sábado, 12 de julho de 2014

A Comunicação Social e as Audiências

A greve dos jornalistas da Controlinvest propriedade de Joaquim Oliveira que atravessa algumas dificuldades serviu de tema para a crónica de hoje. Há dezenas de anos que leio diariamente o Jornal de Notícias. Enquanto estudante fui aluno da Escola Comercial Raul Dória precisamente no mesmo local onde hoje está situado o edifício do jornal.
Por coincidência eu morava mesmo ao lado da Escola e “para cortar caminho” quando ia para as aulas, saltava o muro de casa, paredes meias com o jardim fronteiriço do senhorial palacete sobranceiro à atual Estação de Metro da Trindade. Até 1962, o Jornal de Notícias funcionava onde hoje está a Caixa Geral de Depósitos da Avenida dos Aliados. Placards escritos à mão eram afixados no exterior sempre que havia jogos de futebol, relatando as incidências do desenrolar das partidas em vários campos. Momento alto era a Volta Portugal em bicicleta, com centenas de mirones à espera de saber quem ganhava a etapa da Senhora da Graça: se o Fernando Moreira ou o Alves Barbosa.
 
Já nessa altura o JN era rei das audiências. Jornal popular, visado pelo lápis azul da censura, dava especial importância aos temas sociais e desportivos. Vendia mais do que os 3 jornais da cidade, Comércio do Porto, o Primeiro de Janeiro e o vespertino Diário do Norte, juntos.
 
Inicialmente apenas os jornais diários faziam concorrência à rádio. Mais tarde no final dos anos 50 e com o aparecimento da televisão, alguns dos mais modestos não “resistiram à caixinha que mudou o mundo”. Este é um negócio como outro qualquer. Funciona na lógica da velha história do Triângulo Estratégico.
Ou por outras palavras: Nós, os Clientes, e o Produto. No Cliente (o mercado) não podemos mexer, é o que é. No Produto (neste caso as notícias) também não. São o que são. Restamos Nós (os vendedores). Somos os únicos que podemos mudar. Temos que analisar aquilo que os Clientes querem, e servir-lhes o melhor Produto.
 
Apareceu então uma nova técnica, o marketing mais uma plêiade de marketeers, no fundo gestores, que analisam um conjunto de dados para saber as preferências dos Clientes, aquilo que lhes devemos dar, e qual a melhor estratégia para os segurar.
Conhecer, através de consultas aos seus gostos, é fator essencial para sabermos o que lhes vamos “vender”. Inicialmente os inquéritos eram feitos através do telefone; questionários deixados nas caixas de correio e posteriormente recolhidos; ou entrevistas porta-a-porta. Infelizmente os potenciais clientes nunca estão recetivos a esta intromissão na sua privacidade não respondem, ou até enganam o entrevistador.
 
No caso da televisão, e com o aparecimento da tecnologia digital da receção por satélite ou cabo, recorreu-se à entrega em lares selecionados, de uns pequenos aparelhos similares aos vulgares comandos de televisão que sempre que os residentes mudam de canal emitem um sinal de retorno indicando qual o canal escolhido e por quanto tempo está a ser visionado.
 
No final do dia os servidores das estações operadoras, tratam esses dados em mapas detalhados e conseguem assim, se não uma análise real, pelo menos valores indicativos que possam depois dar a conhecer as preferências dos espectadores com indicações sobre os programas mais vistos, e as percentagens (share) entre cada operador e o universo espectador.
Se no caso do Jornal de Notícias as tiragens parecem ser as habituais, verifica-se que quanto à inserção de Publicidade esta diminuiu drasticamente. Não sei se pela crise que nos assola há algum tempo; pelo aparecimento de pasquins sensacionalistas tipo CM a recordar o fedorento Actualidades; por jornais desportivos que levam a “instituição” falida ao colo; ou se pelo efeito disto tudo conjugado.
 
Além disso, os privados, devem combater os meios audiovisuais públicos que tem Custos assustadores, programação desinteressante, e locutores histéricos gritando pelos clubes da sua preferência. Conheço um de Paredes, benfiquista como todos os outros, que imagine-se o desplante, agora até “ensina táticas” aos treinadores!
 
Chegados aqui resta dizer que todo este raciocínio deve estar articulado com a venda que o operador consegue angariar da Publicidade inserida no decorrer de cada transmissão; o valor dos Custos Operacionais, e finalmente quanto poderá o cliente pagar.
Assim vai o Mundo: Uns para baixo e outros para o fundo (não confundir com o BES FUND, a Casa de Penhores do clube da treta que implode daqui por um mês).
 
Até à próxima.

1 comentário:

Sakana disse...

ihihihih...hoje há mais...SAKANAGEM COM TALIBANA ALCOVITEIRA

http://sakanagem69.blogspot.com/