segunda-feira, 9 de julho de 2012

O futuro da selecção nacional e do futebol português (parte 2)


Outro exemplo de incorporação de sucesso foi a de Edgar Borges que treina esta selecção de sub-19 que pode apurar-se para as meias finais do Europeu, e que já garantiu a qualificação para o Mundial de sub-20 a ter lugar em 2013.

Diria mesmo que o único escalão que parece estar ainda meio perdido é o de esperanças. A antecamera para a selecção principal. O selecionador é Rui Jorge. Não que seja alguém sem provas dadas, já havia treinado a formação do Belenenses, mas parece claro que o cargo deve-se mais à sua boa relação com o selecionador principal do que propriamente a outro tipo de critérios atinentes ao projecto que se pretende para FPF. Por outro lado parece ser aquele que está fora do que tem sido o trabalho dos escalões abaixo. Joga num 4-4-2, preocupa-se mais com os resultados e menos com o modelo de jogo da selecção e com o facto dos sub-21 serem a última etapa até a afirmação na selecção principal.

Falta maior ligação entre os sub-21 e os escalões abaixo. Tal torna-se ainda mais claro, quando os vice-campeões mundiais de sub-20, têm penado para entrar nas escolhas de Rui Jorge. Era importante que fosse dada uma continuidade no trabalho e não romper com o que foi bem feito para trás. Nelson Oliveira saltou uma etapa, mas outros jogadores que despontavam nessa geração casos de: Danilo, Pelé, Nuno Reis ou Mika não têm tido oportunidades de se mostrar nos sub-21 e no caso de Danilo até tem jogado fora de posição sempre que chamado a jogo.

Seria importante no futuro, encontrar um selecionador sub-21 que possa dar contuidade ao trabalho feito por Ilídio Vale e Edgar Borges. Não um ex-jogador, mas alguém da formação capaz de ajudar na transição dessas gerações para o futebol sénior. Daqui a uns 2 anos o selecionador sub-21 terá um papel muito importante no futuro da selecção nacional, pois vai ter nas mãos duas gerações talentosas e com resultados para poder mesclar. A vicecampeã mundial de sub-20 e a actual de sub-19 que ainda pode brilhar no próximo mundial de sub-20 em 2013.

Para quem quiser acompanhar a selecção de sub-19 e o seu percurso neste europeu deixo aqui o onze titular e a proveniência dos jogadores:

Veloso (Sporting), João Cancelo (Benfica), Tiago Elori (Sporting), Tiago Ferreira (F. C. Porto), Daniel Martins (Sporting), meio campo: Agostinho Cá (Sporting), João Mário (Sporting) e André Gomes (Benfica). Ataque: Bruma (Sporting), Ricardo Esgaio (Sporting) e Betinho (Sporting).

Portugal joga num 4-3-3 à semelhança da selecção principal. Um meio campo com 3 médios que se complementam mas em que nenhum é um 10 clássico. A contrário da principal temos nos sub-19 um trinco com maior capacidade defensiva, fazendo assim um 1 x 2 no meio campo. O trinco é Agostinho Cá, tendo depois à sua frente o capitão João Mário (irmão de Wilson Eduardo) e André Gomes.

No ataque temos dois extremos rápidos como Bruma e Ricardo Esgaio e Betinho no centro do ataque.Um ponta de lança que facturou muitos golos na qualificação mas que não está ao nível de um Nelson Oliveira. Esgaio é um extremo que joga mais por dentro, enquanto que Bruma dá maior verticalidade ao jogo.

Destaques individuais:

Tiago Ferreira – O central do F. C. Porto é o sobrevivente da “geração coragem “ . Um central forte no jogo aéreo, com bom posicionamento e boa capacidade física. Mais um bom central a sair dos escalões de formação do F. C. Porto.

João Cancelo - Cada vez mais, Portugal forma bons laterais. Cancelo é tecnicamente muito evoluído, um lateral direito que não se limita a defender e que acaba por criar muitos desiquílibrios nas defesas adversárias com as suas constantes subidas. Portugal transporta muito jogo pelo flanco direito graças a João Cancelo

Agostinho Cá - Porventura o jogador num estado de desenvolvimento mais elevado. Jogador que tem sido muito falado por estar de saída do Sporting . Após ter sido disputado por colossos como Real Madrid ou Inter de Milão, parece que finalmente o seu futuro ficou decidido. Incorparará a equipa B do Barcelona já na próxima época. Não é difícil de perceber porquê. Um trinco que se posiciona muito bem. Corta muitas linhas de passe, é rápido a sair a jogar, forte no confronto físico e que geralmente joga sempre ao primeiro toque. Na Estónia, jornalistas estrangeiros começaram logo a compará-lo a Patrick Vieira.

João Mário - O capitão e líder da equipa. Divide protagonismo com Agostinho Cá. Contudo enquanto que Cá se destaca no processo defensivo, João Mário é um jogador que brilha mais no momento ofensivo. Boa visão de jogo, culto tacticamente, é ele que puxa os cordelinhos do jogo ofensivo da equipa, dando contudo sempre equílibrio ao meio campo. Um jogador muito interessante. Para dar o salto para o futebol sénior, terá que , no entanto, melhorar a sua intensidade competitiva e velocidade.

Bruma - Portugal não tem extremos com a classe de outros tempos, contudo Bruma destaca-se por ser um jogador muito rápido e que não teme o duelo individual. É cedo para dizer o que pode fazer como sénior, porque também Ivanildo era mais ou menos parecido com a sua idade e depois no futebol profissional tornou-se apenas banal. Veremos o que faz Bruma.
  • O que fica claro é que Portugal tem futuro
A selecção nacional não caírá no vazio por culpa de jogadores e técnicos. Trabalha-se bem em Portugal. Só não teremos sucessão se não quisermos. O perigo do futebol português e da selecção nacional em concreto não são os clubes formadores, muito menos a qualidade dos jogadores, é antes a falta de qualidade dos seus dirigentes… Decisões como a proibição de empréstimos entre clubes de 1ª liga é que é dar tiros nos pés e tentar impedir que o bom trabalho que é feito na formação dê frutos.
  • Esta direcção da Liga dos pequeninos é que está a perigar o futuro da selecção nacional
Porque se por um lado finalmente apostaram nas equipas B (com vários anos de atraso se comparado com Espanha diga-se), por outro acabam com os empréstimo demonstrando que se estão a marimbar para o futuro do jogador português. A fase mais difícil na carreira de um jogador é entre os 18 e 23 anos. As equipas B, seriam a 1ª fase na adaptação ao futebol profissional, o 2º passo seria obviamente a rodagem por clubes de 1ª liga. Sem isso, acaba-se com esse espaço de afirmação e podem destruir a carreira de muitos, ora obrigando-os a competir numa 2ª divisão ora podendo obrigá-los a emigrar cedo demais.

Gaba-se tanto a selecção espanhola. Em Espanha também a Liga espanhola tem muitos estrangeiros e tirando o Barça, muitos clubes dão pouco espaço aos jogadores formados localmente… Contudo eles remam todos para o mesmo lado. Grandes e pequenos. Por um lado todos formam. Não apenas Barça e Madrid. Outros clubes como Sevilha, Atlético de Madrid ou Málaga, Valência, entre outros, também se destacam na formação de jogadores. Não são apenas 3 grandes clubes a formar. Por outro lado, as equipas B são uma realidade há muito tempo, e uma série de jogadores sem espaço no Madrid ou no Barça rodam por outras equipas do mesmo escalão.

Mas lá está, esta liga dos pequenos, quer inovar, nem que para isso diminua a competitividade da liga portuguesa (uma vez que os clubes mais pequenos não poderão ter jogadores de tanta qualidade como antes), e pior que isso, que arrisquem o futuro do jogador português e, por consequência o futuro da selecção nacional.

Por isso não falem de que não há sucessão. Eles estão aí. Apresentam resultados. É necessário é que os dirigentes não estraguem o seu futuro.

Jogadores para o futuro da selecção em diferentes sectores (falando só em sub-21, já nem falo dos da geração acima como: Sereno, André Castro, Adrien Silva, André Santos, Manuel Fernandes Helder Barbosa, Hugo Vieira etc)

Guarda redes: Mika e Tiago Maia.

Defesas: João Cancelo, Cedric,Roderick, Nuno Reis, Tiago Ferreira,Pedro Mendes, Mário Rui,Luis Martins.

Médios: André Martins, Danilo, Pelé, Agostinho Cá, João Mário, Sérgio Oliveira (se ainda for a tempo de reconstruir a sua promissora carreira, após alguns precalços, derivados em grande parte à sua atitude.)

Avançados: Wilson Eduardo, Salvador Agra, Nelson Oliveira, Gonçalo Paciência.

Proximamente poderemos assistir à mescla de duas gerações talentosas como a de sub-20 de Ilídio Vale e a de sub-19 de Edgar Borges e o resultado pode ser este:

Mika, Cedric, Nuno Reis, Tiago Ferreira, Mário Rui; Agostinho Cá, Danilo e João Mário; Bruma, Nelson Oliveira e Alex ou Ricardo Esgaio.

Nada mau para uma selecção que após o Mundial do Brasil se arriscava a cair no vazio…

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