O novel recém-nascido dá pelo nome de Instituto Português de Desporto e Juventude, I.P. (IPDJ I.P.) e é o resultado da extinção do Instituto Português da Juventude (IPJ) e do IDP Instituto do Desporto de Portugal I.P. ultimamente muito em foco por se terem “esquecido” de seiscentas e tal facturas por pagar, no fundo duma gaveta.
Tutelado hierarquicamente pelo conhecido corta fitas Laurentino Dias, pomposamente intitulado Secretário do Desporto e da Juventude, que obviamente “não sabia de nada”, tinha na pessoa do seu Presidente Luís Sardinha outro ignorante que também não tinha a mínima ideia como estavam as continhas daquela bagunçada. Vagamente, referiu na Comissão de Inquérito que “estavam em tramitação duma secção para outra”. Deve ser a “cesta” secção!
No preâmbulo do novo diploma pode ler-se:
“...Face ao exposto, considera-se urgente e determinante a criação dum único organismo para as políticas de desporto e da juventude, com o objectivo de assegurar a coordenação operacional integrada de ambas as políticas numa mesma estrutura...”
Fazendo esta reestruturação, por via da contenção orçamental, parte do conceito de “redução de estruturas da Administração Pública”, o actual Governo, aproveitou a ocasião e deu uma valente vassourada noutros organismos que provocavam danos colaterais naquela casa, onde, diga-se em abono da verdade ninguém consegue vislumbrar obra. Estão neste caso a Fundação para a Divulgação das Tecnologias de Informação (FDTI) e da MOVIJOVEM – Mobilidade Juvenil, Cooperativa de Interesse Público de Responsabilidade Limitada (?), que apresentavam recorrentes resultados líquidos negativos, acumulados, acrescendo o facto dos dois institutos públicos, IDP e IPJ agora extintos, terem uma elevada dependência do Orçamento do Estado (custos de funcionamento e PIDDAC).
O IPDJ, I.P. terá por missão “apoiar a definição, execução e avaliação da política pública do desporto, promovendo a generalização do desporto, bem como o apoio à prática desportiva regular e de alto rendimento, através da disponibilização de meios técnicos, humanos e financeiros”
Depende do Primeiro-Ministro ou do membro do Governo com responsabilidade na área do desporto e da juventude, neste caso, Miguel Relvas, sede em Lisboa (claro) e Direcções Regionais no Porto, Coimbra, Évora e Faro sendo as suas atribuições não muito diversas do consignado no Decreto-lei 169/2007 que regulamentava o IDP, também com a inclusão da AdoP nesta área que tão maus resultados deram no diferendo Queiroz/AdoP/FPF.
A propósito desta fusão diz José Manuel Constantino antigo presidente do CDP e IDP (*)
“Não é preciso ser especialista em sistemas organizacionais para saber que é mais fácil criar um organismo que fundir dois ou mais. Sobretudo se essa fusão não é acompanhada de um desenho diferente da missão e das competências da nova organização. Situação que a não ocorrer transforma a fusão em simples adição. “...
“A solução de agregação (desporto+juventude) não é uma situação atípica. Ela tem equivalência em muitos governos e outras instâncias europeias. Mas na generalidade destes casos foi uma solução de raiz. Não resultou de fusões ou extinções de organismo já existentes. O que, no caso português, aumenta o grau de complexidade é a circunstância de fundir organismos com histórias, culturas, práticas e agentes sociais muito distintos. E essa dificuldade começa a partir de agora. Produzir um diploma é fácil. Dar vida a um organismo novo bem mais difícil.”
“É uma ilusão supor que aquilo que estamos a assistir é uma reforma do Estado. Ou à eliminação de gorduras dispensáveis poupando dinheiro como a eliminação de um certo número de cargos dirigentes. Ou que se está a racionalizar o Estado para o tornar mais eficiente. O que está a fazer, por força da conjuntura, é cortar a eito encolhendo o Estado. Nada garante que não continue a gastar mal o dinheiro. Quando muito vai gastar menos. O que vai resultar no final deste desespero ninguém sabe.”...
(*) Ver artigo completo em http://colectividadedesportiva.blogspot.com/
Até para a semana
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