terça-feira, 13 de março de 2018

A BRASILEIRA renasce na Cidade do Porto

Em Maio de 2014 tive a oportunidade de assistir à apresentação do interessante projeto de reabilitação de um dos mais famosos estabelecimentos comerciais do Porto. Foi aqui que em 1903 Adriano Teles, antigo farmacêutico emigrado em Minas Gerais, inaugurou A BRASILEIRA para divulgar uma marca própria de café. Reza a história que o senhor Adriano oferecia um cafezinho a todos aqueles que comprassem um saco de café em grão.
Situada no coração da cidade, hoje faz-me recordar os anos 60, as tertúlias dos amigos jornalistas, jogadores de futebol, candongueiros, vendedores de rifas e mesmo alguns abastados ourives que esperavam pela saída das coristas do Teatro Sá da Bandeira.
Os tempos foram mudando A BRASILEIRA expandiu-se, foram feitas obras de ampliação, acrescentou ao café uma confeitaria e um restaurante que o tornaram um ex-libris da cidade, curiosamente sempre sob a direção do primitivo proprietário.
Saltando para o nosso século dificuldades financeiras abalaram o negócio. O edifício na parte superior que estava arrendado a vários escritórios e empresas de serviços de fotografia, um notário, etc. foi ficando esvaziado. O café resistiu enquanto pôde mas acabou por ser “entregue” por conta de débitos ao antigo e principal credor o Banco Borges & Irmão, mais tarde substituído pelo BPI, último proprietário do imóvel.
 
Entra aqui em campo o nosso António Oliveira, jogador, treinador e selecionador nacional então virado para o mundo empresarial que “espicaçado” por alguns amigos resolveu negociar com o Banco, adquirir o edifício, e explicar a jornalistas e convidados o que ali pretendia fazer. A cerimónia transformou-se numa brilhante exposição salpicada por recordações de episódios da sua vida ligada ao FC do Porto.
O projeto, concebido pelo Gabinete de Arquitetura APEL do Arq. Ginestal Machado, manteve intactas as características da fachada do edifício a sua traça imponente, reabilitando a antiga Albergaria construindo um hotel de 5 estrelas com 90 quartos e suites, distribuídos por 6 pisos. Cada um deles tem o nome de uma especiaria exportada na época dos Descobrimentos Portugueses a servir de tema: café, canela, chá, chocolate, anis e pimenta rosa.
 
Todo o edifício histórico reabre e traz de volta a cafetaria A BRASILEIRA, mantendo a traça original de há 115 anos, juntando-lhe uma esplanada. Está também incluido um restaurante com capacidade para 100 pessoas com assinatura do chefe Rui Martins, um Health Club e um pátio interior com jardim vertical. 
O arquiteto que assumiu a responsabilidade do projeto de A BRASILEIRA recriou o imóvel com o que de mais belo e glamoroso herdou do seu passado mas também adaptado ao bulício de uma cidade que é preferida como destino turístico europeu. António Oliveira não parte sozinho e junta-lhe o maior grupo hoteleiro nacional, o grupo Pestana, que lhe irá dar nome, divulgar e vender este PESTANA PORTO - A BRASILEIRA nas suas plataformas na gama superior Collection com a classificação de 5 estrelas.
O Hotel começa a funcionar no próximo fim-de-semana, ocupa todos os pisos superiores, e o café renasce à face do passeio no gaveto da Rua de Sá da Bandeira com o troço pedonal da Rua do Bonjardim fazendo justiça ao velho slogan “O melhor café é o d’A BRASILEIRA”.
 
Vai um cafezinho?