terça-feira, 15 de abril de 2014

O Soba da Madeira e "outros artistas"

Penso que não será excessivo classificar o Tio Alberto como Soba. Até acho que é um elogio.
 
Segundo os amigos da Wikipedia que sabem tudo de tudo dizem que um Soba toma decisões, organiza eventos, desempenha o papel de juiz e age de forma a prevenir o aparecimento de problemas externos à comunidade, tais como a feitiçaria! As suas funções são fazer a ponte entre a comunidade e governo, informar-se dos problemas, investigar causas e obter soluções, tais como as relacionadas com a morte, doença ou assuntos similares, e também afirmar-se responsável pela segurança da comunidade e estabelecimento das regras a aplicar.
 
Se não for capaz de resolver localmente os problemas, o Soba (no nosso caso, o Tio Alberto) faz um relatório para apresentar ao Soba Grande que o irá analisar e em colaboração com outros Sobas decidirá o que fazer. Sempre que haja descontentamento local é o Soba que representa o povo perante a Administração Municipal e tenta solucionar os problemas, nem que seja com a “esfregona”, a senhora da limpeza da Casa dos Deputados que dá conferências de imprensa nos corredores.
Nesta altura estão os meus amigos a pensar o que terá isto a ver com o futebol. Olhem que tem! Segundo uma portaria publicada na quarta-feira da semana passada no suplemento do Jornal Oficial do dia 4 de Abril o Governo Regional da Madeira atribuiu mais de 12,5 milhões de euros em apoios a clubes e associações desportivas do arquipélago para a época de 2013/14.
 
Metade dos subsídios (seis milhões) destina-se aos clubes e sociedades anónimas desportivas em competições profissionais e não profissionais, em violação clara da lei de bases do sistema desportivo. Como sabem os subsídios para sociedades desportivas estão proibidos, dados os fins, naturalmente o lucro, que estas sociedades perseguem. Quaisquer apoios só poderão ser entregues para infraestruturas desportivas (ginásios, pavilhões etc.) ou para as modalidades ditas amadoras, praticadas sem fins lucrativos.
 
Não sei se “o guardanapo” que dirige o Marítimo se meteu naquelas obras megalómanas para um estádio que está sempre às moscas, com o conhecimento do Soba, ou não. Mas admito que sim. Afinal o Soba é quem manda na ilhota há dezenas de anos e não dá cavaco a ninguém. Quando precisa de dinheiro mete-se num avião, e vem buscar aos parolos do “contenente”. Uma “instituição” de referência auto-intitulada Tribunal de Contas, que poderia controlar estas habilidades, é um verbo-de-encher, só comparável aos Institutos de Desporto e afins que ninguém sabe ao certo para que servem, onde se passeiam há anos os Dias Ferreiras, os Fernandos Searas, e claro, “o senhor comandante” (fazer vénia) Vicente Moura.
 
Os três clubes de futebol profissional lá da ilhota, dois dos quais com sociedades anónimas desportivas e a disputar campeonatos profissionais, absorvem quase cinco milhões que correspondem a 40% do montante total dos subsídios: a SAD do Marítimo recebe 2,04 milhões, a SAD do Nacional 1,96 milhões e a SAD do União 985 mil euros.
 
O remanescente milhão de euros é distribuído pelas três sociedades desportivas de andebol e basquetebol, sendo 398 mil para Académico Marítimo Andebol (masculino), 228 mil para Madeira Andebol (feminino) e 389 mil para o Amigos do Basquetebol.
 
Às outras modalidades desportivas com representação nacional, o governo de Alberto João Jardim concedeu apoios que totalizam os 497 mil euros. Aos clubes que participam nas competições regionais foram distribuídos mais 1,1 milhões de euros. Podemos concluir que à custa do alibi da insularidade, o Tio Alberto continua um “mãos largas”. Há muito quem seja especialista em dar música. Lembram-se das ações da “instituição”? Tudo gente da mesma quadrilha que rebentou com o BPN que nós andamos a pagar. Continuam em roda livre.
Ainda de acordo com a portaria do governo madeirense, o orçamento regional suportará também deslocações de equipas e atletas no montante de 736 mil euros. Para eventos e infraestruturas desportivas foram com reservados cerca de 500 mil euros. O total dos apoios concedidos para a época desportiva de 2013/14 ultrapassa o nível global da anterior, apesar do Programa de Ajustamento Economico e Financeiro impor cortes superiores a 15% nos subsídios.
 
Mais que questionar esta redução imposta pela conjuntura financeira, os clubes e associações madeirenses têm reclamado os vários milhões de subsídios relativos a épocas anteriores e ainda não transferidos pelo governo regional que tem encerrado instalações desportivas por falta de dinheiro para a sua manutenção. O incumprimento de tais contratos levou a que alguns clubes desistissem da participação em competições nacionais. Coitados! Deram um passo maior que a perna e pensam que vivem no tempo do arroz de quinze.
 
Isto tudo numa altura em que aqui na terra dos otários que sustentam o Soba, clubes como o Trofense, Beira-Mar, Leixões, Boavista, Setúbal, Belenenses, Oliveirense, Leiria, etc. etc. estão impedidos de receber das autarquias umas esmolas que ajudassem a resolver os problemas.
Os que se preocupam muito com “a verdade desportiva”, de vez em quando, em vez de levarem o Soba ao colo, podiam preocupar-se com estas ninharias, né?
 
Até à próxima

2 comentários:

Anónimo disse...

Concordo com o texto, isso é tudo verdade, mas os portistas são os que menos podem falar do Tribunal de Contas. Façam um favor e leiam o que o TC disse das centenas de milhões de subsídios dados pelos Estado e Câmaras para a construção do estádio e Centro de Treinos. Isso sim um verdadeiro escândalo, se me perguntam. Penso que a UE ainda não se debruçou sobre isso, como fez em Espanha.



JOSE LIMA disse...

Caro anónimo
Obrigado por ter comentado. Encontra a resposta à sua questão no Relatório da Auditoria do Tribunal de Contas em http://www.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2005/audit-dgtc-rel037-2005-2s-v1.pdf
Pode começar pela página 58 e seguintes.
Não vejo que irregularidades ternham sido encontradas. Os apoios estatais e camarários foram iguais aos dos outros Clube e estavam previstos nos respetivos protocolos. Se tivesse havido algum “escândalo” como refere decerto o Tribunal atuaria em conformidade, o que não aconteceu.
A única “inconformidade” de que me recordo foi a tentativa (mal sucedida) da CMP inviabilizar a construção do Dragão. Esqueceu-se com quem estava metido. Não conseguiu.
Cumprimentos