quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O estranho caso de Ghilas.

Após várias épocas em que o F. C. Porto apresentava uma lacuna no plantel no centro do ataque, parecia ter resolvido esse problema este ano. Noutros anos na posição de ponta de lança, o Porto ora não tinha uma opção para poupar o titular ora não havia uma opção no banco capaz de o complementar para forçar situações em que fosse preciso derrubar defesas mais fechadas.
 
A questão do ponta de lança sempre foi uma questão sensível. O último ponta de lança suplente que demonstrou alguma eficácia foi Farias, mas mesmo ele era encarado como um jogador incapaz de ser titular do Porto ou de ser uma mais valia em jogos mais complicados.
 
Depois houve Kleber… O que dizer de Kleber? Uns dizem que se tratava de uma boa promessa que sucumbiu perante o peso de render Falcao... A verdade é que mesmo depois de o Porto já ter alternativas para o ataque, Kleber continuou a demonstrar ser uma das maiores nulidades das últimas décadas no centro do ataque, ao nível de um Renteria.
Sempre se reclamou que o Porto contratasse um ponta de lança de grande categoria para ser opção durante uma época longa e desgastante.
 
Esses pedidos e essas críticas adensaram-se na época passada. Porto descobriu Jackson que chegou viu e venceu, mas que nunca teve uma alternativa no banco. Isso fazia com que Jackson nunca pudesse descansar e chegou ao final da época em queda demonstrando algum desgaste complementado com algum deslumbramento.
 
O F. C. Porto falhou claramente na época passada quando deixou escapar Lima. Um jogador de qualidade reconhecida no nosso campeonato e que poderia ter reforçado o Porto. Ao não o fazer o Porto não só não ficou com um plantel mais forte como ainda permitiu que o seu maior rival ganhasse uma grande arma para o ataque ao título. Tal deslize do mercado por pouco não se revelou fatal para o F. C. Porto…
Muitas foram as queixas da falta de “banco” do Porto… A meio da época tentou-se colmatar essa pecha com Liedson… Ficou para a história o passe para o golo de Kelvin, mas a verdade é que Liedson foi um negócio muito difícil de explicar e mais ainda de ser entendido… Talvez também por isso, e não apenas pela necessidade de ter outro ponta de lança no plantel, o Porto este ano não deixou escapar Ghilas. Tal como Lima tratava-se de um ponta de lança que já havia demonstrado qualidade no nosso campeonato e tal como Lima falava-se da possibilidade de reforçar outros clubes grandes.
  • Desta vez o Porto não deixou escapar
Ghilas foi um dos destaques do campeonato passado, numa equipa que desceu de divisão, com poucos recursos. Ghilas conseguiu a proeza de marcar 13 golos no campeonato, cotando-se como o 5º melhor marcador da prova.
 
Ghilas quase que sozinho conseguia lançar o pânico nas defesas adversárias nos jogos do Moreirense, e nestas defesas acrescentamos as dos grandes…O próprio Mangala, referiu Ghilas como um dos avançados mais complicados de marcar na liga portuguesa.
 
Um jogador de grande potência, arranque forte, vigoroso nos duelos e com capacidade de percorrer todo o espaço ofensivo e não se fixar apenas entre os centrais. Um autêntico tanque no ataque capaz de deixar qualquer defesa em sentido e com excelente capacidade de finalização.
 
Acrescendo a isso é um jogador ainda com margem de progressão, tem apenas 23 anos e tem características que o fazem adaptar-se bem ao 4x3x3.
 
Tudo para ser uma aposta certa… Ora, chegados à 3ª jornada qual não é o espanto quando se olha para a folha de serviços de Ghilas e não se vê nenhum golo ( isso até seria normal visto que vinha para ser suplente), mas acima de tudo não se vê um único minuto disputado…
Entendia-se que pudesse não ter sido utilizado se o Porto tivesse tido jogos que não pediam as suas características, ou que Jackson estivesse numa forma excepcional e não precisasse de descansar uns minutos…Acontece que nenhuma das situações se verifica.
 
Até se perceberia caso Ghilas não tivesse mostrado qualidades na pré época para ser uma opção no imediato, mas até isso não se pode conceder uma vez que Ghilas até facturou contra um rival do calibre do Napoles na pré época.
 
Na supertaça o Porto ganhou com facilidade, seria uma boa oportunidade para dar minutos a Ghilas mas a opção recaiu por outras escolhas.
No arranque da Liga o Porto esteve a perder com o Setubal mas nem aí Ghilas foi opção, tal como não foi na 2ª jornada com o Marítimo… Até Iturbe que está de saída do Dragão teve direito a minutos…
A gota de água deu-se mesmo na última jornada, num jogo contra o autocarro de Costinha, de seu nome Paços de Ferreira. Um jogo fechado, Jackson a falhar oportunidades atrás de oportunidades, o tempo a passar…e o que faz Paulo Fonseca? Lança Quintero, tudo normal, mas como derradeira substituição opta por um extremo que tinha jogado na equipa b uns dias antes.
 
O Porto curiosamente termina o jogo com apenas um ponta de lança enquanto o paços até acaba com dois…
  • Fica a questão, se nem num jogo destes Ghilas é opção, quando é que será?
No jogo em que Fonseca mais se viu apertado esta época foi quando mais claudicou naquele que foi um primeiro teste à adversidade.
O jogo com o Paços e a má forma de Jackson pedia Ghilas. Aliás as circunstâncias do jogo gritavam Ghilas.
 
O mais misterioso ainda, é que vários jogadores da equipa principal têm sido lançados em jogos da equipa b para terem ritmo para estarem preparados para a qualquer momento serem lançados na equipa principal. Falamos de casos como: Kelvin, Herrera, Ricardo, Tiago Rodrigues, Reyes ou Carlos Eduardo.
 
Destes jogadores já Herrera e Ricardo foram lançados na primeira equipa. Ora se Ghilas não acumula um único minuto na equipa principal, porque não foi ele também incluído nesta nova política para a equipa b?
  • Ghilas veio apenas para ter direito a um dragon seat privilegiado à semelhança de Liedson na época passada?
Esta ausência de Ghilas torna-se ainda mais intrigante por nestes primeiros jogos da época termos assistido a um Jackson bastante perdulário, que precisa de falhar uns 4 golos feitos para marcar um por jogo. Um Jackson que parece mais preocupado em piscar o olho a uma saída ou a forçar o Porto a pagar-lhe este e o outro mundo pelo que fez apenas numa época.
 
Até para pressionar Jackson e espicaça-lo não seria oportuno dar minutos a Ghilas e permitir-lhe mostrar a Jackson que pode ser concorrência e que se calhar em 4 oportunidades até marca dois golos? Perante um jogador que parece andar a fazer um frete até ver o seu contrato renovado, porque não lhe responder com um Ghilas que chega do Moreirense cheio de vontade de se afirmar no Porto?
Mesmo em jogos como o de Paços, não seria importante testar a opção de jogar com dois jogadores no centro do ataque para ajudar a derrubar autocarros?
  • Para quando Ghilas?

4 comentários:

Anónimo disse...

Não admira que não jogue, mais um jogador que pode vir a ser queimado independentemente da eficácia. Quem é que pode criticar a eficácia do Farias ou do Walter, olhando para os números? O Lima, se viesse para o Porto na época passada, também não jogava. Já estamos a criar uma tradição de queimar jogadores, infelizmente. Tirando o Kleber, muitos deles sem terem uma chance real de provar o valor. Não entrando aos 80 minutos, uma vez por mês. Infelizmente, como disse. está a ser uma tradição.

Portista em Lisboa disse...

Bom dia caros portistas:
também acho, que já é tempo de dar alguns minutos ao Ghilas, levando em consideração, a falta de forma do Jackson, mas quem poderá responder a esta questão, será o Paulo Fonseca. Está a adaptar-se ao futebol Português? está a fazer musculação??????

Ricardo Costa disse...

Obrigado pelos comentários.

Realmente trata-se de uma tendência no F. C. Porto ao longo das épocas ora não ter uma opção credível no banco para o centro do ataque, ora quando se tem não se apostando nela.
.
Creio que não se tratará de um caso de adaptação ao futebol português ou sequer de trabalho específico pois falamos de um atleta que já militava no futebol português e com grande sucesso.

Josué, Licá ou Ricardo têm vindo a ser lançados e também militavam noutros clubes com outras aspirações na época passada, assim que creio que a justificação não poderá ser a do tempo de adaptação.

JOSE LIMA disse...
Este comentário foi removido pelo autor.