Da Rússia com uma vitória

São Petersburgo, cidade branca, cidade de extraordinária beleza, cidade da Revolução de 1917 que deu à luz um dos maiores horrores do Século XX, recebe nesta quarta-feira a visita do FC Porto. Zenit, a equipa desta cidade, desconhecida até há poucos anos, é o adversário que se segue nesta segunda jornada da Liga dos Campeões.

O FC Porto busca a segunda vitória no grupo enquanto o Zenit procura amealhar os primeiros pontos depois da derrota no Chipre às mãos do APOEL. Apesar de ser apenas o segundo jogo desta fase de grupos, ele pode ser deveras importante para o futuro de ambas as equipas na prova. Coloquemos então todos os cenários para explicarmos o nosso raciocínio. Se a equipa de Vítor Pereira ganhar fica com seis pontos e terá como adversário nos jogos seguintes o APOEL, que apesar de mais forte que há dois anos atrás é acessível. Assim, a vitória de hoje pode já garantir ao Porto via livre para a qualificação. Em caso de empate o cenário não difere muito, ficando os Dragões com quatro pontos aos quais se poderão juntar mais seis contra o adversário mais acessível. Ora, partimos da hipótese do Zenit ser derrotado. Se isso acontecer terão que buscar, quase desesperadamente, vitórias frente ao outro adversário mais poderoso deste grupo, o Shakhtar. Ou seja, os dois adversários de leste irão derrubar-se um ao outro, roubando-se pontos, enquanto o Porto fará uma Champions descansada. Em caso de empate também não difere muito a situação do Zenit que, com dois pontos, se verá obrigado a buscar a qualificação contra os “mineiros” ucranianos. Em caso de vitória o grupo ficará equilibrado, podendo mesmo ao fim da segunda jornada todos terem três pontos, o que coloca a pressão para as últimas quatro jornadas num suplemente para o espectáculo desta Champions.

Ora, colocadas estas questões “pontuais”, perguntamo-nos se os Dragões estão em condições de vencerem o frio Zenit onde joga agora o ex-capitão azul-e-branco Bruto Alves. Vindo de dois confrangedores empates, a equipa de Vítor Pereira apresenta-se na Rússia na máxima força (contra o Feirense não jogou Hulk e contra o Benfica não jogou James) o que dá ao treinador a oportunidade de usar todos os homens fundamentais no onze. Porém, o Porto parece estar a atravessar uma mini-crise de personalidade. Capaz de jogar o melhor futebol numa parte do jogo, os Dragões depois encolhem-se mostrando uma falta de entrosamento e erros defensivos impróprios de uma equipa com aspirações maiores. É, por isso, uma incógnita o futebol que veremos o Porto praticar na antiga Leningrado. Certo é que o médio ideal para este jogo, Guarín, médio possante e de combate, bom para este jogo frente aos russos que praticam um futebol muito físico, o falhará devido ao castigo imposto pela UEFA quando da Supertaça Europeia. Desse modo, Vítor Pereira certamente apostará numa equipa mais técnica, disposta a circular a bola e a procurar brechas na defesa russa. Porém, a defesa deve estar concentrada (e neste particular talvez fosse bom não apostar em Fernando como médio defensivo porque anda em baixo de forma) já que o Zenit é conhecido pela sua velocidade no ataque, falando português o seu jogador mais influente: Danny.

Apesar destes condicionalismos acreditamos que o Porto pode regressar da Rússia com o resultado que nessas terras sempre conheceu: a vitória.