quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Albertino o Jogador/Pintor

Albertino fez-se craque no Leixões, afirmou-se no Boavista e confirmou-se no FC Porto antes de terminar a carreira no Marítimo. Hoje, é um pintor abstrato cada vez mais reconhecido. O que poucos sabem é que foi ele quem deu o decisivo empurrão a Pinto da Costa quando o agora presidente do FC Porto hesitava em avançar para o futebol, em Janeiro de 1976.
 
“Ele era seccionista de uma modalidade e tinha sido convidado pelo então presidente Américo de Sá para assumir a direcção do futebol, mas estava inclinado a rejeitar a proposta. Foi então que apareci eu… Era jogador do Leixões e estava a ser cobiçado por Boavista, Benfica, Sporting e FC Porto. Mas desde logo preferi ficar na minha cidade”, recorda Albertino, hoje com 54 anos.
Na imagem Albertino à conversa com Leão ex-jogador do Salgueiros e do Sporting.
 
O craque leixonense esteve três meses em negociações com o FC Porto e compareceu a três reuniões da direcção do clube. “O seccionista do pingue-pongue era o que mais estava a chatear-me…”, recupera o momento. Pinto da Costa deu o seu parecer favorável à contratação ao presidente e este disse que estava tudo certo. Quando lê no JN que Albertino já é jogador do Boavista, Pinto da Costa decide-se: “Amarfanhei o jornal e imediatamente telefonei ao Dr. Américo de Sá perguntando-lhe se ainda mantinha o convite para chefiar o departamento de futebol…” E aí chegado arranca para a contratação de José Maria Pedroto, na altura treinador do Boavista, deixando aos seus amigos boavisteiros uma frase enigmática que saltou da tertúlia para o título da sua autobiografia: “Largos dias têm 100 anos…”
 
“Valentim Loureiro contratou-me em três minutos, deu-me os 30 contos de ordenado que eu pretendia e assinei um contrato de três anos de que nunca me arrependi”, conta Albertino que, de xadrez, ganhou a Taça de Portugal e a Supertaça. Pedroto foi mesmo treinador do FC Porto e a ele e a Pinto da Costa juntou-se depois Albertino.
 
Albertino conhece Mourinho há muito tempo e até já lhe prometeu fazer um quadro parecido com um outro seu que o treinador do Chelsea já cobiçou: uma imagem de um campo de futebol com bandeiras de mais de 300 países nas bancadas, no lugar dos espectadores. “Estava um dia em Lisboa, a pendurar um quadro meu, quando o Mourinho entrou no escritório furioso, dizendo que tinha sido enganado...”, é um episódio que jamais esquecerá. Mourinho acabara de ver “o Sporting roer-lhe a corda”.
Inaugurou há dias uma interessante exposição de pintura na Lutuosa de Portugal ali na Avenida dos Aliados nº 162-2º, onde estive presente, recordando velhos tempos. Sugiro aos meus amigos que passem por lá. Albertino, atualmente faz comentários no Porto Canal, é um excelente comunicador e sabe histórias de que nem eu já me lembrava.
 
Até à próxima.

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