sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O Mestre da Culinária

70 Milhões da China entram no Sporting, anunciava na última sexta-feira o Rascord.
 
O negócio está actualmente em fase de auditoria. Provavelmente o pasquineiro queria dizer que os chineses, num intervalo entre duas sandes de escaravelho com presunto, estariam a analisar “a última auditoria” que o Zbórden apresentou aos sócios da lista derrotada, pobres ingénuos, que só queriam saber as verdadeiras razões do descalabro financeiro que estourou com o Capital Próprio. Se for isso que os chineses querem espiolhar, de nada lhes vai servir. Aquela “auditoria” não é uma Auditoria. É apenas, uma compilação de Relatórios e Contas dos últimos anos, uma listagem que qualquer um de nós, interessado por estas minhoquices das continhas, costuma apresentar nos blogues, mas “prontos, isto é um somenos”, siga o andor que o santo quer mijar!
 
Estás a ver? “O teu clube é mais falido do que o meu”, diz Domingos ao Vieira. E aí responde o Vieira: “o nosso Passivo é mais maior grande, mas o Activo também”!
 
Bicada aqui, choradeira acolá, ninguém ousa sequer perguntar se aqueles Activos são vendáveis. Por exemplo os jogadores que estão penhorados pelos Fundos e que só saem com ordens deles, ou o estádio, hipotecado ao BES, muito longe de estar pago.
 
Uma Auditoria não é nada disso. Não é “picar” factura a factura, cheque a cheque, para ver se há erros. Para isso está lá o Conselho Fiscal. Uma Auditoria é muito mais do que conferir números. Deve referir a posição financeira da empresa, verificar os resultados das operações, as oscilações dos fluxos de caixa, e em termos globais verificar se as normas técnicas executadas estão conformes com a legislação.
 
O mais intrigante é que, quando entrevistado, o presidente do clube afirmou que o grande valor deste negócio “está no futebol de formação do Sporting”. Não é que o homem tem mesmo “esperto na cabeça”? Enquanto a “instituição” se comporta como um verdadeiro entreposto que compra carne na Argentina para vender em Espanha e vice-versa, os calimeros vão estrear-se na nobre tarefa de “produtores de enchidos” para a China!
 
Ao contrário do que se pensava, o negócio não contempla a entrada dos investidores como accionistas da SAD, e os 70 milhões serão pagos durante um período de 10 anos.
 
Curiosamente, ou talvez não, parece que os chinocas querem comprar o Clube! Sócios fossilizados como Dias Ferreira esfregam as mãos de contentes, ninguém entende porquê. Se o Clube tem 90% de uma SAD falida, quem está falido não é a SAD é o Clube! Depois do projecto ruinoso de Roquette e Dias da Cunha, das diatribes de Soares Franco, e das aventuras de Bettencourt, Godinho Lopes vai dar a estocada final. Falta pouco para o Sporting, tal como o conhecemos, acabar. Em vez de bifanas e uma cervejola, vamos ter nos bufetes do estádio, entrecosto de gato com insectos salteados, regado a chá verde. Uma das contrapartidas acordadas com o grupo chinês parece ser a concessão de uma percentagem dos lucros gerados com a venda dos jogadores formados (os tais enchidos) na Fábrica de Alcochete, logo que o prato esteja pronto a servir.
 
Godinho Lopes que viria a ficar conhecido durante a EXPO98 pelo ruinoso negócio do rent-a-boat quando se lembrou de alugar 3 paquetes de luxo para clientes que não existiam, envereda agora, pelo ramo do pronto-a-comer. Os novos amigos já estão instalados nas imediações da Casa dos Azulejos, num pagode pré-fabricado. Se a coisa falhar, carregam os enchidos, atravessam a Segunda Circular e vão para o Circo do outro lado. Esses também “acarditam” que o Pai Natal existe.
 
Não sei se esta “parceria” vai encaixar no espírito do fair play financeiro da UEFA.
 
Segundo os regulamentos de licenciamento para as provas europeias, o resultado financeiro da transferência de um jogador só poderá ser contabilizado quando o passe for “permanentemente” vendido a outro clube, o que pode retirar ao resultado líquido, eventuais mais-valias de direitos desportivos alienados a fundos de investimento.
 
A UEFA está a estudar a forma de proibir a participação nas competições europeias de jogadores cujo passe não seja totalmente detido pelo clube.
 
Um Fundo de Investimento “normal” compra uma percentagem do passe dum atleta observado e avaliado por uma comissão de gestão, sempre na expectativa de produzir mais-valias. Neste caso “inventado” pelo Mestre da Culinária, parece tratar-se de um adiantamento sobre o fornecimento de produtos (os chouriços) que ainda não existem. Vamos ver se este cozinhado não vai, como de costume, pela banca abaixo.
 
Até à próxima

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