Tal como em muitos jogos da época passada, e naquilo que vem sendo uma espécie de imagem de marca do Porto de Vítor Pereira, o Porto em Vila do Conde perdeu 2 pontos por adormecer no jogo, confundindo o controlar o jogo, com o perigosamente desligar-se do jogo.
Já na época passada em vários jogos vimos o Porto entrar com falta de atitude, com enorme passividade e sem intensidade competitiva, dando várias vezes uma parte de avanço aos adversários, tentado depois correr atrás do prejuízo e acordando tarde.
Desta vez a sonolência no jogo do Porto instalou-se após uma vantagem obtida na 1ª parte
São por demais conhecidas por todos os portistas as limitações de Vítor Pereira no que diz respeito à capacidade de fazer passar a mensagem aos jogadores e ser capaz de ter liderança carismática. É algo a que teremos que nos habituar e que já contávamos quando a Sad optou por manter o treinador mesmo após uma época algo acidentada como a época passada O Porto mantém a sua montanha russa exibicional, alternando bons momentos com jogos em que simplesmente a letargia toma conta do colectivo sem que de fora se sinta que alguém os desperta.

O que mais me consterna é ver o treinador do F. C. Porto no final do jogo dizer que ele também não sabe o que se passou com a equipa… Não é um discurso que um treinador do Porto deva ter. Por pouco pareceu o treinador do Sporting, o próximo rival do Porto no campeonato. Mais preocupante ainda é quando estes erros comportamentais colectivos não são episódios isolados, já foram tão repetidos desde a época passada para se poderem considerar quase um comportamento padrão na forma da equipa abordar a competição.
Afortunadamente a equipa tem qualidade, tem boas soluções e quando sintonizada para as exigências e dificuldades que cada jogo oferece, consegue dar uma boa resposta e principalmente cresce quando maior é a dificuldade. Contudo campeonatos também se ganham e perdem em jogos contra equipas como o Rio Ave. Sabendo de tudo isto, a opção de Vítor Pereira para “acordar” a equipa para o jogo foi retirar do jogo o irreverente Atsu, e o comandante Lucho Gonzalez para fazer entrar Varela, um jogador de pausar mais o jogo, mais táctico, do que propriamente um jogador explosivo, e ainda Fernando, um trinco que recuperava de lesão.
Ora Vítor Pereira diz que a equipa já estava mal antes das substituições, mas isso não significa que após as substituições não tivesse ficado ainda pior… Sem Lucho o Porto perdeu definitivamente a clarividência a meio campo e a voz de liderança da equipa em campo e com Varela pouco ou nada acrescentou ao ataque. No banco ficaram Castro e Danilo… Na bancada Kelvin e Iturbe.
Aqui entra a minha dúvida. Num jogo destes, em que a equipa está adormecida, em que os jogadores estão se calhar já a pensar no jogo a meio da semana, qual será a melhor solução? Colocar dois atletas já consagrados e que até sabem que provavelmente vão ser titulares a meio da semana…? Se o jogo está sonolento, e a equipa vai caindo na monotonia, não seria este tipo de jogo o jogo ideal para lançar a irreverência dos miúdos? Substituir mais do mesmo, por jogadores que têm fome de bola, que anseiam por minutos na equipa principal e que disputariam cada lance como se fosse a final da champions, porque querem muito ganhar o seu lugar? Poderiam cometer erros? Obviamente que sim, e a equipa tinha uma magra vantagem…

Mas o que será melhor? Lança-los apenas em jogos em que a equipa já ganha de goleada? A equipa piorou com a entrada de Varela e Fernando, por isso acho que o risco se calhar valeria a pena, mais adormecida a equipa não ficaria certamente. Num jogo destes em que todos estão com a cabeça no próximo jogo, se se quer mesmo combater a sonolência tem que fazer o jogo despertar com a irreverência de quem precisa de facto de se mostrar. Jogadores capazes de colocar o adversário em sentido e isso Kelvin e Iturbe seriam capazes de fazer com a sua qualidade técnica, tal como Castro seria uma excelente opção para voltar a ganhar ascendente a meio campo, pois trata-se de um jogador que disputa cada bola como se fosse a última e que até andou a jogar durante mais de um mês com um dedo do pé partido. Um jogador à Porto, formado no Porto mas que parece que perde relevância por não ser argentino, brasileiro ou colombiano.
Não foi isso que aconteceu. Vítor Pereira achou que para despertar a equipa o ideal seria colocar Varela no lugar de Atsu e retirar Lucho do jogo para colocar Fernando…
Outra questão importante que Vítor Pereira deixou escapar foi a da arbitragem
Vítor Pereira no pré-jogo disse que não seria “o anjinho na romaria” e que quando fosse prejudicado não ficaria calado. Ora, já vi muitos portistas a dizerem que o Porto fez bem em não se queixar do árbitro para marcar pela diferença, até porque assim admite os erros próprios.
Ora tenho que estar em desacordo. E os jornais desportivos do dia após o jogo acho que apenas reforçam ainda mais a minha opinião. O Porto jogou mal ? Jogou. Perdeu dois pontos por culpa própria? Sim, mas não só… Ficaram dois penaltis por marcar. Um na 1ª parte sobre Atsu e outro na 2ª ainda mais claro sobre Kleber. O Benfica chorou após o jogo com a Académica e recolheu os benefícios logo na jornada seguinte passando no difícil campo do Paços de Ferreira com dois penaltis por assinalar a favor dos da casa por falta de Maxi Pereira.
O Sporting tem vindo a queixar-se das arbitragens e com o Estoril viu-se a jogar contra 10 de forma claramente forçada pela equipa de arbitragem, permitindo assim que o Sporting empatasse, esquecendo também de marcar um penalti a favor do Estoril na 1ª parte…

O Porto devia ter-se queixado da arbitragem. Queixar-se de si próprio primeiro, obviamente, mas não esquecer de alertar para o facto dos 4 pontos que o Porto perdeu neste campeonato, terem sido perdidos em jogos em que a equipa de arbitragem teve influência. Em Barcelos um penalti escandaloso sobre Kleber, e agora mais dois. E que se os jornais deram eco à arbitragem de Xistra no jogo do Benfica, deveriam também agora referir que o Porto devia estar isolado na liderança. O Benfica tanto falou de árbitros mas convém que alguém diga que no melhor dos mundos, sem erros de arbitragem, o líder isolado deste campeonato só com vitórias seria o F. C. Porto. O Benfica perdeu pontos com o Braga e ainda foi beneficiado ao jogar indevidamente contra 10 (um costume já para os lados da Luz), e teria perdido pontos com o Paços também, isto dando de barato os 3 pontos do jogo de Coimbra que esteve longe de ser o escândalo que o Benfica quis transformar.
Neste aspecto não podemos mesmo ser os “anjinhos”. Não podemos deixar que os outros pressionem e retirem os benefícios para depois nós sermos os mais prejudicados e ficarmos todos calados esperando que alguém se queixe por nós… Estamos à espera de quê? Que “a bola”, “record” ou “correio da manhã” façam esse trabalho por nós?
É preciso despertar.