Uma SAD à Deriva

Conhecidos que foram os resultados desastrosos das Contas do 1º semestre da nossa SAD fiquei à espera que os mais conhecedores destas matérias saltassem a terreiro. Tal não aconteceu. Por hábito, inércia, desconhecimentos técnicos para uma análise ponderada, ou chame-se lá o que quiser os portistas já nem reagem. Não será necessário esmiuçar as 70 páginas do Relatório Contas. Bastará ler a pág. 5 (Destaques) para se perceber que ao invés do que seria desejável tivemos mais um Semestre negativo (17 milhões) abreviadamente “explicado” no RC como “diminuição dos Proveitos Operacionais”.

Quer dizer: ao fim de quase 19 anos desde a fundação (5 de Agosto de 1997) a SAD já nem ganha sequer para as despesas. O argumento de que os resultados com a venda de passes ainda não incorporam a transferência de Imbula não colhe, visto que o seu valor contabilístico (20M€) continua incluído no plantel. Entre as “compras e vendas da mercadoria”, leia-se transações de atletas, fomos buscar umas migalhinhas. Fazer das negociatas com jogadores o prato forte da SAD é arriscar muito. Sim eu sei. O Clube detém a antiga Sede onde vai ser construído um Hotel temático, 75% da SAD que incorpora parte do Estádio, o Vitalis Park (Constituição), Dragão Caixa, Museu, 100 atletas espalhados por aí, agência de viagens, seguradora, e mais recentemente, uma operadora multimédia de televisão. Por acaso nada que seja vendável numa situação de emergência.

 

Esta época, salvo raras exceções, não acredito que com a pouca qualidade dos atuais se consigam fazer grandes negócios. E claro que se alguns forem transferidos teremos que adquirir outros, com as habituais comissões a agentes ou Fundos que levam couro e cabelo pelo serviço. A mim palpita-me que em 30 de Junho se estes prejuízos aumentarem os camaradas que mandam na SAD vão roubar mais uma fatia ao Estádio (leia-se ao Clube). Não custa perceber porque os doutores Fernando Gomes (agora na FPF) e Angelino Ferreira bateram com a porta.

O problema é que o forrobodó dura há uns anos. Desta vez a SAD, alheia ao que passa à sua volta, recandidatou-se com a integração de um corpo estranho no elenco governativo, Antero Henrique, apontado por vários sectores do clube como responsável pelos maus resultados no futebol. Percebemos o truque. Um dia que Pinto da Costa seja forçado a abandonar a Direção ficam os mesmos. O blogue Reflexão Portista sob a voz autorizada dos seus comentadores tem publicado judiciosas considerações. Outra “novidade” esquisita é a antecipação das eleições na SAD. Então se é o Clube que nomeia a SAD por que motivo é que as suas eleições só se realizam depois de a SAD ser eleita? Não deveria ser ao contrário? A partir de agora, sempre que a direção do Clube for eleita, já lá tem uma SAD durante 4 anos! Quem terá coragem para se candidatar com este handicap?

 

Já sei o que estão a pensar. Que ninguém se candidata não é? Pois! Os mais generosos tem um alibi: dizem que “há 30 e tal anos que é a mesma coisa e os resultados foram (até há 3 anos) excelentes”. Compete aos associados tomar consciência destas últimas temporadas, e começarem a mexer-se. Pelo que leio na Bluegosfera, novos, velhos, ou assim-assim não estão a gostar nada desta história. Com um novo TRI à vista por parte do nosso principal rival se continuarmos a “deixar correr o marfim” para o ano estou a prever grandes complicações.

 

Até à próxima