terça-feira, 2 de outubro de 2012

Sonolência combate-se com irreverência.

Tal como em muitos jogos da época passada, e naquilo que vem sendo uma espécie de imagem de marca do Porto de Vítor Pereira, o Porto em Vila do Conde perdeu 2 pontos por adormecer no jogo, confundindo o controlar o jogo, com o perigosamente desligar-se do jogo.
 
Já na época passada em vários jogos vimos o Porto entrar com falta de atitude, com enorme passividade e sem intensidade competitiva, dando várias vezes uma parte de avanço aos adversários, tentado depois correr atrás do prejuízo e acordando tarde.
 
Desta vez a sonolência no jogo do Porto instalou-se após uma vantagem obtida na 1ª parte

São por demais conhecidas por todos os portistas as limitações de Vítor Pereira no que diz respeito à capacidade de fazer passar a mensagem aos jogadores e ser capaz de ter liderança carismática. É algo a que teremos que nos habituar e que já contávamos quando a Sad optou por manter o treinador mesmo após uma época algo acidentada como a época passada O Porto mantém a sua montanha russa exibicional, alternando bons momentos com jogos em que simplesmente a letargia toma conta do colectivo sem que de fora se sinta que alguém os desperta.
O que mais me consterna é ver o treinador do F. C. Porto no final do jogo dizer que ele também não sabe o que se passou com a equipa… Não é um discurso que um treinador do Porto deva ter. Por pouco pareceu o treinador do Sporting, o próximo rival do Porto no campeonato. Mais preocupante ainda é quando estes erros comportamentais colectivos não são episódios isolados, já foram tão repetidos desde a época passada para se poderem considerar quase um comportamento padrão na forma da equipa abordar a competição.

Afortunadamente a equipa tem qualidade, tem boas soluções e quando sintonizada para as exigências e dificuldades que cada jogo oferece, consegue dar uma boa resposta e principalmente cresce quando maior é a dificuldade. Contudo campeonatos também se ganham e perdem em jogos contra equipas como o Rio Ave. Sabendo de tudo isto, a opção de Vítor Pereira para “acordar” a equipa para o jogo foi retirar do jogo o irreverente Atsu, e o comandante Lucho Gonzalez para fazer entrar Varela, um jogador de pausar mais o jogo, mais táctico, do que propriamente um jogador explosivo, e ainda Fernando, um trinco que recuperava de lesão.

Ora Vítor Pereira diz que a equipa já estava mal antes das substituições, mas isso não significa que após as substituições não tivesse ficado ainda pior… Sem Lucho o Porto perdeu definitivamente a clarividência a meio campo e a voz de liderança da equipa em campo e com Varela pouco ou nada acrescentou ao ataque. No banco ficaram Castro e Danilo… Na bancada Kelvin e Iturbe.

Aqui entra a minha dúvida. Num jogo destes, em que a equipa está adormecida, em que os jogadores estão se calhar já a pensar no jogo a meio da semana, qual será a melhor solução? Colocar dois atletas já consagrados e que até sabem que provavelmente vão ser titulares a meio da semana…? Se o jogo está sonolento, e a equipa vai caindo na monotonia, não seria este tipo de jogo o jogo ideal para lançar a irreverência dos miúdos? Substituir mais do mesmo, por jogadores que têm fome de bola, que anseiam por minutos na equipa principal e que disputariam cada lance como se fosse a final da champions, porque querem muito ganhar o seu lugar? Poderiam cometer erros? Obviamente que sim, e a equipa tinha uma magra vantagem…
Mas o que será melhor? Lança-los apenas em jogos em que a equipa já ganha de goleada? A equipa piorou com a entrada de Varela e Fernando, por isso acho que o risco se calhar valeria a pena, mais adormecida a equipa não ficaria certamente. Num jogo destes em que todos estão com a cabeça no próximo jogo, se se quer mesmo combater a sonolência tem que fazer o jogo despertar com a irreverência de quem precisa de facto de se mostrar. Jogadores capazes de colocar o adversário em sentido e isso Kelvin e Iturbe seriam capazes de fazer com a sua qualidade técnica, tal como Castro seria uma excelente opção para voltar a ganhar ascendente a meio campo, pois trata-se de um jogador que disputa cada bola como se fosse a última e que até andou a jogar durante mais de um mês com um dedo do pé partido. Um jogador à Porto, formado no Porto mas que parece que perde relevância por não ser argentino, brasileiro ou colombiano.

Não foi isso que aconteceu. Vítor Pereira achou que para despertar a equipa o ideal seria colocar Varela no lugar de Atsu e retirar Lucho do jogo para colocar Fernando…

Outra questão importante que Vítor Pereira deixou escapar foi a da arbitragem

Vítor Pereira no pré-jogo disse que não seria “o anjinho na romaria” e que quando fosse prejudicado não ficaria calado. Ora, já vi muitos portistas a dizerem que o Porto fez bem em não se queixar do árbitro para marcar pela diferença, até porque assim admite os erros próprios.

Ora tenho que estar em desacordo. E os jornais desportivos do dia após o jogo acho que apenas reforçam ainda mais a minha opinião. O Porto jogou mal ? Jogou. Perdeu dois pontos por culpa própria? Sim, mas não só… Ficaram dois penaltis por marcar. Um na 1ª parte sobre Atsu e outro na 2ª ainda mais claro sobre Kleber. O Benfica chorou após o jogo com a Académica e recolheu os benefícios logo na jornada seguinte passando no difícil campo do Paços de Ferreira com dois penaltis por assinalar a favor dos da casa por falta de Maxi Pereira.

O Sporting tem vindo a queixar-se das arbitragens e com o Estoril viu-se a jogar contra 10 de forma claramente forçada pela equipa de arbitragem, permitindo assim que o Sporting empatasse, esquecendo também de marcar um penalti a favor do Estoril na 1ª parte…
O Porto devia ter-se queixado da arbitragem. Queixar-se de si próprio primeiro, obviamente, mas não esquecer de alertar para o facto dos 4 pontos que o Porto perdeu neste campeonato, terem sido perdidos em jogos em que a equipa de arbitragem teve influência. Em Barcelos um penalti escandaloso sobre Kleber, e agora mais dois. E que se os jornais deram eco à arbitragem de Xistra no jogo do Benfica, deveriam também agora referir que o Porto devia estar isolado na liderança. O Benfica tanto falou de árbitros mas convém que alguém diga que no melhor dos mundos, sem erros de arbitragem, o líder isolado deste campeonato só com vitórias seria o F. C. Porto. O Benfica perdeu pontos com o Braga e ainda foi beneficiado ao jogar indevidamente contra 10 (um costume já para os lados da Luz), e teria perdido pontos com o Paços também, isto dando de barato os 3 pontos do jogo de Coimbra que esteve longe de ser o escândalo que o Benfica quis transformar.

Neste aspecto não podemos mesmo ser os “anjinhos”. Não podemos deixar que os outros pressionem e retirem os benefícios para depois nós sermos os mais prejudicados e ficarmos todos calados esperando que alguém se queixe por nós… Estamos à espera de quê? Que “a bola”, “record” ou “correio da manhã” façam esse trabalho por nós? É preciso despertar.

1 comentário:

Pedro Silva disse...

Entendo e partilho de alguns pontos da tua opinião, contudo queria só deixar aqui o seguinte comentário:

Eu não gosto muito de entrar no campo das escolhas de Vítor Pereira. Isto porque eu não trabalho com os Jogadores todos os dias e porque não tenho a devida preparação para poder opinar com segurança sobre este tema.

Nesta partida de Vila do Conde o FC Porto entrou bem. Dominou o jogo e até criou oportunidades de golo. O problema foi o intervalo.

E aqui estou de acordo contigo quando dizes que o VP não conseguiu passar a devida mensagem aos Jogadores. Foi notória a falta de empenho e de garra da parte dos Atletas quando estes entraram na segunda parte.

O Homem de Espinho já melhorou alguns aspectos da sua Comunicação com a CS/Adeptos/Clube, mas ainda precisa de trabalhar mais este importante aspecto.

Quanto ao que escreveste sobre Iturbe, Castro e Kelvin, penso que apenas olhaste para um lado da questão. E se a entrada destes Jogadores não trouxesse nada de novo ao jogo?

Tens de ter em especial consideração que os Adeptos do FC Porto não são como os outros. Tem um nível de exigência exagerado e não é a primeira vez que "acabam" com a carreira de um Jogador. Só para te dar um exemplo, o Castro poucas vezes joga e já há quem afirme com uma convicção inabalável que este é para se deixar sair e que há que apostar em outro jovem Jogador. O rapaz ainda nem teve oportunidade de mostrar aquilo que realmente vale e já não serve para alguns Portistas.

Pessoalmente prefiro que o Castro, Iturbe e Kelvin rodem com alguma regularidade na Equipa B e que vão entrando na equipa principal com calma e ponderação. Ou seja, fazer-se mais ou menos o que se foi fazendo com o James.

Quanto às arbitragens já sabes que isto para mim é tema "morto".

Acho muito bem que o FC Porto fale poucas vezes das ditas. Isto porque em 30 anos de queixumes de Benfica e Sporting quem tem levado sempre a melhor é o Futebol Clube do Porto.

Por isto os nossos Jogadores e Treinador que se preocupem em melhorar o que tem de melhorar. O resto é música para calímero ver e aturar.

Aquele abraço!!!