terça-feira, 3 de julho de 2012

Novas Aventuras do Pagador de Promessas

O homem não desiste, parece um daqueles carrosséis de feira: “mais uma viagem, mais uma corrida”. Meta a moeda, vire o volante à esquerda ou à direita, carregue no pedal!” Desta vez lembrou-se de soprar a alguns clubes de terceira que lá o colocaram, a velha questão dos empréstimos de jogadores excedentários. Esqueceu-se que são precisamente esses clubes, sem posses para se meterem em grandes aventuras, quem mais precisam dos favores dos maiores. Além disso é um truque muito utilizado, por exemplo pela “instituição”, que ainda no ano passado com dezenas e dezenas de abéculas que não tem lugar no plantel, tinha emprestado a clubes da Liga Zon e a outros, um total de mais de 40 charutos.

O insigne pagador de promessas, em vez de os aconselhar a mudar de ideias, ainda os aplaude com ambas as mãos, ao arrepio das leis laborais comunitárias mais elementares, parecendo querer coarctar o direito ao trabalho de pessoas que escolheram como profissão jogar futebol. Noutras actividades não seria possível aplicar este raciocínio. Seria uma situação semelhante à que alguns puristas do futebol advogam, de limitar o número de estrangeiros que possam jogar ao mesmo tempo numa equipa.

Os meus amigos podem argumentar que “estando o assunto devidamente regulado pelas instâncias do pontapé-na-bola, tem que se cumprir”. Como sabemos não é bem assim. Leis e normas, por mais “razoáveis” que nos pareçam, têm que estar conformes com as legislações, não se podem sobrepor, por exemplo, ao acordo de Schengen, na parte que se refere à livre circulação de pessoas e bens provenientes daquele espaço ou, ao direito internacional do trabalho como proclama a OIT, nos restantes casos. Qualquer dia um imbecil qualquer lembra-se de embirrar com a cor do Balotelli e impede-o de alinhar. Fico a aguardar ansiosamente a posição do senhor Evangelista sobre este assunto. 

Mas o Futebol tem destas contradições. Como sabem existe até, em sentido contrário, uma cláusula que permite contratar um futebolista desempregado, fora do período da "janela de inscrições". É uma excepção à regra. Além disso está mesmo a ver-se o que vão fazer os clubes que queiram continuar a emprestar os seus excedentários: contratos de venda fictícios com uma cláusula de opção de recompra pelo mesmo preço, ou outra artimanha parecida! Se o jogador lhes interessar, vão lá buscá-lo. Isto a menos, claro, que o senhor Figueiredo também queira alterar as leis do Código Comercial e que só seja possível efectuar negócios, debaixo da sua tutela.

Era uma boa questão para o Tribunal Arbitral que está aí à porta, analisar. Mas para isso, era preciso que algum clube suscitasse a questão, o que parece ninguém querer fazer. Estranhamente estão quase todos de acordo com as normas anunciadas. Também não percebo a adesão do clube da treta a esta iniciativa. O que irá fazer aos 80 (ou mais) jogadores sob contrato? A menos que, alarmada pelos 500 milhões de Passivo do Grupo Benfica, tenha sido a própria Banca a dar um bitaite ao senhor Figueiredo para conduzir o seu clube até uma gestão “mais criteriosa”, e não comprar tantos jogadores.

Mudando de assunto e sempre com a “instituição” como pano de fundo (afinal foi ela quem ajudou a colocar o senhor Figueiredo na LIGA), voltou o tema dos Direitos Televisivos. O homem insiste que a LIGA deve ser o “negociador colectivo” daquele bem e ameaça com queixa junto da Comissão Europeia tendo por base “a violação das normas da concorrência e o monopólio da Olivedesportos”.

Sabendo como se sabe que a titularidade dos Direitos pertence aos Clubes, e que estes têm negociado livremente com quem entendem, não compreendo como continua a chamar a isto, “um monopólio”. Se o senhor Figueiredo e os Clubes acham que oferece pouco, basta que arranjem outro patrocinador que pague mais do que a Olivedesportos, e está tudo certo. Espero bem que o valor a pagar pelo novo investidor, como afirmou o senhor Figueiredo, seja “pelo menos o dobro do que está a ser pago”, e que logo que feche o contrato vá a correr entregar os tais 40 milhões ao patrão, o senhor Vieira, pela autorização de deixar transmitir os 15 jogos em casa.

Se não correr bem, bate-chapas, tinta Robbialac, e está a andar. O senhor Vieira lá terá que resolver o assunto como até aqui, contraindo mais um Empréstimo Obrigacionista para pagar o anterior, e o BES coitadinho, (tenho muita pena dele) a duplicar os juros.

Até para a semana

1 comentário:

João Carlos disse...

Caro José Lima, concordo plenamente consigo!! Aliás este foi o meu tema no Mundo Azul e Branco, mas olha por um lado diferente e bastante interessante!! Parabéns pelo artigo.