Alguém que muito prezo, dizia-me há dias, andar aborrecido com a falta de notícias durante o “defeso”. A palavra, embora familiar, encerra no que ao pontapé na bola diz respeito, alguns equívocos. Segundo um velho dicionário, que me tem servido para calçar um sofá que partiu um pé, há pelo menos, duas formas de a classificar: Como substantivo masculino: Parte do ano em que a caça ou pesca são proibidas (1) ou, como adjectivo: Proibido (2).
Nada de mais errado, considerar este período aborrecido. Se há defeso que tem sido interessante, este é um deles. Todos os dias acontece qualquer coisa insólita. Vejam lá que a ASAE, sempre zelosa com a saúde dos paroquianos, teve uma denúncia de produto em mau estado e resolveu ir fiscalizar. Não sabemos quem pagou as deslocações porque em 2011DT (Depois da Troika) os funcionários públicos em missão fora dos seus locais habituais de trabalho, não recebem um tusto pelos transportes. Mesmo assim, o diligente funcionário que já se tinha notabilizado pela campanha contra as colheres de pau, a ginjinha, e as bolas de Berlim, não esteve com meias medidas.
Conduzido por João Gabriel, e acompanhado duma 3ª escriturária e dum amanuense, numa destas madrugadas meteu-se num caíque a remos junto à Torre de Belém e zarpou Atlântico abaixo até à Marina de Vilamoura. Encostou, meteu a moeda no aquímetro (3) e foi direitinho ao SETE CAFÉ, o acolhedor Bar de Luís Figo onde, Paulo China, seu sócio de há muitos anos, negociava com um empresário umas sobras do Atlético de Madrid para revender ao Benfica.
Tinham chegado à ASAE denúncias duma “instituição” que, certamente por lapso, adquiriu um guarda-redes com defeito, e a fiscalização andava de olho alerta em tudo o que fosse atleta Espanhol. Assim como assim, comentava o agente autuante, “era preferível comprar à experiência”. Se estivesse estragado ou fora de prazo, devolvia-se (com o talão claro) à loja. Mas há horas do diabo! Paulo China que além de tasqueiro também é empresário da bola, desfez-se em desculpas mas o homem da ASAE, depois de efectuar uma busca no armazém dos congelados, encontrou um jogador “que vinha à troca” por Coentrão, fora do prazo de validade, e não esteve com meias medidas: fechou-lhe mesmo o tasco. A Operação Tainha Estragada foi um sucesso!
Uma baralhada que também mete barcos, aconteceu com os velejadores Olímpicos que estavam há meses sem receber os subsídios do Estado Português a que têm direito. E tudo por culpa de quem? Do indigente Laurentino que “retirou” os subsídios à Federação de Vela por, vejam bem, ter cometido o horrendo crime de deixar marinar demasiado, a aprovação daquela porcaria do Novo Regime Jurídico das Federações Desportivas que, ainda por cima, tem artigos inconstitucionais. O parvalhão, chamado à pressa para tratar do imbróglio, no meio de mais uma distribuição de medalhas, resolveu o problema e lá despachou a “utilidade pública” para a Vela. Sorridentes os nossos velejadores, entre hurras e olés, gritavam: HABEMOS PAPA (4)
Outra das bizarrias deste defeso é a choradeira das Câmaras com falta de dinheiro para gerir os Estádios do Euro 2004. Os clubes “da terra” estão mais do que falidos. Em Faro/Loulé nem sequer há clube, em Aveiro a autarquia conseguiu impingir a gestão do Estádio ao Beira-Mar e, em Leiria há um prejuízo anual de 5 milhões de euros na exploração do Estádio Dr. Magalhães Pessoa. A solução passa por vender o complexo em partes ou no todo, (5) se houver alguma Imobiliária com apetência para transformar aquilo num parque residencial. Já estou a ver a publicidade: MAGNÍFICO ANDAR junto ao Topo Norte, 5 quartos relvados, 3 suites com ligação ao balneário do árbitro, Sala comum com grande área e marca de penalty. Baliza com marquise, cozinha e lavandaria para 16 pessoas.
O Secretário de Estado do Desporto e da Juventude, sempre tão pressuroso a imiscuir-se em assuntos que não lhe dizem respeito (veja-se a vergonha e os sarilhos que arranjou para a FPF com o caso Queiroz, o patrocínio do Congresso do Desporto que não serviu para nada, a Lei da Actividade Física e do Desporto que é uma confusão total, a ausência de políticas para a prática do desporto), é um cadáver adiado. Como está de saída, só nos resta dizer: Siga o funeral!
Então, meu amigo da 1ª linha desta crónica? O defeso tem sido divertido ou não?
(1) “Todos os anos, cardumes de tainha deixam o estuário da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, à procura de águas mais quentes para a desova. Passado o defeso, quando a captura é proibida pelo Ibama, chegam ao litoral catarinense e, entre Maio e Julho, atraem os pescadores da região, menos por sua carne e mais por suas ovas”. In Folha de S. Paulo
(2) “O defeso é ou não a parte do ano mais chata para ser Benfiquista? Todos os dias o nosso clube surge ligado a montes de jogadores, envolto novelas infindáveis de entradas e saídas. Futebol é que ninguém o vê! Ainda agora começou o defeso e já estou farto, enjoado. Nunca mais começa a bola a correr”. In Taberna Bermelha (blogue Benfiquista).
(3) “Aquímetro” (Esta é inventada por mim) - Parquímetro para locais com água.
(4) “Habemos papa” - “temos comida” (papa).
(5) 63 Milhões de euros
Até para a semana
2 comentários:
André é finito!!!
Bibobíto!!!!
Excelente.
Aquímetro” (Esta é inventada por mim) - Parquímetro para locais com água.
Grande golo José lima
PORTO PORTO PORTO
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