Foi tornado público há dias o Relatório e Contas da Sad leonina correspondente ao período de 1 de Julho de 2010 a 30 de Junho de 2011. Ressalve-se desde já que a actual Direcção do Sporting – Futebol, SAD só poderá ser responsabilizada pelas acções desenvolvidas após a sua tomada de posse, ou seja, nos últimos 3 meses. Voltando um pouco atrás, vamos analisar os aspectos mais relevantes que a gestão de José Eduardo Bettencourt, tinha efectuado.
1 - Redução do Capital Social de 42M€ para 21M€ passando as acções de 2,00€ a valer 1,00€.
2 - Aumento posterior do Capital Social de 21M€ para 39M€ realizado através da emissão de 18 milhões de novas acções escriturais e nominativas no valor de 1€ cada.
3 - Emissão de 55M€ de acções VMOC (acções obrigatoriamente convertíveis no prazo de 5 anos em acções ordinárias da Sporting-SAD), quer dizer que, em abstracto, os possuidores dessas acções poderão vir a conquistar posições de relevo numa futura estrutura accionista.
Os motivos destas operações foram os habituais: por um lado, aumentar os Capitais Próprios e, pelo outro, a necessidade de dotar a sociedade com o fundo de maneio necessário ao desenvolvimento da sua actividade, leia-se, pagar os vencimentos a tempo, cumprir com as obrigações junto dos fornecedores e investir na formação da nova equipa profissional.
Com a eleição de Godinho Lopes e a entrada de Luís Duque, Carlos Freitas, e posteriormente Domingos Paciência, o plantel conheceu uma revolução total. A culpa era do buraco do ozono. O departamento de futebol foi virado do avesso. Negociaram-se acordos de rescisão dos contratos de atletas, técnicos e médicos, com a entrada de dúzia e meia de novos jogadores e a saída de alguns “notáveis”, casos de Postiga e Djaló.
Para “agilizar” a Tesouraria, foi aprofundada com o Fundo Quality Football Ireland Ltd uma política de “colocação” de jogadores que rendeu 50% do valor dos passes de 4 ou 5 atletas.
Na sequência de contactos que tinham sido iniciados com a Direcção de JEB, foi também agora anunciada a constituição do Fundo “SPORTING PORTUGAL FUND” no valor de 15M€, onde foram colocados 9 jogadores, a ser gerido pelo ESAF – Espírito Santo Fundos de Investimento Imobiliário SA. Como é conhecido esta sociedade pertence ao BES, um dos principais credores dos dois circos vizinhos, e é a forma que esta instituição bancária tem para ficar, pelo menos, com alguma percentagem dos passes penhorados, já que, dinheirinho vivo é coisa que não abunda para os lados da 2ª circular. Só treta.
Já foram nestas crónicas explicados os mecanismo dos Fundos. Tratam-se de sociedades de investimento de risco que aplicam os capitais dos seus investidores em percentagens de passes de futebolistas, na expectativa destes se valorizarem e, através dos quais, realizarem mais-valias significativas. Aos investidores, basta que um ou dois dos atletas se evidenciem para que o resultado seja vantajoso. Para o Clube, mesmo que os jogadores não se valorizem para além do valor pelo qual foram adquiridos, o clube recebe sempre, pelo menos, a parcela que o Fundo pagou. A única desvantagem será a “pressão” que o gestor do Fundo poderá exercer sobre o clube para negociar algum dos jogadores, sem que o mesmo tenha rendido aquilo que o “dono” desejava, restando-lhe, mesmo assim, a hipótese de o readquirir.
Voltando à análise do Relatório e Contas, verifica-se que com Proveitos Operacionais de 35M€, e Custos Operacionais de 53M€, a Sporting-Sad evidenciou no exercício uma péssima situação económica. Apresentou um Resultado Liquido Negativo de 44M€, um aumento do Passivo de 9M€ subindo para um total de 200M€, e um Capital Próprio negativo de 30M€. Sendo a divida financeira a curto prazo de 53M€, maior do que os proveitos expectáveis a recolher no mesmo período, bastava este facto para indiciar graves problemas de Tesouraria no decurso desta época, nada que nos surpreenda face ao acontecido em anos anteriores. Só treta.
Fotomontagens de JOSE LIMA
Até para a semana
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