domingo, 17 de julho de 2016

O Cantinho das Modalidades (edição especial)

 
imagem de Renascença
 
Portugal ultrapassou neste sábado a barreira das duas dezenas de títulos europeus no hóquei em patins, ao vencer a Itália por 6-2 numa final que começou de forma madrasta para o anfitrião. Em Oliveira de Azeméis, palco do último triunfo internacional (o Campeonato do Mundo de 2003), a selecção nacional operou uma reviravolta categórica e voltou a arrecadar o troféu continental, 18 anos depois.
 
Foi uma entrada em falso a que a selecção portuguesa protagonizou. Ainda o cronómetro não tinha chegado aos 3’ e já Federico Ambrosio inaugurava o marcador, aproveitando uma desatenção defensiva. E o desnorte português manteve-se nos momentos seguintes, resultando numa grande penalidade que o mesmo Ambrosio, confiante, se encarregou de converter.
 
Aos 4’, Portugal já perdia por 0-2 mas o apoio nas bancadas do pavilhão Dr. Salvador Machado, repleto de espectadores, não esmoreceu. Muito precipitada na forma como pretendia sair a jogar, a selecção de Luís Sénica expunha-se em demasia ao contragolpe italiano. Mas à medida que os minutos foram passando a equipa estabilizou e começou a circular mais a bola e a tentar abrir brechas na muralha adversária.
 
Foi, porém, necessária a intervenção do seleccionador, ao intervalo, para colocar a selecção no caminho do triunfo. E a reentrada em cena não poderia ter sido mais auspiciosa: aos 2’ do segundo tempo, Diogo Rafael arrancou um grande remate, descaído sobre o lado esquerdo, e reduziu a desvantagem.

Estavam lançadas as bases da recuperação. O pressing intensificou-se, com outra solidez defensiva e já com a Itália retraída, e as oportunidades foram-se acumulando. Hélder Nunes esteve perto do empate por duas vezes, mas seria novamente Diogo Rafael a encontrar as redes, com novo remate cruzado que ainda tocou no poste antes de entrar.

O empate surgiu aos 12’, dois minutos antes de Reinaldo Ventura entrar no rinque para bater uma grande penalidade. Especialista na matéria, o veterano jogador do Óquei de Barcelos encontrou com precisão o caminho da baliza e Portugal cavalgou então para uma reviravolta generosa.
 
Com a Itália já desarticulada, a tentar esticar o jogo em demasia, Portugal não abrandou e transformou, com naturalidade, uma ameaça de derrota numa goleada invulgar para um embate entre dois crónicos candidatos ao título: Rafa, aos 17’, João Rodrigues, aos 18’, e Hélder Nunes, aos 19’, fecharam as contas e lançaram a festa num pavilhão já mergulhado na euforia.
 
Estava confirmado o 21.º título europeu de uma selecção que não vencia o troféu desde 1998, ano em que derrotou a Espanha em Paços de Ferreira.
 
Luís Sénica, seleccionador orgulhoso no momento da consagração, optou por virar os holofotes na direcção dos jogadores: “É uma alegria imensa, uma grande coragem contra uma equipa cínica. Sair ao intervalo a perder 0-2... Estes jogadores são brilhantes”, começou por sublinhar. “O segredo foram eles, a humanidade desta equipa. Eu sou o menos importante. Obrigado ao público e obrigado e Portugal.”
 
Um sentimento semelhante foi expresso pelo capitão de equipa, João Rodrigues, que juntou o título deste sábado ao título europeu de clubes, conquistado ao serviço do Benfica, num ano de afirmação plena do hóquei em patins português além-fronteiras. “Estou ainda nas nuvens. Isto era mais do que um sonho de criança, era um objectivo de vida. É um momento histórico, nunca mais ninguém vai esquecer esta final. É o melhor ano da minha carreira”.
 
Retirado de Público

Sem comentários: