Paulo Bento divulgou na passada 2ª feira a lista dos 23 jogadores convocados para o Euro 2012, como se esperava deixando de fora o proscrito Bosingwa, e fazendo de H. Viana o seu V. Baía. Em Inglaterra existe a expressão “Old habits die hard” e a mesma deu até origem a uma música dos Rolling Stones. Há de facto, certos hábitos difíceis de erradicar.
Vejamos como exemplo o cargo de selecionador de Portugal. Scolari parece ter feito escola e agora todo o selecionador tem sempre que ter um jogador que sirva para demonstrar que pensa pela sua própria cabeça e que é capaz de deixar alguém de fora mesmo que seja óbvio para todos que esse jogador merece estar na lista. Scolari aproveitou Vitor Baía, o melhor guarda redes da Europa em 2004 e provavelmente o melhor da história do futebol português, para esse efeito, mais tarde, como Baía já se havia retirado, substitui-o por outro jogador do F. C. Porto, desta vez o melhor jogador da Liga Portuguesa em 2006, Ricardo Quaresma.
Quer um quer outro fizeram falta nas fases finais em questão. Em 2004, Ricardo deu nas vistas a defender penaltis sem luvas, mas começou a sua saga de frangos e de saídas da baliza com os olhos fechados. Em 2006, Scolari achou por bem deixar o virtuosismo de Quaresma de fora, mesmo que não tivesse um substituto à altura… levou Luís Boa Morte que praticamente nunca jogou. Curiosamente no final da competição Scolari queixou-se de que lhe faltavam opções no banco… curiosamente tinha deixado o melhor jogador da Liga de fora…
“Old habits die hard”…E por isso mesmo, mudou-se o selecionador, mas manteve-se esse tal jogador que servia sempre para se mostrar que o selecionador via coisas que mais ninguém era capaz de ver…Desta vez tocou a fava a João Moutinho. João Moutinho que até tinha feito um excelente euro 2008. Para o Mundial não lhe encontraram um posto em 23 jogadores convocados… Curiosamente no final da prova Queiroz queixou-se de ter convocado Deco e lamentou o erro de ter deixado Moutinho de fora… Louve-se esse arrependimento. Isso é algo que Scolari nunca teve a coragem de demonstrar.
P. Bento vai pelo mesmo caminho. Não posso dizer que me surpreenda, atendendo a que P. Bento sempre foi um acérrimo defensor de Scolari e da sua forma de trabalhar. Scolari era o sargentão, P. Bento pode muito bem ser considerado o Sargentinho. Ambos preferem criar grupos fechados de amigos na selecção e mandam às malvas critérios como a qualidade e assiduidade. Ambos gostam de dar uma imagem de disciplinadores, mas na verdade essa disciplina só atinge alguns.
Scolari basicamente arrumou com Costinha, Maniche e S. Conceição por motivos extra-desportivos, mas curiosamente não teve a mesma atitude perante Simão que tinha sido avistado na mesmíssima festa em que estavam Costinha e Maniche, e que não terá sido do agrado do selecionador. S. Conceição, jogador de temperamento forte, foi afastado talvez por ter de forma aberta brincado com a forma como Scolari preparava os estágios. Conceição nunca escondeu também que era contra jogadores naturalizados.Scolari não terá gostado. No entanto, Figo manifestou-se publicamente contra a convocatória de Deco sem qualquer tipo de consequência. O mesmo Figo nunca entregou o teste psicológico que Scolari exigiu que todos os jogadores entregassem…O mesmo Figo que contra a Inglaterra no euro 2004, com Portugal a perder, quando vê que vai ser substituído, sai a passo e nem fica no banco para ver o final do jogo…Estava a rezar no balneário segundo afirmou posteriormente, o selecionador Luis Filipe Scolari… O mesmo Figo que até se deu ao luxo de não fazer uma qualificação porque queria fazer uma pausa, deixando assim que os outros fizessem o trabalho difícil, e depois voltou como se nada fosse para o Mundial 2006. Tudo com a conivência do Sargentão…
Paulo Bento tenta gerir o grupo dentro do estilo Scolari. Tem menor capacidade de criar empatia e de passar uma mensagem para fora (com ele não me parece que ninguém se sinta com vontade de colocar uma bandeira na janela), por outro lado é manifesto que percebe mais de futebol que Scolari, coisa que , diga-se de passagem, também não era muito difícil.
P. Bento também sente a necessidade de gritar bem alto a sua autoridade. Nem que para isso tenha que despachar jogadores da qualidade de R. Carvalho e Bosingwa pelo caminho e ter expressões tremendamente infelizes, quase que tentando humilhar profissionais de futebol. O mesmo P. Bento que no euro 2000 também esteve longe de dignificar o futebol português quando foi suspenso por 3 meses por ter tentado tirar um cartão da mão de um árbitro…
No caso Bosingwa, acusou-o de simular uma lesão sem ter qualquer tipo de prova. Aliás, saliente-se que Bosingwa após o jogo em que supostamente teria simulado uma lesão, ficou mais de um mês sem jogar pelo Chelsea… Os próprios médicos do Chelsea afirmaram que Bosingwa estava lesionado…Mas não interessa… Para P. Bento foi a desculpa certa para retirar a discussão de vez sobre a titularidade de J. Pereira, claramente o seu preferido. Por outro lado, serviu para ele reforçar a sua imagem de disciplinador…Curioso como as pessoas confundem a virtude da disciplina com o defeito da conflitualidade.
P. Bento é por natureza, tal como o era Scolari, uma pessoa conflituosa, que não gosta de ser contrariado e que prefere ter um grupo de cordeiros do que ter efectivamente que ser um líder “tout court”. Um condutor de homens. Allguém capaz de trablalhar com personalidades distintas e conseguir sacar o melhor de cada individualidade para um grupo diversificado mas unido. Assim, tanto Bento como antes Scolari, fogem ao desafio de ter que demonstrar a capacidade de liderança suficiente para aglutinar esse grupo devontades individuais e fazê-lo remar todo para o mesmo lado.
Ao rever convocatórias como P. Bento não consigo deixar de pensar naquela época em que havia a figura do selecionador e a do treinador. Uma pessoa selecionava o grupo de trabalho e depois o treinador só tinha que se limitar a fazer o trabalho de campo. Parecia algo ridículo, mas que visto à luz dos factos de hoje não seria assim tanto. É um facto que o treinador tem o seu modelo de jogo e a sua táctica e as suas ideias para o que quer da equipa. Mas não é menos verdade que o mesmo se passa nos clubes e nem por isso o treinador é quem escolhe os reforços. Pode dizer que quer um jogador para determinada posição com determinadas características, mas não lhe cabe a ele decidir e escolher o nome desse jogador. Tem que trabalhar com o que lhe dão. Numa selecção isso seria uma boa forma de acabar com esta ideia de que a selecção tem que ser necessariamente um grupo de amigos. Não tem. Tem que ser um grupo de profissionais, bem liderados, que tenham todos o mesmo objectivo. O de darem o seu melhor pelas cores portuguesas.
Antes da convocatória via um programa na Rtp em que comentavam Jorge Andrade e Maniche, ex-internacionais portugueses. . Andrade falava no tão famigerado espírito de grupo e da sua importância e como por vezes é mais importante um jogador que dê um bom ambiente de grupo, que outro que tenha muita qualidade mas que dê pouco ao grupo ou que lide mal com o banco e utilizou o seu exemplo próprio e do seu colega Maniche que era conhecido por ter muita azia quando não jogava. Maniche respondeu de uma forma em que concordei em absoluto. Que o espírito de grupo é muito bonito e é também importante, mas que mais importante que isso é escolher os jogadores com mais qualidade. Sem qualidade não se vai a lado nenhum. Se fosse por espírito de grupo e para fazer bons bonecos para os programas do Daniel Oliveira, então contratava-se o Circo Chen e todos faziam umas palhaçadas e todos se riam e o ambiente era espectacular.
Os jogadores não têm que ser amigos. Em 86 chegamos a uma meia-final de um Europeu e os jogadores do Porto e do Benfica nem se falavam fora do campo. Isso retirou qualidade à selecção dentro do campo? Por isso, mais do que criticar os que ficaram de fora e os que vão para o Europeu, primeiro é preciso ver quantos sobreviverão a quase um mês fechados com P. Bento. Já no Sporting P. Bento era conhecido por ser recordista em suspender jogadores, na selecção não deixou o seu crédito por mãos alheias e manteve o ritmo, e só está com os jogadores por poucos dias… Por isso imagine-se o perigo de estar com eles tanto tempo…
Sobre a convocatória em si, ate nisso, P. Bento segue as pisadas do seu amigo Scolari. Ambos gostam de dar uma imagem de total independência e de que são totalmente avessos a pressões… Na verdade quer um quer outro sempre se esforçaram por incluir jogadores dos 3 grandes, mesmo que um deles (neste caso o Benfica), não tenha portugueses no onze. Tudo para que se agrade a gregos e troianos e não fique um núcleo de adeptos a sentirem-se excluídos.
Prova disso é a convocatória de Eduardo. O mesmo P. Bento que logo na sua 1ª conferência de imprensa afirmou que um dos seus critérios seria a assiduidade dos jogadores nos seus clubes, ora que se esquecem desse critério para não deixar o guarda redes suplente do Benfica de fora… Mesmo que para isso tenha que cometer uma enorme injustiça com Quim… O que sei é que Beto teve que sair para o Cluj afirmando que sem essa utilização o mais provável seria não ir ao Europeu… Eduardo ficou a suplente no Benfica e nem se mostrou preocupado por não sair em Janeiro… Parecia que já sabia que seria sempre escolhido... Benfica é Benfica…
Mas engane-se quem pensa que foi a primeira e única vez que P. Bento traiu os seus princípios e a sua palavra. Atente-se ao jogador Carlos Martins. Jogador dispensado por P. Bento no Sporting. Por uma questão de modelo de jogo? Não. Por questão de carácter, segundo afirmava P. Bento.
Carlos Martins também simulava lesões no entender de P. Bento e segundo o próprio com ele nunca mais jogaria. Até teve direito a um bate-boca público entre jogador e treinador, um pouco à semelhança do que se passou agora na selecção com R. Carvalho e Bosingwa. Ora, C. Martins passou por Espanha, e dá-se a casualidade de que quando P. Bento assume a selecção C. Martins ser um dos poucos portugueses titulares do Benfica. Perante a pressão imediata dos benfiquistas para saber se C. Martins ficaria de fora, Bento fez com Martins o que não fez com mais nenhum jogador… Assegurou logo de imediato que ele seria convocado e que com ele jogaria na selecção.
Dito e feito. Martins foi chegar ver e vencer… Nem que para isso tivesse que ser relegado para o banco um jogador como Tiago que finalmente tinha ganho o posto no Mundial 2010 depois de anos de espera para que Deco lhe abrisse uma vaga. Curiosamente pouco tempo depois dessas afirmações de Bento e da titularidade total e absoluta de Martins, Tiago decidiu colocar um ponto final na sua carreira ao serviço da selecção… Curiosamente… Entretanto C. Martins saiu do Benfica. Este ano, o Benfica tinha apenas Eduardo e como suplente… P. Bento tinha a hipótese de levar ainda R. Amorim mas tramaram-no quando o emprestaram ao Braga. O mesmo Ruben Amorim passou de ser forte hipótese nos 23 para deixar de ser hipótese de todo… Bastou passar do Benfica para o Braga.
Eis então que surge o nome de Nelson Oliveira à baila. Não havia mais nenhum. Uma vez mais P. Bento contraria os seus princípios. Tinha deixado claro que provavelmente levaria apenas dois pontas de lança ao Euro, uma vez que CR7 poderia jogar a ponta de lança… A partir de momento que não havia mais alternativas para convocar no Benfica, surgiu então a ideia de que N. Oliveira seria o 3º ponta de lança da selecção…Tudo isto porque oferecia características que mais nenhum outro jogador oferecia naquele posto…Curiosamente o mesmo argumento poderia servir para a chamada de H. Viana, mas ao invés serve para o afastar…Afinal a diferença do H. Viana é má, torna-o desadequado para o modelo de jogo de P. Bento…
Atenção, nada contra Nelson Oliveira. Não tenho dúvidas que ele é o futuro ponta de lança da selecção. Tem de facto características interessantes e foi o rosto da geração coragem que foi vice-campeã mundial de sub-20. Mas o que deixo para ponderação é o seguinte: Se N. Oliveira fosse jogador do Braga, tivesse 10 jogos apenas na Liga e 0 golos, seria ele convocado…? Como vemos P. Bento fez questão de dentro da controvérsia, ser politicamente correcto.
Muitas vozes começaram a pedir e com a razão a chamada de H. Viana por ser claramente um dos melhores médios da liga portuguesa e um jogador com uma qualidade de passe que mais nenhum outro médio tem na selecção. Muitos também começaram a estranhar o facto de o Braga não ter nenhum jogador na selecção. O Benfica sem jogar com nenhum português no onze tinha 2 convocados, o Braga mesmo jogando sempre com 5 ou 6 jogadores portugueses e fazendo uma excelente época, não via a sua qualidade de jogo e a qualidade dos seus jogadores reconhecida pelo selecionador nacional.
Abriu-se aí o dilema para P. Bento. Como arranjar jogadores do Braga sem que tivesse que dar o braço a torcer relativamente a H. Viana… Inicialmente e quando N. Oliveira ainda não era hipótese, começou por chamar N. Gomes. Mesmo que N. Gomes curiosamente nem fosse titular do Braga…Mas interessava para a teoria de P. Bento de que afinal até convocava jogadores do Braga. O panorama ficou mais desanuviado para P. Bento quando Custódio e Miguel Lopes começaram a ser titulares a meio da época. Daí estas terem sido as duas surpresas reservadas por P. Bento. Assim ninguém pode dizer que ele só leva jogadores dos 3 clássicos grandes… E consegue de certa forma amparar o desgosto pela não chamada de H. Viana.
Obviamente que para isso teve que sacrificar outros jogadores que contavam com a convocação. Nelson do Bétis por exemplo, que até já tinha sido opção para P. Bento e que fez uma excelente época no Bétis. Ele seria de forma natural o tal lateral que podia jogar nos dois flancos… Foi sacrificado pela necessidade de P. Bento de convocar jogadores do Braga.
Custódio tratou-se daqueles casos feitos por encomenda quase. Um jogador que P. Bento sempre apreciou e que até o promoveu a capitão no Sporting, e que preenche uma lacuna na posição de trinco e que dá algum peso que faltava ao meio campo em termos defensivos.
Manuel Fernandes ficou de fora. Um sacrifício que a meu ver não se deveria ter dado. Porque a meu ver Bento sempre teria que levar um trinco mais fixo. O erro estava em nunca o ter encontrado antes. A ideia de que ele deu de que Portugal jogaria sempre em posse e com médios levezinhos tipo Espanha, foi uma ideia algo megalómana. A questão é que Espanha tem: Xavi, Iniesta, Silva, Cazorla, Cesc Fabregas, Thiago Alcantera e tem uma base do Barça que joga o tiki taka de forma natural. Portugal não tem essa abundância a meio campo. Mas mesmo assim, Del Bosque dá uma lição a P. Bento na forma como se escolhe um grupo.
Del Bosque é fiel ao estilo de jogo de posse espanhol, contudo, tal não significa que abdique de plano B ou que deixe de fora jogadores de qualidade só porque não são iguais aos que são titulares. Daí que fugindo a esse estilo de jogo, ele convoca Javi Martinez para dar mais peso ao meio campo, convoca agora Javi Garcia do Benfica que nada tem a ver com os outros médios convocados e mesmo no ataque convoca um jogador como Llorente que nada tem a ver com o estilo de avançado que tem sido privilegiado na Roja que sempre tem preferido mobilidade no ataque.
Se Del Bosque fosse como Bento, deixaria o talento de Llorente de fora da selecção espanhola porque é um jogador de características totalmente distintas áquilo que é a forma de jogar da Espanha. Um jogador que apela muito mais ao estilo directo e não tanto ao futebol de posse. Del Bosque sabe que tem que ter plano B. Por muito bom que seja o plano inicial, numa fase final é importante ter soluções distintas para rivais que terão armas distintas. E nem teve qualquer tipo de recorrer a esse plano B até mesmo no último mundial no jogo contra Portugal. O jogo estava amarrado e ele então baralha tudo quando manda a torre Llorente para provocar estragos no centro da defesa portuguesa. A vantagem de ter jogadores no banco que oferecem a garantia da diferença dentro do campo.
P. Bento dá ideia com as ausências de Manuel Fernandes e H. Viana que realmente não tem nem quer ter plano B. Tem um onze titular e depois os restantes convocados devem ser fotocópias de fraca qualidade dos onze eleitos. Quando se faça uma substituição deverá ser troca por troca, e não deve entrar ninguém que jogue de forma distinta dos que estão a jogar. Só assim se explica ausência de H. Viana e M. Fernandes e a convocação de jogadores como M. Veloso e R. Micael. Ou isso ou o simples facto de P. Bento não ter visto sequer os jogos dos jogadores que convocou. Tinha um grupo decidido e fechado e era indiferente o que cada um fizesse no seu clube.
M. Veloso é claramente um dos elementos que faz parte do grupo de amigos de P. Bento. O tal que deve dar um excelente balneário. Que o digam no Genoa, uma vez que lá foi suplente grande parte da época. Deveria ser muito divertido no banco.
R. Micael fez uma época mediana no Saragoça que lutou até ao fim por não descer de divisão. A sua convocatória, acho que até aos adeptos do Saragoça apanhou de surpresa, uma vez que ao contrário de H. Postiga, R. Micael nem era um dos destaques da equipa. Veloso será a fotocópia desfocada de Meireles e Custódio, R. Micael a fotocópia desfocada de Carlos Martins e João Moutinho.
Manuel Fernandes foi nesta época provavelmente o melhor jogador do Besiktas. Era ele que comandava o meio campo da equipa turca e destacou-se, quer pelo vigor físico, quer pela qualidade técnica a pautar o jogo, assim como pelo elevado nº de assistências. Fez inclusive uma época superior a Quaresma na opinião de muitos. Nada disto interessa para P. Bento. Não é a qualidade ou o que pode oferecer, é saber se pode ser um bom elemento de banco.
Fica a questão. Alguém acha que M. Veloso e R. Micael quando lançados no decorrer de um jogo, serão elementos capazes de revolucionar o jogo da equipa?
Já H. Viana e M. Fernandes pelo menos dariam outro tipo de armas que a equipa não tem. Neste meio campo tão leve e com apenas um trinco de raiz, Manuel Fernandes daria a capacidade física para além da enorme qualidade técnica. Hugo Viana se faz os passes que faz para Lima no Braga, imaginem-no a servir um ataque com Nani e CR7.
Os defensores de P. Bento dizem que entendem a opção porque o Braga joga em transições e a selecção joga em posse e que por isso H. Viana não se enquadra…Muito líricos devem ser todos aqueles que acreditam que Portugal poderá fazer um jogo de posse total e absoluta contra selecções como Alemanha e Holanda… Estou ansioso por ver a tão propalada posse de bola defendida por P. Bento… Já estou mesmo a ver que vai ser posse de bola ao estilo de V. Pereira, treinador do Porto. A posse de bola que fica na sala de imprensa… Quando se chegar ao campo, ver-se-á uma equipa mais propensa em apostar nas transições até mesmo pelas características dos jogadores do ataque.
Louve-se que pelo menos o facto de P. Bento esforçar-se para inventar uma desculpa para não levar H. Viana…É um upgrade em relação a Scolari… O Sargentão nem se dava ao esforço e estava-se a marimbar para os jornalistas e se possível até gostava de gozar com eles e o os insultar. O pior é que os jornalistas deixavam e toda a gente achava piada…Se fosse português já não achariam tanta piada…
Muita gente aponta o meio campo como o sector mais fraco e com mais problemas da selecção…Não podem é ser as mesmas pessoas que concordam com a convocatória… Como pode o meio campo ser um sector frágil quando se deixa de fora jogadores como H. Viana e Manuel Fernandes…? A lógica diz-nos que os que forem serão ainda melhores…Ou então é sinal de que a convocatória carece de critério e de lógica… Não foi a qualidade o factor principal para aescolha dos jogadores e, quando assim é, começa-se logo mal…
Esperemos que apesar de P. Bento e da sua postura de Sargentinho, Portugal possa fazer uma participação que nos orgulhe…Mesmo que não faça, P. Bento já conseguiu o seu objectivo que é manter o emprego. Até nisso ele conseguiu um upgrade relativamente a Scolari…
Para terminar e em jeito de reflexão deixo os jogadores que nesta selecção poderão ir ainda ao Mundial do Brasil e as suas idades nessa altura:
R. Patricio- 28 anos, J. Pereira terá 32, logo acho que poderá nem ser opção, Coentrão 28, Migue Lopes 29, Pepe 33, Rolando 30, Moutinho 29, Veloso 30, R. Micael 29, Cristiano Ronaldo 31, Nani 29, Nelson Oliveira 24.
Ou seja, dos 23, com muito boa vontade, poderão chegar 12 ao Mundial do Brasil. E uma selecção claramente envelhecida. Será importante que P. Bento vá pensando em renovar o grupo e em procurar soluções para o futuro. Outras selecções já estão a fazer esse trabalho. Num exercício de futurologia diria que esta poderá ser o onze da selecção no Mundial do Brasil ( com os dados de que dispomos actualmente e dando espaço para a afirmação de outros talentos):
R. Patrício, Cedric, Pepe, Rolando (opção de Sereno ou ainda N. Reis capitão dos sub-20), F. Coentrão, André Castro, André Martins e Moutinho; CR7, Nani e Nelson Oliveira.
Atenção, nada contra Nelson Oliveira. Não tenho dúvidas que ele é o futuro ponta de lança da selecção. Tem de facto características interessantes e foi o rosto da geração coragem que foi vice-campeã mundial de sub-20. Mas o que deixo para ponderação é o seguinte: Se N. Oliveira fosse jogador do Braga, tivesse 10 jogos apenas na Liga e 0 golos, seria ele convocado…? Como vemos P. Bento fez questão de dentro da controvérsia, ser politicamente correcto.
Muitas vozes começaram a pedir e com a razão a chamada de H. Viana por ser claramente um dos melhores médios da liga portuguesa e um jogador com uma qualidade de passe que mais nenhum outro médio tem na selecção. Muitos também começaram a estranhar o facto de o Braga não ter nenhum jogador na selecção. O Benfica sem jogar com nenhum português no onze tinha 2 convocados, o Braga mesmo jogando sempre com 5 ou 6 jogadores portugueses e fazendo uma excelente época, não via a sua qualidade de jogo e a qualidade dos seus jogadores reconhecida pelo selecionador nacional.
Abriu-se aí o dilema para P. Bento. Como arranjar jogadores do Braga sem que tivesse que dar o braço a torcer relativamente a H. Viana… Inicialmente e quando N. Oliveira ainda não era hipótese, começou por chamar N. Gomes. Mesmo que N. Gomes curiosamente nem fosse titular do Braga…Mas interessava para a teoria de P. Bento de que afinal até convocava jogadores do Braga. O panorama ficou mais desanuviado para P. Bento quando Custódio e Miguel Lopes começaram a ser titulares a meio da época. Daí estas terem sido as duas surpresas reservadas por P. Bento. Assim ninguém pode dizer que ele só leva jogadores dos 3 clássicos grandes… E consegue de certa forma amparar o desgosto pela não chamada de H. Viana.
Obviamente que para isso teve que sacrificar outros jogadores que contavam com a convocação. Nelson do Bétis por exemplo, que até já tinha sido opção para P. Bento e que fez uma excelente época no Bétis. Ele seria de forma natural o tal lateral que podia jogar nos dois flancos… Foi sacrificado pela necessidade de P. Bento de convocar jogadores do Braga.
Custódio tratou-se daqueles casos feitos por encomenda quase. Um jogador que P. Bento sempre apreciou e que até o promoveu a capitão no Sporting, e que preenche uma lacuna na posição de trinco e que dá algum peso que faltava ao meio campo em termos defensivos.
Manuel Fernandes ficou de fora. Um sacrifício que a meu ver não se deveria ter dado. Porque a meu ver Bento sempre teria que levar um trinco mais fixo. O erro estava em nunca o ter encontrado antes. A ideia de que ele deu de que Portugal jogaria sempre em posse e com médios levezinhos tipo Espanha, foi uma ideia algo megalómana. A questão é que Espanha tem: Xavi, Iniesta, Silva, Cazorla, Cesc Fabregas, Thiago Alcantera e tem uma base do Barça que joga o tiki taka de forma natural. Portugal não tem essa abundância a meio campo. Mas mesmo assim, Del Bosque dá uma lição a P. Bento na forma como se escolhe um grupo.
Del Bosque é fiel ao estilo de jogo de posse espanhol, contudo, tal não significa que abdique de plano B ou que deixe de fora jogadores de qualidade só porque não são iguais aos que são titulares. Daí que fugindo a esse estilo de jogo, ele convoca Javi Martinez para dar mais peso ao meio campo, convoca agora Javi Garcia do Benfica que nada tem a ver com os outros médios convocados e mesmo no ataque convoca um jogador como Llorente que nada tem a ver com o estilo de avançado que tem sido privilegiado na Roja que sempre tem preferido mobilidade no ataque.
Se Del Bosque fosse como Bento, deixaria o talento de Llorente de fora da selecção espanhola porque é um jogador de características totalmente distintas áquilo que é a forma de jogar da Espanha. Um jogador que apela muito mais ao estilo directo e não tanto ao futebol de posse. Del Bosque sabe que tem que ter plano B. Por muito bom que seja o plano inicial, numa fase final é importante ter soluções distintas para rivais que terão armas distintas. E nem teve qualquer tipo de recorrer a esse plano B até mesmo no último mundial no jogo contra Portugal. O jogo estava amarrado e ele então baralha tudo quando manda a torre Llorente para provocar estragos no centro da defesa portuguesa. A vantagem de ter jogadores no banco que oferecem a garantia da diferença dentro do campo.
P. Bento dá ideia com as ausências de Manuel Fernandes e H. Viana que realmente não tem nem quer ter plano B. Tem um onze titular e depois os restantes convocados devem ser fotocópias de fraca qualidade dos onze eleitos. Quando se faça uma substituição deverá ser troca por troca, e não deve entrar ninguém que jogue de forma distinta dos que estão a jogar. Só assim se explica ausência de H. Viana e M. Fernandes e a convocação de jogadores como M. Veloso e R. Micael. Ou isso ou o simples facto de P. Bento não ter visto sequer os jogos dos jogadores que convocou. Tinha um grupo decidido e fechado e era indiferente o que cada um fizesse no seu clube.
M. Veloso é claramente um dos elementos que faz parte do grupo de amigos de P. Bento. O tal que deve dar um excelente balneário. Que o digam no Genoa, uma vez que lá foi suplente grande parte da época. Deveria ser muito divertido no banco.
R. Micael fez uma época mediana no Saragoça que lutou até ao fim por não descer de divisão. A sua convocatória, acho que até aos adeptos do Saragoça apanhou de surpresa, uma vez que ao contrário de H. Postiga, R. Micael nem era um dos destaques da equipa. Veloso será a fotocópia desfocada de Meireles e Custódio, R. Micael a fotocópia desfocada de Carlos Martins e João Moutinho.
Manuel Fernandes foi nesta época provavelmente o melhor jogador do Besiktas. Era ele que comandava o meio campo da equipa turca e destacou-se, quer pelo vigor físico, quer pela qualidade técnica a pautar o jogo, assim como pelo elevado nº de assistências. Fez inclusive uma época superior a Quaresma na opinião de muitos. Nada disto interessa para P. Bento. Não é a qualidade ou o que pode oferecer, é saber se pode ser um bom elemento de banco.
Fica a questão. Alguém acha que M. Veloso e R. Micael quando lançados no decorrer de um jogo, serão elementos capazes de revolucionar o jogo da equipa?
Já H. Viana e M. Fernandes pelo menos dariam outro tipo de armas que a equipa não tem. Neste meio campo tão leve e com apenas um trinco de raiz, Manuel Fernandes daria a capacidade física para além da enorme qualidade técnica. Hugo Viana se faz os passes que faz para Lima no Braga, imaginem-no a servir um ataque com Nani e CR7.
Os defensores de P. Bento dizem que entendem a opção porque o Braga joga em transições e a selecção joga em posse e que por isso H. Viana não se enquadra…Muito líricos devem ser todos aqueles que acreditam que Portugal poderá fazer um jogo de posse total e absoluta contra selecções como Alemanha e Holanda… Estou ansioso por ver a tão propalada posse de bola defendida por P. Bento… Já estou mesmo a ver que vai ser posse de bola ao estilo de V. Pereira, treinador do Porto. A posse de bola que fica na sala de imprensa… Quando se chegar ao campo, ver-se-á uma equipa mais propensa em apostar nas transições até mesmo pelas características dos jogadores do ataque.
Louve-se que pelo menos o facto de P. Bento esforçar-se para inventar uma desculpa para não levar H. Viana…É um upgrade em relação a Scolari… O Sargentão nem se dava ao esforço e estava-se a marimbar para os jornalistas e se possível até gostava de gozar com eles e o os insultar. O pior é que os jornalistas deixavam e toda a gente achava piada…Se fosse português já não achariam tanta piada…
Muita gente aponta o meio campo como o sector mais fraco e com mais problemas da selecção…Não podem é ser as mesmas pessoas que concordam com a convocatória… Como pode o meio campo ser um sector frágil quando se deixa de fora jogadores como H. Viana e Manuel Fernandes…? A lógica diz-nos que os que forem serão ainda melhores…Ou então é sinal de que a convocatória carece de critério e de lógica… Não foi a qualidade o factor principal para aescolha dos jogadores e, quando assim é, começa-se logo mal…
Esperemos que apesar de P. Bento e da sua postura de Sargentinho, Portugal possa fazer uma participação que nos orgulhe…Mesmo que não faça, P. Bento já conseguiu o seu objectivo que é manter o emprego. Até nisso ele conseguiu um upgrade relativamente a Scolari…
Para terminar e em jeito de reflexão deixo os jogadores que nesta selecção poderão ir ainda ao Mundial do Brasil e as suas idades nessa altura:
R. Patricio- 28 anos, J. Pereira terá 32, logo acho que poderá nem ser opção, Coentrão 28, Migue Lopes 29, Pepe 33, Rolando 30, Moutinho 29, Veloso 30, R. Micael 29, Cristiano Ronaldo 31, Nani 29, Nelson Oliveira 24.
Ou seja, dos 23, com muito boa vontade, poderão chegar 12 ao Mundial do Brasil. E uma selecção claramente envelhecida. Será importante que P. Bento vá pensando em renovar o grupo e em procurar soluções para o futuro. Outras selecções já estão a fazer esse trabalho. Num exercício de futurologia diria que esta poderá ser o onze da selecção no Mundial do Brasil ( com os dados de que dispomos actualmente e dando espaço para a afirmação de outros talentos):
R. Patrício, Cedric, Pepe, Rolando (opção de Sereno ou ainda N. Reis capitão dos sub-20), F. Coentrão, André Castro, André Martins e Moutinho; CR7, Nani e Nelson Oliveira.
2 comentários:
@ Ricardo Costa
Estou de acordo com o que escreveste
Paulo Bento está a seguir a fórmula Scolari, só que não tem á sua disposição um meio campo Campeão Europeu. Este foi o principal factor de sucesso de Scolari.
E realmente isto de deixar de fora Hugo Viana/Manuel Fernandes e convocar o esquizofrénico arruma toalhas do Granada (leia-se Carlos Martins) não lembra ao diabo. Os dois primeiro jogaram com regularidade nos seus Clubes e fizeram boas épocas enquanto que o outro passou a Temporada quase toda a ver os Colegas a jogar.
Desta forma nunca mais vamos ter uma Selecção Portuguesa que vença títulos. Os que por norma vão às fases finais não são os que tem mostrado valor para representar a nossa Selecção mas sim aqueles que interessam ao Benfica e Sporting mesmo que não joguem com regularidade e que sejam de péssima qualidade. Veja-se o veneno que os Comentadores desportivos deitaram quando Carlos Queiroz optou e nem por deixar o doido do Martins de fora do Mundial.
Enfim, vamos ver o que Portugal fará no EURO 2012. O grupo é forte e não dá para grandes manobras.
Aquele abraço.
Excelente análise! Os últimos selecionadores, para agradarem ao regime, têm que arranjar sempre um bode espiatório. Neste caso, o P. Bento arranjou muitos... não acredito que passe a 1ª fase.
Saraiva
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