domingo, 10 de março de 2013

A Bomba Millennium

Desta vez parece que rebentou mesmo. Os amigos que habitualmente lêem este blogue sabem que tenho a mania de analisar as contas dos clubes. Deformação profissional, já se vê, embora me atraia um pouco fazer pirraça aos nossos adversários mais directos. Por mais de uma vez “avisei” que quando a Banca fechasse a torneira alguns clubes da treta iriam passar por muitas dificuldades.

A decisão do Millennium acabar com os empréstimos para o futebol pode desencadear um verdadeiro terramoto nos 2 circos da Segunda Circular, bem como, um gravíssimo efeito dominó, mesmo para aqueles clubes que habitualmente cumprem com os seus compromissos. Vamos começar naturalmente pelo mais, maior, grande. Vieira cometeu a proeza de multiplicar o Passivo por 5, durante os 10 anos em que está à frente do clube. No ano em que Vilarinho foi presidente já era ele quem mandava, até o obrigou a atravessar-se com uns “papagaios”, enquanto, o agora renegado, Joaquim Oliveira emprestava dinheiro para comprar cal de marcar o campo, e os salários do plantel.
Vieira conseguiu a proeza de apresentar Resultados Líquidos negativos em 7 anos e Capitais Próprios negativos em 2, sem que algum dos chamados “notáveis” como por exemplo, Jaime Antunes, Luís Tadeu ou Bagão Félix, tenham posto travão naquele descalabro. Pasme-se que este comentador da BOLHA classificou a passagem do estádio para a SAD como “um golpe genial”! Nunca percebeu que só com esta operação a SAD aumentou o Passivo em mais de 100ME. E não me venham para aqui com a conversa da treta, dizer que têm Activos superiores ao Passivo. O estádio ou os campos do Seixal, só serão “verdadeiros” Activos, quando e se, algum dia forem pagos ao BES que abichou 7,97% da SAD por conta dos créditos que ali detinha, a Somague que teve que se contentar com 3,73% ou o Joaquim Oliveira que chegou a ter mais de 6%.
Com a “instituição” na corda bamba, os terrenos para o estádio que apenas podiam ser destinados a “fins desportivos” foram adquiridos pela CML para depois os voltarem a doar com os planos duma urbanização aprovados, e a EPUL a trabalhar de borla na construção. A falcatrua foi de tal ordem que o Tribunal de Contas ainda hoje anda às voltas com o caso. Santana Lopes, à altura presidente da CML, atirou o assunto para cima de Carmona Rodrigues e, em vez de o meterem na cadeia por gestão danosa, convidaram-no para provedor da Santa Casa da Misericórdia.
Naquela época uma colega de partido aceitou uns papéis a que chamavam acções, sem qualquer valor comercial como garantia de dívidas fiscais, tudo a Bem da Nação, claro. Também não consigo compreender o arrotar de mentiras e basófias, proferidas pelo execrável palermoide que representa o clube da treta no Dia Seguinte, nomeadamente quando refere que "o problema do Benfica não é de dinheiro".

Coincidência das coincidências: além de terem um Passivo Financeiro de 254M€ e como o BES ainda não lhes cortou o vício da pedinchice deram-se ao luxo de anunciar aos pacóvios que ainda “acarditam” naquilo, mais um Empréstimo de 80M€, como de costume, para empurrar o Passivo para a frente.

Acho muita piada aos benfiquistas que se atrevem a comentar os Relatório e Contas semestrais ou anuais quando, perante o descalabro daquele Passivo monumental, falam orgulhosamente em “contas consolidadas”. Alguns pensam que o Benfica/Clube inclui ali as suas Contas. Estão redondamente enganados. Uma coisa é o Clube com 113M€ de Passivo, outra é a SAD com 393M€ onde as sociedades efectivamente ali consolidadas são: Benfica Estádio; Clinica SLB; Benfica TV; Benfica Stars Fund e Benfica Seguros, todas elas com resultados negativos à excepção da Benfica Clínica. São os tais 500M€ de Passivo, de que se fala, numa sociedade que tem de Proveitos Operacionais 50M€.
Os chamados Activos Intangíveis (passes dos atletas) estão em grande parte nas mãos dum fundo o ESAF/BES no qual a Benfica SAD investiu uma pequena percentagem. Contratos de Publicidade, Bilheteira, Quotas, e outros Proveitos Operacionais, foram dados como garantia a outros Bancos que (ainda) financiam a “instituição”.

É a deixa para falar de outro filme, Dances With Lions. O resultado do primeiro semestre (desde 1 de Julho até 31 de Dezembro de 2012) foi negativo em 22M€. O Capital Próprio apresenta um resultado negativo de 97M€, enquanto o Activo é de 146M€ e o Passivo 243M€.
Parte significativa dos proveitos de exploração do Sporting resulta de contratos de cedência dos direitos de transmissão televisiva e contratos publicitários. Os principais accionistas da SAD são: o Sporting Clube de Portugal com 25,28%; a SGPS com 64%; e Joaquim Oliveira com 5,47%. O plantel a 30 de Junho de 2012 era constituído por 26 jogadores e estava avaliado em 40,2M€. A SAD recebia 75% do valor das quotizações mas, desde 1 de Outubro de 2012, recebe apenas 25% provocando um decréscimo das suas receitas. A dívida financeira é de 116M€ para um Passivo Total de 220M€ isto, claro, sem incluir as diversas sociedades que formam o Grupo Zbórden.
Segundo o presidente, são necessários 25M€ no final deste mês e mais 40M€ até ao final da época para resolver compromissos com credores, e atletas, com os Proveitos Operacionais a baixar todos os dias, os passes dos atletas espalhados por vários fundos, e o valioso Património Imobiliário se ter desvanecido sem ninguém saber como.

António Raposo Subtil, o advogado especialista em questões de insolvência afirma no jornal Vida Económica que esta situação “não é necessariamente uma sentença de morte”, antes uma oportunidade para manter no mercado uma determinada sociedade comercial, com a dívida reestruturada”. Considera ainda que “a generalidade das empresas só muito tardiamente procurou ajustar a estrutura do passivo à sua real capacidade financeira”. Estaria a pensar em alguma SAD nossa conhecida?
Já agora atrevo-me a uma dica: deixem-se de armar aos fidalgos arruinados e adiram quanto antes ao programa “Revitalizar”! É fácil, é barato, e dá milhões…

Até à próxima.

Fotomontagens de José Lima

Sem comentários: