quarta-feira, 28 de março de 2012

Solução Sporting 2012

A crise quando chega é para todos! Frase feita que se aplica ao futebol e, com particular ênfase aos dois circos da 2ª circular. Enquanto que num dos lados fingem que está tudo bem, do outro, começam a tomar consciência da triste realidade. E só têm duas saídas: ou arrepiam rapidamente caminho, ou “aquilo” vai mesmo ao charco!

Assim, um grupo de sócios do Sporting liderado pelo antigo jogador José Eduardo, apresentou um documento com o título desta crónica, numa cerimónia privada a que os membros dos actuais corpos sociais, não só não compareceram, como até se opuseram à sua publicitação, numa demonstração gritante de irresponsabilidade.

Com a devida vénia, passo a reproduzir e comentar alguns dos seus items:

Plantel da equipa principal – Apoiado na Equipa B, constituição de um plantel curto no máximo 20 jogadores. (Ex: Barcelona). Uma das vantagens, a redução de custos decorrente do emagrecimento do plantel. (Para além, de que um grupo mais pequeno é muito mais unido e mais fácil de lidar). Em caso de necessidade (lesões, castigos) recorre-se aos jogadores da equipa B. Os 20 jogadores devem ser escolhidos, com um critério “cirúrgico”, constituindo-se um plantel ambicioso, com perfil adequado e com dois ou três elementos de classe superior, dotados de experiência internacional.

COMENTÁRIO – “Plantel curto” – É uma bicada para a “instituição”que, por estas e por outras, tem o dobro do Passivo do Sporting. São os tais 71 jogadores sob contrato! O senhor Vieira até já admite que tem que vender 50 milhões “deles” no final da época. “Critérios cirúrgicos” – Esta é mais difícil. Os bons jogadores são caros e os baratos não prestam. “Classe superior” – É como um triplo salto no trapézio. A mais pequena distracção pode ser a morte do artista. Se o atleta não encaixa na equipa, depois é muito complicado empandeirá-lo para outro lado. Veja-se, por exemplo, o tratador dos cãezinhos amestrados que não sabe o que fazer aos Paixões, Olegários, e Proenças…

Perfil do treinador – Enquadrável nos moldes da nossa Academia. Elemento estimulador da nossa formação, dando oportunidades aos jovens talentos. Constituição de uma equipa técnica onde haja (pelo menos) um técnico que já tenha representado o clube e que se identifique com a nossa mística.

COMENTÁRIO – Ó amigo! Você não venha para aqui desenterrar fantasmas. Então queria de volta o Manuel Fernandes, o Pedro Barbosa, e o Carlos Xavier? Já basta “este” que lá está agora…

Respeito pelo modelo/conceito de jogo – Temos que (re)implementar algo que se tem vindo a perder: “o jogar à Sporting”! E o que é isto jogar à Sporting? É a mística, a filosofia do clube, é o moldar do carácter.É algo difícil de escrever, passa por uma mensagem/forma de estar e actuar na vida, no dia-a-dia, nos treinos, nos jogos, na alimentação, no descanso, no saber conduzir-se e apresentar-se como o “homem/atleta do Sporting”.

COMENTÁRIO – Tem razão, precisam mudar de ares. É que tirando aquela frase do nosso querido António Oliveira: “por cada leão que cai há outro que se levanta”, o único “modelo/conceito” que eu vejo seguirem, é o calimerismo.

Esquema táctico – O futebol do clube tem de perfilhar, essencialmente, um esquema táctico. 4x3x3 - 4x4x2 - 3x5x2, ou outro? Seja qual for o esquema eleito, não pode voltar a acontecer o que, há bem pouco tempo, foi um facto: a equipa principal a jogar em 4x4x2 e as equipas e os jogadores da nossa Academia a serem formadas no 4x3x3! É como se andássemos anos a aprender uma língua e de repente nos dissessem que, afinal, temos de utilizar outra!

COMENTÁRIO – Isso não é bem assim. Olhe! Vou contar-lhe um episódio que já tem, deixe cá ver… aí uns 30 anos. José Maria Pedroto gostava de jogar às cartas e frequentava com um grupo de amigos o café ORFEU na Boavista. Um dia, eu que “parava” por lá, embora não fizesse parte do grupo, enchi-me de coragem, entrei numa acesa conversa, precisamente sobre os esquemas a apresentar em campo, e disparei a pergunta: Mister! Em que sistema gosta mais de jogar, 4-4-2, ou 4-3-3? Resposta do Pedrotinho: “Tudo ao monte!” Queria ele dizer que a táctica não pode ser rígida, o importante é a forma como é interpretada pelos jogadores. E também, digo eu, se tivermos jogadores que entendam o que o técnico pretende. Agora essa de aprenderem os esquemas “desde pequeninos”, desculpe mas é uma chinesice. E depois, se algum fosse transferido para a “instituição”, como havia de ser? Lá só jogam à charutada!

UNIVERSO SPORTING – Os representantes do Futebol terão reuniões Trimestrais com 2 representantes dos vários grupos que estão na órbita do SCP (Stromps, Cinquentenários, Juventude Leonina, Directivo XXI, Torcida Verde, Conselheiros Leoninos, Núcleos, Associação de Adeptos, e Grupo de Masters).

COMENTÁRIO – Meu caro: Para confusão, já basta os que debitam asneirolas nos pasquins de referência, nos programas desportivos, nas conferências de imprensa e, muito mais grave, no seio da Direcção do Clube e/ou da SAD.

Curiosamente, logo a seguir à apresentação deste documento, foi tornada pública a 22 de Março, uma comunicação à CMVM onde a SAD declara que “por incorporação, nos termos dos artigos 97º nº 4 alínea a) do CSC, da Sporting Património e Marketing, SA (Sociedade Incorporada) na Sporting Clube de Portugal – Futebol, SAD (Sociedade Incorporante), informa-se o mercado que, nos termos do nº1 do artigo 100º do CSC, foi hoje registado junto da Conservatória do Registo Comercial de Lisboa o projecto de fusão”. Este facto tinha sido anunciado há dias como “projecto”, e gora aparece como consumado apenas guardando, digo eu, ratificação das Assembleias-gerais do clube e da SAD.

Vejamos o que “isto” quer dizer, recorrendo ao Artigo 112º alínea a) do CSC:

Nos casos de fusão por incorporação, a que se refere a alínea a) do nº 4 do artigo 97º do CSC, com a inscrição da fusão no registo comercial extinguem-se as sociedades incorporadas (...) transmitindo-se os seus direitos e obrigações para a sociedade incorporante (…), ou seja, tudo aquilo que for da Sporting Património, passa para a SAD.

Comentário - “Tudo aquilo” quer dizer direitos e obrigações! Como não conheço as cangalhadas que fazem parte do património (o valioso património imobilizado já lá vai)), nem “as obrigações”, (penso que se devem referir maioritariamente ao pagamento do Estádio), naturalmente tenho a minha opinião, mas deixo para os sócios, a tarefa de avalizarem a operação. Provavelmente foram mal aconselhados pelo dono do Circo do outro lado da Circular que incorporou o Estádio na SAD para fingir que estava bem de Activos. É que, o Estádio, que ainda por cima, tem um valor contabilístico mas não é um bem “vendável”, traz um Passivo enorme “dependurado”.


Voltando ao documento do José Eduardo, no final, analisa as contas relativas ao 1º semestre desta época (1 de Julho a 3l de Dezembro de 2011) que, como referido no relatório duma Sociedade Revisora de Contas, apresenta uma situação de falência técnica. Também com uma cambada de dirigentes que não percebem pêveda de futebol como Santana Lopes, José Roquette, Dias da Cunha, Soares Franco, José Eduardo Bettencourt e Godinho Lopes, não era de esperar outra coisa

Até para a semana

1 comentário:

Zé Luís disse...

Tal como um post anterior sobre matérias económicas e manobras contabilísticas, também este me agradou sobremaneira pela clareza e explicitação de pontos de vista que escapa ao adepto leigo como sou e me apraz registar poder aprender algo nestes comentários bem precisos.