Fim de linha na Europa para o FC Porto, que esta quarta-feira caiu em Málaga, por 2 x 0, na segunda mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, depois da vitória pela margem mínima no Estádio do Dragão. Isco, na primeira parte, e Roque Santa Cruz, na segunda, ditaram a sentença amarga para os Portistas.
Vítor Pereira não escondeu no “onze” e no esquema táctico que havia preocupação em equilibrar as contas no centro do terreno; por isso, João Moutinho voltou à equipa para integrar o losango Portista formado por Fernando, Steven Defour e Lucho González. A Ideia foi abandonada ao intervalo com a entrada de James Rodríguez para o lugar de João Moutinho, mas a expulsão de Steven Defour, no arranque da segunda parte, atirou o FC Porto em definitivo para o caminho do suplício
A viagem vertiginosa rumo ao abismo começou na falsa ilusão de um controlo sobre o Málaga. O FC Porto entrou com sentido de pressão e posse de bola, roubando-a aos Espanhóis e refreando as bancadas escaldantes do La Rosaleda. Durante meia hora pressentiu-se uma noite personalizada e de controlo Portista, mesmo que faltassem lances de verdadeiro perigo. Um remate de Danilo (9’), de ângulo difícil e por cima, foi o mais perigoso, para lá de dois remates sem direção de Lucho (27’) e Defour (29’).
Dobrada a meia hora, veio o cabo dos tormentos. O FC Porto abrandou, o Málaga cresceu e o jogo nunca mais seria o mesmo. Isco, Iturra e Toulalan reclamaram mais bola mas seria do Português Antunes o primeiro grande sinal de perigo; uma «bomba», aos 35 minutos, que Helton desviou com uma palmada para canto.
O clima aqueceu para o FC Porto cinco minutos depois, quando o ex-Benfiquista Saviola encostou para o suposto golo inaugural. Os festejos do Argentino foram interrompidos pela péssima decisão de Nicola Rizzoli, que invalidou o golo por alegada falta de Júlio Baptista sobre Helton; nada mais errado, uma vez que foi Danilo a empurrar o avançado do Málaga que, mesmo assim, nem chegou a tocar no guarda-redes Portista.
Era o adiar do inevitável, que chegou aos 43 minutos. Isco puxou da corda e de meia distância «engavetou» a bola no ângulo superior direito da baliza de Helton. Um grande golo que liderava o Málaga na partida e empatava uma eliminatória que Defour complicou para as cores do Dragão, no quarto minuto da segunda parte, ao ser expulso.
Não foi um sufoco Espanhol, longe disso, aquele que se seguiu à redução numérica na equipa do FC Porto. Mas as boas intenções de James Rodríguez ou Atsu na tentativa de esticar o jogo Portista pecaram numa manta quase sempre demasiado curta; ainda assim, como ficou perto Jackson Martínez do alívio, aos 75 minutos, quando desviou por cima com o bico da bota um livre de James Rodríguez. E aos 81 minutos ainda houve um laivo de esperança, mas o golo de Maicon não contou por fora-de-jogo; e bem.
Imune ao sufoco, o castigo chegou para o FC Porto nos detalhes de uma bola parada. O canto do minuto 77 foi mesmo o do cisne para a equipa Portuguesa, porque Roque Santa Cruz elevou-se para o golpe de cabeça fatal no sonho milionário do FC Porto, mesmo que a reacção do Dragão tenha sido repleta de fé e entrega, assente numa inferioridade numérica abnegada mas sem o momento que evitasse a despedida europeia.
Melhor em Campo: Danilo
2 comentários:
Parabéns pelo discernimento. Nem todos conseguiam ser tão honestos. Sinceros parabéns pela análise que fez ao jogo.
Decepção completa. Pelo resultado, pela exibição, pela eliminação e pelo estado do futebol actual da equipa.
Há já alguns jogos que o FC Porto vem denotando descida de forma, jogando um futebol lento e previsível. Talvez seja o cansaço dos jogos acumulados a causar desgaste físico e psicológico.
Ontem, mais uma vez, os Dragões estiveram uma sombra de si mesmos, em grande parte do encontro.
Entraram relativamente bem no jogo conseguindo neutralizar as frágeis investidas ofensivas contrárias, porém não conseguiu dar profundidade ao seu jogo e nas poucas ocasiões para atirar à baliza fez-lo de forma deficiente (Danilo e Defour).
Depois foi perdendo o controlo e a partir do golo anulado a Saviola, em lance em que a defesa andou às aranhas, com Helton a largar uma bola que era sua, a equipa perdeu consistência, abanou e caiu.
A perder 1-0 ao invés de acalmar e explorar as fragilidades do adversário, voltou a cometer erros de palmatória com Defour a ser bem expulso e a hipotecar de vez a continuidade na prova.
Já a perder por 2-0 e com menos um jogador, é verdade que os jogadores não baixaram os braços e procuraram marcar o golo da redenção.
O jogo ficou obviamente partido. Pedia-se ao FC Porto clarividência, inteligência e espírito de sacrifício. Houve algumas destas qualidades mas pouca precisão.
Era importante que os passes longos fossem cirúrgicos, tele-guiados e milimétricos.
Das várias tentativas,três cumpriram estes desideratos: No primeiro Jackson que se desmarcou primorosamente, aparecendo na cara do guarda-redes, falhou a direcção e a bola perdeu-se junto ao poste; Nos outros dois a bola chegou a beijar as redes, mas quer Maicon quer Jackson estavam em fora de jogo.
Resta-nos lutar pelo Campeonato Nacional, mas a dúvida que fica é se esta equipa tem ainda estofo para ser campeão.
Um abraço
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