É por isto que o Futebol tem piada! Os puristas, os amantes da verdade desportiva, estão sempre a pensar na melhor maneira de lhe fazer a cama. Vejam lá agora, de que se haviam de lembrar: proibir os fundos de jogadores. Quer dizer: o BES e o BCP que meteram nas mãos dos calimeros quase 400 milhões de passivo, não podem continuar a brincar como os outros meninos. Nem o Benfas Star Fund que já hipotecou duas dúzias de jogadores à “instituição” para esta fingir que está bem de finanças. No penúltimo Dia Seguinte assistiu-se a um edificante diálogo entre Guilherme Aguiar e o representante do clube de regime, o conhecido Get Smart, subordinado ao tema “O meu Fundo é mais legal do que o teu”!
O recurso a fundos e parcerias até já foi proibido em Inglaterra por haver receios quanto à integridade das competições, pela influência dos detentores dos passes dos jogadores e dúvidas quanto à origem do dinheiro. O jornal The Guardian, afirmou recentemente que a UEFA está a analisar muito seriamente a hipótese de proibir nas competições europeias a inscrição de jogadores que pertençam a estes grupos económicos.
Para já, quem está à pega, (“vai sobrar para nós” como costuma dizer Pinto da Costa) são os grupos Gool Co e Pearl Design que colaboraram com o Futebol Clube do Porto, que pagou 6 milhões de euros ao clube uruguaio Atlético Rentistas, de propriedade do empresário Juan Figer, por 75% dos direitos económicos do Walter, que actualmente foi emprestado ao Cruzeiro mas, a FIFA e a UEFA, já desmentiram qualquer investigação.
Também o responsável pelo estudo anual da Deloitte que avalia o estado financeiro de clubes e marcas na Europa, Dan Jones, disse nos finais do ano passado em Cascais, no Congresso Football Talks: “Sei que os clubes portugueses têm utilizado essa fonte sob diversas formas, mas desaconselho-os e eu teria cuidado porque há sempre dúvidas sobre duas questões: quem são, de facto, os investidores e de onde vem o dinheiro”.
Se não compramos jogadores por não termos dinheiro, “aqui d’el Rei” que não soubemos ser poupados. Se vamos pedir emprestado àqueles simpáticos que acendem charutos com notas, “cuidado que pode ser roubado”! Entrementes, os calimeros andam há uma década a caminhar alegremente para a falência, e agora “a culpa é dos gajos que emprestam”! Chiça! Já nem se pode falir descansado! Mais um bocadinho, e os donos da UEFA também apanhavam os chineses que compraram ¼ da EDP.
A Premier League inglesa multou o clube londrino West Ham porque os direitos dos argentinos Carlos Tevez e Javier Mascherano, provenientes do Corinthians brasileiro, pertenciam ao fundo Media Sports Investments, na altura liderado pelo empresário Kia Joorabchian. O fundo tinha o poder de forçar a venda dos jogadores caso uma oferta de compra alcançasse um certo preço, o que acabou por acontecer quando o Liverpool e o Manchester United quiseram comprar os jogadores. A partir daí, proibiu-se a prática deste - Third Party Ownership (direitos de terceiros)
O empresário português Jorge Mendes está supostamente a ser investigado, por eventual conflito de interesses entre a Gestifute e o fundo que detém passes dos sportinguistas Wolfswinkel e Elias, neste caso a QFIL (Quality Football Ireland Ltd). Segundo várias notícias, que surgiram nos últimos dias tendo como origem a Agência Bloomberg que cita uma fonte do organismo que tutela o futebol a nível mundial, o envolvimento de Jorge Mendes e do antigo director-geral do Chelsea Peter Kenyon no fundo de jogadores violará os regulamentos desportivos.
Este fundo Quality Football Ireland Ltd. investiu em 15 jogadores e é controlado pela sociedade Creative Artists Agency Inc., detida por Kenyon, e pela Gestifute, empresa de representação de futebolistas, que pertence a Jorge Mendes. Afirma Jose Maria Gay, professor da Universidade de Barcelona: “esta estrutura pode representar um conflito de interesses, uma vez que a Gestifute poderá procurar colocações melhores para jogadores seus representados”. Já Peter Kenyon afirmava numa entrevista recente que “temos consciência desse possível conflito de interesses mas temos a situação sob controlo”.
Este fundo Quality Football Ireland Ltd. investiu em 15 jogadores e é controlado pela sociedade Creative Artists Agency Inc., detida por Kenyon, e pela Gestifute, empresa de representação de futebolistas, que pertence a Jorge Mendes. Afirma Jose Maria Gay, professor da Universidade de Barcelona: “esta estrutura pode representar um conflito de interesses, uma vez que a Gestifute poderá procurar colocações melhores para jogadores seus representados”. Já Peter Kenyon afirmava numa entrevista recente que “temos consciência desse possível conflito de interesses mas temos a situação sob controlo”.
A Sporting-Sad, no seu último RC trimestral conhecido (de 1 de Julho a 30 de Setembro 2011) refere por exemplo, a pág. 31 que “manteve e aprofundou com o QFIL (que na época passada havia já contratado 50% dos direitos económicos de alguns jogadores), e esta época adquiriu metade dos direitos económicos de Rinauldo, Wolfswinkel e Diego Rubio, estando outros jogadores em negociação”.
Depois da auditoria que apontava a Sporting-Sad como estando “tecnicamente falida”, alguns blogues afectos ao Clube, estranharam ligações a outro fundo o Soccer Fund Invest, gerido pela MNF uma sociedade onde pontificam ex-dirigentes leoninos, João Lino de Castro e Manuel Ribeiro Telles, o que poderá configurar também um “conflito de interesses”.
Curiosamente João Lino de Castro foi o responsável pela organização das polémicas eleições no Sporting tendo protagonizado um momento insólito quando, após horas de espera, afirmou que “tinha havido necessidade de afinar a contagem”! Desta “afinação” viria a sair Godinho Lopes que, apertado por Luís Duque e pela Juve Leo, despede o treinador, contrata um caceteiro, e agora sugere “abrir a SAD a capitais estrangeiros”.
Vamos então lá ver como funciona esta história dos Fundos. É simples, um grupo de empresários compra ao Clube/Sad determinada percentagem dos direitos económicos de um ou vários jogadores, para mais tarde beneficiar numa percentagem igual à do seu investimento, quando da transferência do(s) jogadore(s) para outro clube, naturalmente por valores superiores aos da aquisição. O que pode acontecer de errado nisto? O Fundo, que avalia os passes de cada jogador através duma comissão de gestão, “forçar” a sua venda desde que a quantia oferecida se aproxime dos limites da avaliação que entende justos mas, que podem não ser aqueles que servem os interesses do Clube.
Refira-se que esta forma de financiamento já existe há mais de 10 anos, numa altura em que a Banca não tinha as torneiras fechadas, situação que agora está completamente ultrapassada com os clubes a terem que aceitar estes investidores caídos das Arábias, dos Petrodólares ou de Angola (situação que pode ter desencadeado o mau humor do representante do Benfica referida no primeiro parágrafo). Ao que consta Isabel dos Santos é uma das subscritoras do Fundo que tem investido na “instituição”.
Até para a semana.
1 comentário:
@ Lima
Eu vejo este tema da seguinte forma:
Enquanto as Vacas foram Gordas ninguém quis saber destes tais fundos duvidosos que servem para se lavar dinheiro e tudo mais.
Agora que as Vacas são anoréticas, eis que surgem logos os Puritanos da Verdade Desportiva a clamar por Justiça e Limpeza no Mundo do Futebol.
Hipócritas. Então quando o caso diz respeito á Liga Inglesa de Futebol é Hipocrisia ao cubo.
Aquele abraço.
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