pelos “senhores árbitros” são mesmo, por culpa “dos outros”.

(1) Extracto do relatório do árbitro Carlos Xistra relativo à apresentação do cartão amarelo do jogador Micolli num jogo do Benfica. Agora entendem porque é que não são públicos estes relatórios?

Até para a semana

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