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quarta-feira, 2 de julho de 2014

A TUBITEK vai reabrir

A crónica de hoje vai para quem não a esqueceu e para os que nunca ouviram falar dela.
 
Os meus amigos portistas vão desculpar, mas hoje, fazemos um intervalo no futebol. Vou falar de um “desporto” que me foi caro nos anos 60, a Musica. Segundo os entendidos nunca mais haverá musica como aquela. Os Beatles e os Rolling Stones deram o pontapé de saída e o “estouro” chegou até Portugal. Os que me conhecem sabem que fiz parte do movimento rock, ou se preferirem, ié-ié, participando nos conjuntos Morgans, Académico Orfeu, e Nova Vaga.
 
Já estou a ouvir perguntar o que é que isto tem a ver com o “nosso” Futebol Clube do Porto. Tem e muito. Um dos músicos que tocou comigo era filho do nosso presidente Dr. Paulo Pombo que nos deu, com Béla Guttmann, o famoso campeonato Calabote em 58. Por sinal até está bem representado no Museu com vasto espólio entre o qual se salienta a bola da nossa primeira Champions, e o cavaquinho que tocava enquanto elemento da Tuna Universitária do Porto. Está na Galeria dos Presidentes ao pé de uma secretária. É também daquele nosso presidente, a conhecida música Amores de Estudante.
 
Outros músicos daquele tempo, José Lello (sim o do PS no Conjunto Sousa Pinto), Mário Assis Ferreira (Quinteto Académico), Miguel Graça Moura (Pop Five), David Ferreira, filho de David Mourão Ferreira, eu sei lá, um leque de personagens que mais tarde haveriam de ocupar lugares de destaque, todos começaram nos Grupos, Bandas, ou Conjuntos como na época se chamavam.
 
Avançando na crónica, gostava de referir que na fase subsequente ao aparecimento deste boom musical teve particular importância a indústria discográfica portuense como a Edisco, Rapsódia, Rádio Triunfo e sobretudo a Arnaldo Trindade, com a etiqueta Orfeu, divulgou a música cá do burgo. São nomes dessa atividade o Conjunto Pedro Osório, Os Titãs, Conjunto Sousa Pinto, Pop Five Music Incorporated, Arte & Ofício (mais tarde Trabalhadores do Comércio), Conjunto Maria Albertina, Conjunto António Mafra, Quim Barreiros, etc.
 
Recordo que assisti nessa época na fábrica da Valentim de Carvalho em Paço de Arcos à gravação, edição e posterior prensagem de discos de artistas como Amália Rodrigues, José Mário Branco, e Zeca Afonso. Naturalmente sem o apoio das discotecas o negócio não teria pernas para andar. Algumas viriam a ser verdadeiras imagens de marca da própria editora por exemplo, a Vadeca, Arnaldo Trindade, Rapsódia, Sassetti (com musica erudita, jazz) etc.
Uma loja independente, a Tubitek, apostou na importação de música não editada em Portugal com a qual fornecia as Discotecas, e Clubes de Dança constituindo um êxito de grande significado naquela indústria. A Tubitek foi um sucesso entre as lojas de Discos, então dirigida por Vítor Silva, músico do Conjunto Os Galãs.
Problemas vários ligados à crise que se viveu nos últimos anos, levaram ao encerramento de discográficas e por arrasto lojas, como a Tubitek, não foram poupadas. Felizmente, e esta é a boa notícia, está para breve o seu reaparecimento.
Abílio Silva, o dono da distribuidora Compact Records, acha que chegou a hora. E vai reabrir, no dia 5 de Julho, esse espaço mítico na Praça de D. João I (exatamente no mesmo local onde existiu) apostando no vinil, nos fundos de catálogo e na força de uma marca que perdurou na memória, década e meia depois do seu encerramento.
 
Os trabalhos decorrem normalmente e dia 5, às 17h, haverá garantidamente festa na Baixa. Os convites estão a seguir para músicos e antigos frequentadores da Tubitek que, numa área mais pequena que antigamente e desenhada pelo Atelier Marca Roskopf – vão encontrar uma seleção de música que até terá o dedo de um antigo funcionário da loja, Ricardo Salazar, que vai colaborar com Abílio Silva.
 
A Tubitek vai apostar também no Vinil, um mercado em crescendo. Há muito que Abílio Silva percebeu essa tendência e tem trabalhado de perto com editoras como a holandesa Music on Vinil, responsável pela reedição de vários álbuns de outras editoras e de coleções especiais, em rodelas de grande qualidade.
Por coincidência, ou talvez não, um melómano, Luís Pinheiro de Almeida, lançou há dias um livro “Biografia do ié-ié”. O que isso de ié-ié? "Não é fácil perceber", diz o jornalista e autor de um blogue dedicado a esta geração. (*) Nela havia grupos como os Ekos, os Claves, os Álamos, os Chinchilas, os Jets, os Espaciais, os Electrónicos, os Tubarões, etc.
É desse acontecimento a que assisti na FNAC do Porto perante uma plateia interessada e onde tive a grata surpresa de conhecer alguns elementos dos Álamos, banda de referência na época, que vos deixo estas imagens.
Até à próxima   
 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Partiu um Amigo

Aqueles que me conhecem sabem que no início da década de 60 fiz parte, aqui no Porto, do movimento musical que ficaria conhecido como “Anos 60”. Os Shadows eram a coqueluche do momento com Apache ou Guitar Tango, musicas que faziam as delícias dos participantes das festas de estudantes ou dos bailes de garagem, assim meio às escondidas, porque a polícia política do regime de então achava que mais de 3 pessoas juntas podia ser considerada uma “reunião clandestina”!

Os conjuntos eram quase todos constituídos por amadores sem nenhuma formação musical, baseados em 3 violas (solo, ritmo, e acompanhamento), e bateria. Os músicos profissionais das “orquestras à séria” até nos apelidavam de “orelhudos”. Queriam eles dizer no seu infinito saber que tocávamos de ouvido quando, de repente, “rebentaram” os Beatles, esses sim já com conhecimentos de composição e, sobretudo, traziam debaixo do braço um expert em marketing: Brian Epstein.

A apresentação de Love Me Do, o primeiro single da banda no Reino Unido, foi na linguagem discográfica “um estouro”. As tais 3 violinhas mais a bateria, correram mundo e o sucesso mediático e económico foi de tal ordem que em vários países europeus, americanos e asiáticos, as imitações nasceram como cogumelos.

Por cá, a nossa modesta realidade não fugiu à regra e assistimos à formação de dezenas e dezenas de bandas, tendo eu participado em duas (Académico Orfeu e Morgans) e ao aparecimento de músicos de topo como Jean Sarbib, Jorge Lima Barreto e Pedro Osório que substituiu uma das violas pelo piano, onde foi mestre. A crise académica de 62 e a partida de jovens para Angola, desmembrou a maior parte dos agrupamentos que depois, levaria anos a reagruparem-se.

Quando o conheci morava na Rua Firmeza a escassos metros duma sala alugada onde o meu grupo ensaiava a meias com outra banda do Porto, Walter Behrend e frequentemente alternávamos em Bailes de Finalistas, Passagem de Ano, Carnaval, programas de televisão, etc.

1967 – Da esquerda para a direita: Pedro Osório, Jean Sarbib, Adrien Ransy, Carlos Carvalho e José Manuel Fonseca (em baixo) na imagem.

Depois o Pedro, como tantos outros, foi para Lisboa estudar engenharia mecânica e musica. Colaborou com a Sociedade Portuguesa de Autores, com o Sindicato dos Músicos, compôs temas para Festivais, e chegou a Maestro.

Perguntam os meus caros: O que tem isto a ver com o nosso Clube? Nada! Só vos queria dizer que fiquei mais pobre. Perdi um amigo.